«A vocação é como uma música muito simples através da qual a mensagem do Evangelho pode ser levada para todo o lado». Uma devoção a Deus que corre sobre as notas da fé e que irmã Maria Amélia Costa, portuguesa de 73 anos, franciscana hospitaleira da Imaculada Conceição há mais de cinquenta anos, expressou com álbuns musicais nos quais, ao piano ou com a viola, há canções de inspiração cristã. «Num momento forte de espiritualidade — disse a religiosa à agência Ecclesia — durante um retiro com as irmãs, dei por mim a compor algumas coisas sem me aperceber do que eram». Depois, como que envolta num rio místico, «compreendi que estava a nascer uma canção e que esta era uma vontade que vinha do alto». Assim, saiu o primeiro álbum, seguido por outros até ao último intitulado Perto da praia, perto do mar.
«A chamada de Jesus tem muito a ver com o mar», explica a irmã Maria Amélia, «e também com a viagem, a partida». Nesta passagem há a referência à minha chamada, o primeiro sim, expresso nos versos «Conhecia a tempestade, conhecia o mar agitado, mas também o mar calmo». Por conseguinte, o mar como metáfora da vida, que a viu tornar-se, aos 21 anos, uma professora de educação moral no instituto de São José em Vila Real e empenhada na pastoral juvenil; uma época em que o amor pela música entrava lentamente no seu coração. «Queria ser como os cantores-compositores nacionais da época», revelou: «Comecei a estudar piano mas não podia levá-lo comigo nos encontros com os jovens. Assim aprendi a tocar viola, o que foi muito fácil de manejar, praticando com um aluno que me desafiou a fazer cada vez melhor».
Professora e compositora: aspetos fundamentais que têm contado e contam muito na sua criação artística. «Mas a minha música não é “personalizada” — especifica a religiosa — e de facto pergunto-me frequentemente se uma frase “bombástica” do Papa Francisco representa uma mensagem a ser traduzida em versos».