A dedicação incansável das missionárias da Consolata na Guiné-Bissau

Um sorriso para mães e crianças

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27 outubro 2020

Quando se recorre à compaixão irrevogável de Deus pelas criaturas vulneráveis, quando se transmite a intensidade da sua presença, acontecem maravilhas: talvez invisíveis do ponto de vista mediático, mas sempre existencialmente decisivas. Ocorrem em todos os lugares, inclusive na Guiné-Bissau, um pequeno país africano de 1.800.000 habitantes. Ali, há mais de trinta anos, para milhares de mulheres e crianças a vida renasce, o desânimo dá lugar à esperança, o futuro torna-se promissor, tudo graças à dedicação de dez missionárias da Consolata, de 50 a 88 anos de idade, guiadas pela irmã Giovanna Panier, 73 anos, residente em Bor, conselheira da região africana da congregação.

Subdivididas em comunidades situadas em três localidades diferentes — além de se dedicar à atividade pastoral nas paróquias de pertença — as religiosas abriram um centro de promoção feminina em Bor, subúrbio da capital Bissau, e — a pedido da Cáritas nacional — gerem dois núcleos de recuperação nutricional: um no sul, em Empada, do qual dependem as crianças subalimentadas provenientes de mais de oitenta aldeias; o outro na ilha de Bubaque, onde são atendidas as crianças residentes nas ilhas que compõem o arquipélago de Bijagós. Os centros dispõem de dois dispensários, que asseguram à população remédios a preços realmente moderados. A todas estas atividades acrescenta-se a obra de formação de professores e alunos nas escolas secundárias de Empada e Bor (com 1.300 alunos) e no jardim de infância de Empada.

Para debelar a subalimentação infantil, ainda muito difundida na Guiné-Bissau, coadjuvadas pelos seus colaboradores, as religiosas exercem um duplo trabalho: vão regularmente aos povoados e ilhas para visitar e pesar as crianças, instruem as mães sobre os princípios da nutrição adequada, convidando-as a levar os filhos desnutridos aos dois centros de reabilitação. «As crianças são atendidas com terapias específicas, com uma dieta à base de leite e com refeições particularmente nutritivas, feitas com produtos locais», disse a irmã Giovanna. «Mediante encontros diários, ensinamos também as mães a preparar estas refeições e esforçamo-nos para fazer com que compreendam a importância de assegurar uma alimentação correta aos filhos».

Na Guiné-Bissau há grande pobreza, mas esta não é a única causa da subalimentação infantil. Presta-se pouca atenção à alimentação das crianças; há também algumas crenças, que as missionárias se esforçam por erradicar, mas que ainda subsistem em várias aldeias. Por exemplo, acredita-se que o leite de vaca ou de cabra é destinado apenas a bezerros e caprinos, nunca às crianças. Embora o número de crianças subalimentadas seja elevado, ano após ano o trabalho educativo levado a cabo pelas religiosas dá bons frutos: sem ser convidadas, um número sempre crescente de mães trazem os filhos espontaneamente aos centros, concordam em usar leite de vaca e de cabra e desejam aprender os princípios de uma nutrição correta. E, no caso de nascimentos de gémeos, muito frequentes, cuidam dos dois filhos. «Infelizmente — recordou a irmã Giovanna — até há alguns anos acontecia com muita frequência que se deixava morrer o segundo filho, porque as mães estavam convencidas de que não conseguiriam alimentá-lo nem criá-lo. Trabalhamos incansavelmente para dar a entender que a vida do segundo filho é preciosa, digna de amor e de cuidados, tal como a do primeiro. Educando e acompanhando as mães, sem as deixar sozinhas, conseguimos mudar a situação».

Na Guiné-Bissau, a responsabilidade da família pesa inteiramente sobre os ombros das mulheres, que são pouco consideradas e trabalham arduamente: são elas que devem assistir e manter os filhos, ir buscar água e lenha para as necessidades diárias da família, gerir as bancas de mercado e cuidar da horta. Com a finalidade de sensibilizar as mulheres para o seu valor e as suas competências, as missionárias da Consolata fundaram em Bor um centro de promoção da mulher, que oferece uma série de cursos à tarde: corte e costura, bordado, tingimento de tecidos, artesanato, culinária, educação religiosa, moral e cívica. No final dos seus estudos, as jovens conseguem satisfazer melhor as necessidades das suas famílias e abrir pequenas empresas. As religiosas apoiam os seus projetos, ajudam-nas também financeiramente e encorajam-nas a ir sempre à escola. «Para nós é uma alegria acompanhá-las, ajudá-las a descobrir os seus talentos e ver como muda lentamente a sua visão da vida e de si mesmas», frisou a irmã Giovanna. «Se o desejam, sentimo-nos felizes por dissipar os medos com que muitas vivem por causa da própria fé: na Guiné-Bissau, os numerosos seguidores da religião tradicional acreditam num Ser supremo que tem mediadores, os espíritos, que em qualquer momento podem prejudicar os seres humanos e, por isso, devem ser constantemente adulados com ofertas e sacrifícios. É comovedor ver o alívio e a alegria que as pessoas sentem, tendo vivido sempre com medo dos espíritos,  quando descobrem Jesus e o seu amor incondicional, quando encontram o Senhor, que é sempre inimigo de todas as formas de maldade que afligem as suas criaturas».

Cristina Uguccioni