· Cidade do Vaticano ·

Da Santa Sé

Uma “família” ao serviço da Sé Apostólica

 Uma “família” ao serviço  da Sé Apostólica  POR-008
02 julho 2025

Tiziana Campisi

Um pequeno povo com mil rostos, pessoas de diferentes nacionalidades, leigos, religiosos, consagradas, prelados e depois cardeais, bispos e arcebispos. Foi o povo da Santa Sé — juntamente com o Papa ao serviço da Igreja — que viveu a 9 de junho o seu Jubileu.

Respirava-se um clima de festa naquela manhã na Cidade do Vaticano; muitos funcionários com os seus familiares, religiosas com as suas irmãs de hábito, grupos de sacerdotes que, das várias entradas do pequeno Estado, atravessando avenidas e ruelas, se dirigiram para a Sala Paulo VI, onde no átrio estava previsto o primeiro momento: a celebração do Sacramento da Reconciliação.

Vários presbíteros, de diversas línguas, estavam disponíveis para quem se quisesse confessar. Duas filas, compostas, que lenta e silenciosamente se dissolveram diante dos “confessionários”, espaços simples onde se sentavam os confessores com uma cadeira ao lado.

À entrada da Sala, podia-se ver uma família numerosa e variada. Leão XIV chegou pouco antes das 10 horas, apertou a mão a algumas pessoas com deficiência e cumprimentou vários purpurados nas primeiras filas. Alguns minutos depois, a irmã Maria Gloria Riva, das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, propôs uma meditação sobre a esperança: como mantê-la viva? A religiosa — que vive há dez anos na República de São Marinho, um dos pequenos Estados cujo valor «num mundo globalizado é hoje preciosíssimo» — sublinhou que devemos esforçar-nos por ser homens e mulheres de paz e unidade, mesmo que vivamos conflitos interiores, por olhar para a Eucaristia e conservar no tempo as iluminações do Espírito Santo. «Salvar-nos-á a grande beleza da cruz perdedora», concluiu, porque «a esperança nasce onde as lágrimas da dor e do arrependimento fecundam a alma na humildade e na novidade de vida».

E foi precisamente a Cruz a protagonista do momento seguinte. Ao Pontífice foi entregue a cruz de madeira das peregrinações deste Jubileu. A fazê-lo uma jovem voluntária que envergava o colete verde que permite individuar aqueles que realizam o serviço de acolhimento dos fiéis durante este Ano Santo. E foi o próprio Leão XIV que abriu a procissão em direção à basílica de São Pedro para conduzir os cinco mil participantes até à Porta Santa. Atrás dele, o arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a evangelização e organizador do Jubileu, e os cardeais participantes, entre os quais Pietro Parolin, secretário de Estado, Giovanni Battista Re, decano do colégio cardinalício, e Leonardo Sandri, vice-decano. Um percurso diferente do de muitos peregrinos que todos os dias atravessam a via della Conciliazione para chegar à basílica do Vaticano. Em oração, enquanto um coro entoava as Ladainhas dos Santos, muitos funcionários da Santa Sé deixaram a Sala Paulo VI, seguindo o Pontífice, e passaram pelo Arco dos Sinos.

Uma multidão composta que chegou, depois, à praça de S. Pedro, no adro da basílica, para se dirigir à entrada. A passagem pela Porta Santa decorreu em recolhimento, meditando e rezando. Pouco depois, teve início a missa, com o Pontífice precedido pelos eclesiásticos da Cúria romana. «Vivemos hoje um dia especial», sublinhou o bispo de Roma na sua homilia. E assim foi vivido por muitos. Uma religiosa do Dicastério para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica descreveu aos meios de comunicação do Vaticano a emoção e a alegria deste Jubileu da Santa Sé por se ter sentido em família, para além de um dia de trabalho. «Senti fortemente que trabalhamos deveras para a Igreja, trabalha-se para a Igreja e trabalha-se todos juntos», explicou. Um dia histórico para uma funcionária dos Museus do Vaticano, que também viveu o Jubileu de 2000 com a Santa Sé: «É um dia especial, de reflexão», reconheceu.

Um eclesiástico focou-se na imagem do Papa que atravessou a Porta Santa, «como o bom pastor, que levou a cruz e todos nós atrás dele, caminhando para isto, para atravessar, por nossa vez, o limiar da basílica juntos. Este símbolo foi verdadeiramente belo, comovente».

Sentimentos semelhantes foram descritos por uma funcionária da Obra Romana de Peregrinações: «Sentiu-se a unidade — confidenciou a mulher — porque cada escritório, operacionalmente separado, está ligado aos outros e trabalha em sinergia. Uma grande família».