· Cidade do Vaticano ·

Octogésimo aniversário do bombardeamento atómico

Hiroshima e Nagasaki, “advertências vivas” de “horrores profundos”

 Hiroshima e Nagasaki, “advertências vivas” de “horrores profundos”  POR-009
03 setembro 2025

Edoardo Giribaldi

«Apessoa de amor é a pessoa de coragem». O Papa Leão XIV citou as palavras de um dos  hibakusha,  sobreviventes dos bombardeamentos atómicos realizados pelos Estados Unidos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki a 6 e 9 de agosto de 1945, respetivamente, no final da segunda guerra mundial. Ele citou-as para realçar que a «verdadeira paz» exige a ousadia de «depor as armas», especialmente as nucleares, «que têm a capacidade de causar catástrofes indizíveis».

O Papa escreveu a D. Alexis Mitsuru Shirahama, bispo de Hiroshima, no octogésimo aniversário dos atentados que ceifaram dezenas de milhares de vidas. Expressou «respeito e afeto» pelos sobreviventes, cujas histórias de perda e sofrimento representam uma «chamada urgente» à construção de «um mundo mais seguro» e à promoção de um autêntico «clima de paz». 

Oitenta anos depois, Hiroshima e Nagasaki permanecem ainda «recordações vivas» dos «profundos horrores» causados pelas armas atómicas. «As suas ruas, escolas e habitações — escreveu o Papa — ainda carregam as cicatrizes, visíveis e espirituais, daquele fatídico agosto de 1945».

«Neste contexto, desejo reiterar com veemência as palavras frequentemente proferidas pelo meu amado predecessor, Papa Francisco: a guerra é sempre uma derrota para a humanidade».

«A pessoa que ama é a pessoa corajosa que não leva armas», escrevia Takashi Nagai, médico e escritor japonês, sobrevivente dos ataques atómicos. O Papa citou-o para reafirmar que a paz autêntica exige a rejeição de todos os dispositivos explosivos, especialmente as armas nucleares, que «ofendem a nossa comum humanidade e traem a dignidade da criação, cuja harmonia somos chamados a proteger».

Citando novamente Francisco, Leão XIV definiu Hiroshima e Nagasaki «símbolos da memória» num tempo marcado por «crescente tensão e conflito global». Esses lugares exortam-nos a rejeitar a «ilusão» de uma «segurança» fundada na ameaça de «destruição recíproca garantida».

Em vez disso, devemos forjar uma ética global enraizada na justiça, na fraternidade e no bem comum.

O Pontífice faz votos de que o aniversário dos bombardeamentos sirva como uma chamada à comunidade internacional para renovar o seu compromisso com a busca de uma paz duradoura, compartilhada por toda a humanidade. Essa mesma paz que o Pontífice definiu na sua primeira Mensagem  Urbi et Orbi,  como «paz desarmada e desarmante».