· Cidade do Vaticano ·

Visita ao Observatório do Vaticano e diálogo telefónico com Buzz Aldrin

Leão XIV comemorou a chegada à Lua

 Leão XIV comemorou a chegada à Lua  POR-009
03 setembro 2025

Fabrizio Peloni

Apartir do “seu” Observatório em Castel Gandolfo, utilizando o telescópio Schmidt colocado no interior de uma cúpula nos jardins das Vilas Pontifícias, a 20 de julho de 1969, Paulo VI seguiu com grande atenção a chegada à Lua, enviando uma mensagem aos astronautas da Apollo 11. «Honra, saudação e bênção para vós, conquistadores da Lua, pálida luz das nossas noites e dos nossos sonhos! Levai-lhe, com a vossa presença viva, a voz do espírito, o hino a Deus, nosso Criador e nosso Pai. Estamos perto de vós com os nossos votos e as nossas orações». Com estas palavras, em seu nome e em nome de toda a Igreja, Montini saudava toda a tripulação.

Cinquenta e seis anos depois, em memória daquele dia histórico, às 22h15 de domingo, 20 de julho, na sua conta X @Pontifex, Leão XIV anunciou que tinha falado «com o astronauta Buzz Aldrin — o segundo homem a ter pisado o solo lunar, depois do comandante Neil Armstrong (ndr). Pudemos partilhar a memória de uma proeza histórica, um testemunho do engenho humano, e meditar juntos sobre o mistério e a grandeza da Criação». Por sua vez, o astronauta norte-americano, atualmente com 95 anos, disse no post de resposta que se sentia honrado e comovido por receber a bênção do Papa Prevost, concluindo que juntos «rezaram pela boa saúde, uma vida longa e a prosperidade para toda a humanidade».

A Sala de imprensa da Santa Sé, através do Telegram, informou que, durante a conversa, o Pontífice partilhou com Aldrin «a memória de um feito histórico, testemunho do engenho humano e, com as palavras do Salmo 8, meditaram juntos sobre o mistério da Criação, a sua grandeza e a sua fragilidade. Antes de terminar a chamada, o Papa abençoou o astronauta, a sua família e os seus colaboradores».

E pelo mesmo motivo, no domingo, depois do Angelus, o Pontífice deslocou-se às duas cúpulas do terraço do Palácio pontifício, no Observatório astronómico, que foi transferido para Castel Gandolfo em 1935, por vontade de Pio XI. Com efeito, precedentemente, respondendo às persistentes acusações de obscurantismo em relação à ciência dirigidas à Igreja, fora Leão XIII, com o Motu proprio Ut mysticam de 14 de março de 1891, que refundara o Observatório na colina do Vaticano, atrás da basílica de São Pedro.

Assim, acompanhado na sua visita ao Observatório pelo jesuíta e compatriota Padre David Brown, o Papa pôde observar o céu a partir do histórico telescópio Visuale da empresa Zeiss, que se encontra no interior do Observatório astronómico desde 1935. «Uma máquina que ainda funciona bem, embora já não seja utilizada para a investigação moderna, para a qual utilizamos o Telescópio de tecnologia avançada do Vaticano (VATT), instalado no deserto do Arizona, a quatro horas da cidade de Tucson, nos EUA», explicou o sacerdote. E, surpresa das surpresas, ao meio-dia uma parte da Lua era claramente visível no céu a oeste. «Um acontecimento não muito frequente, definitivamente ainda mais invulgar na presença do Papa», contou aos meios de comunicação do Vaticano, quase divertido, o sacerdote que a 16 de junho, na qualidade de Decano da edição 2025 da escola de verão do Observatório do Vaticano, tinha acompanhado os jovens estudantes à Sala do Consistório para o encontro com o Pontífice. «Com a vossa busca de conhecimento, cada um de vós pode contribuir para a construção de um mundo mais pacífico e justo», tinha dito o Papa na ocasião, dirigindo-se aos 24 astrónomos de todo o mundo.

«Uma vez aberta a cúpula, o Santo Padre mostrou-se muito interessado, querendo saber a história e o funcionamento do telescópio que nos preparávamos para utilizar e se as imagens dos corpos celestes observados estavam invertidas», continuou o jesuíta, sublinhando que «em geral, durante o dia, os objetos celestes não são visíveis, devido ao vigor da luz solar»; mas, de vez em quando, a Lua também pode ser vista durante o dia, gerando um sentimento de maravilha mesmo naqueles que a observam a olho nu».

Durante a visita ao Observatório, o Papa encontrou-se também com o superior da comunidade jesuíta do Observatório do Vaticano, o sacerdote indiano Richard D’Souza, e «este seu forte interesse pelo nosso trabalho ao serviço da Igreja no campo da astronomia é um privilégio para nós — acrescentou o padre Brown — pois mostra que existe harmonia entre a religião, entre a fé e a ciência».

O jesuíta recordou também o empenho constante do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano a favor do Observatório, de modo a permitir que o Observatório astronómico «prossiga o desejo de Leão XIII de ter uma Igreja que contribua para o conhecimento do mundo e do universo, apoiando, sustentando e suportando as ciências». Assim, hoje os astrónomos do Observatório estudam as estrelas, os meteoritos, a origem das galáxias, a cosmologia, procurando compreender a complexidade do universo e a vida fora do sistema solar.