Onde a teologia encontra a mudança: o desafio africano para a igualdade de género

Imaginai um cruzamento de crenças, culturas e compromisso social onde a teologia se entrelaça com o ativismo para promover uma mudança concreta. É este o espírito da Pan African Faith & Gender Justice Conference, um evento bienal de diálogo inter-religioso organizado pelo Institute for Faith and Gender Empowerment (IFAGE). Desde 2017, oferece espaços seguros para o diálogo sobre questões difíceis, como a violência e a discriminação de género nas comunidades religiosas, promovendo uma releitura inclusiva dos textos sagrados para fomentar reconciliação e justiça.

A quinta edição terá lugar em Nairobi, no Quénia, de 17 a 19 de setembro de 2025, na St. Paul’s University. O tema escolhido, Mutuality in God, a Faith Response for Peace & Gender Reconciliation, convida à construção de relações baseadas na paridade e na inclusão. Cerca de 250 delegados de vários países participarão em pré-conferências, exposições e sessões plenárias, todas destinadas a formar líderes religiosos capazes de incidir na mudança social.

As mulheres são o coração pulsante da Pan African Faith & Gender Justice Conference, redefinindo o debate sobre a justiça de género. Esther Mombo, uma perita anglicana em teologia contextual africana, e Nontando Hadebe, uma académica católica de teologia feminista, conduzem o debate, reinterpretando as Escrituras para afirmar a igualdade e a dignidade das mulheres. Ao lado delas, figuras como a Bispa Rose Okeno, a primeira mulher bispo da Igreja Anglicana do Quénia, e ativistas como Wangari Ngunjiri e Emily Nielsen Jones testemunham a força da liderança feminina na promoção da mudança.

O impacto da conferência vai muito além do debate académico: promove uma justiça social concreta reforçando alianças entre as comunidades religiosas, sociedade civil e organizações de desenvolvimento, apoiando redes contra a violência de género e fomentando um diálogo estratégico. Considerada um dos eventos mais influentes sobre o tema, demonstra como uma fé inclusiva pode ser um motor de transformação social.

Em Itália, o debate sobre fé e género ainda está em evolução. Esta experiência africana oferece um exemplo concreto de como os líderes religiosos podem abordar com coragem questões de justiça e inclusão. A conferência não é apenas um evento, mas um apelo global e um laboratório prático para a construção de um mundo mais equitativo, dialogante e enraizado na fé.

Miriam Francesca Bianchi
Docente, candidata a doutoramento em Teologia