· Cidade do Vaticano ·

A bondade que atrai

14 maio 2025

Andrea Monda

Desde 21 de abril passado, todos os olhos do mundo estão fixos no menor Estado do mundo. É o que acontece quando morre um Pontífice e a Igreja católica está prestes a eleger o sucessor. Como se explica isto? Porquê tanta atenção?

Talvez a troca de impressões que se afirma ter ocorrido entre Paulo VI e Giuseppe Prezzolini possa dar uma indicação útil. O Papa Montini perguntou ao escritor italiano: «Declara-se distante da Igreja! O que sugere para aproximar os distantes da Igreja?». «Santo Padre, só há um caminho: preparar pessoas humildes e verdadeiramente bondosas, pois só a bondade atrai. De pessoas cultas há demasiadas, de pessoas inteligentes há demasiadas. Mas não são elas que tornam o mundo bom. A inteligência suscita admiração e a cultura suscita aplausos, mas só a bondade atrai para Deus e impele as pessoas à conversão!».

A bondade atrai. Talvez isto explique a atenção e a curiosidade do mundo pela Igreja. Em todas as pessoas que olham para Roma nestes dias há o sentimento, talvez escondido no fundo do coração, de que por detrás de todos os ritos, liturgias e procedimentos tão fora de sincronia em relação ao mundo e por isso fascinantes, há algo que tem a ver com a bondade (e com a possibilidade de uma conversão). Por isso, esperam que o homem escolhido como líder não seja o mais culto nem o mais inteligente, mas o melhor.

A bondade, ela mesma já “fora de sincronia”, não está em sintonia com o mundo, mas aparece sobretudo como uma contradição, algo que vai no rumo oposto. Se o mundo caminha segundo os instintos do egoísmo, da autoafirmação e do justicialismo, a bondade que a Igreja prega é a do perdão, da espoliação de si e do amor desarmado pelo outro, pelo diferente, até pelo inimigo. É este absurdo, este paradoxo audacioso e vertiginoso que atrai as pessoas para a Igreja, tanto ontem como hoje.

Até quem vê a Igreja como mera organização de poder sente que a longo prazo esta explicação não se mantém, e que há, deve haver, algo mais que impele os católicos a fazer tudo o que fazem no mundo, dos leigos aos consagrados, dos sacerdotes de periferia aos missionários... não se pode aplicar categorias políticas a todas estas diferentes realidades como se fossem um partido.

E até quem julga a Igreja e a condena por ser culpada do pior pecado, a hipocrisia, típica de quem prega o bem e pratica o mal, de quem difunde a mensagem de amor do Evangelho e depois se comporta de modo incoerente com tal mensagem, manchando-se às vezes de faltas graves, até neste caso de juízo de condenação, que muitas vezes se incrusta até se tornar um preconceito, há em contraluz algo mais que se revela, como a irritação pelas expetativas desiludidas, por um amor traído. Quem condena a Igreja fá-lo, muitas vezes, porque a ama mas está magoado, porque aderiria a tal mensagem mas já não acredita nela devido ao mau testemunho dos católicos. Afinal, se estas pessoas consideram a hipocrisia como o pior dos pecados, fazem-no porque é o próprio Jesus, no Evangelho, que enfrenta com amargura precisamente os hipócritas do seu tempo e, portanto, também do nosso, precisamente porque aquela mensagem sublime e nobre, que todos nós admiramos e gostaríamos de seguir, não obstante tudo, apesar dos próprios católicos, através das suas mãos frágeis, manchadas e sujas, de certa forma chegou até nós. Precisamente graças à Igreja, esposa infiel de Cristo.

É para esta esposa infiel, servo inútil e inadequado, que se voltam os olhos do mundo inteiro, talvez para entrever ainda hoje, na agitação de um mundo confuso, um sinal de esperança.