· Cidade do Vaticano ·

MULHER IGREJA MUNDO

Livros

Pão e Coragem

 Pane  e coraggio  DCM-005
03 maio 2025

Emma tem 14 anos e trabalha numa padaria. Já não é uma criança, mas também não é uma mulher. E, no entanto, acaba por se tornar a primeira testemunha inconsciente, depois consciente e, por fim, ativa da Resistência dos partisans contra as tropas nazi-fascistas, numa Veneza ocupada entre janeiro e abril de 1945. A história contada por Vichi De Marchi no belo livro O segredo do nariz de Rioba (Emons Edizioni), destinada a leitores entre os 10 e os 13 anos (mas também muito agradável para um adulto), tem o vigor do olhar de Emma: curioso, audaz, límpido. E é este ponto de vista, o de uma adolescente, a tornar a história inédita. Não só porque nos faz olhar para anos dos quais sabemos já tanto com os olhos de uma jovem que nada sabe sobre eles. Mas também porque nos recorda que muitos partisans eram pouco mais velhos do que Emma. De facto, as outras personagens do livro, que levarão a jovem a descobrir o mundo dos partidários, são o irmão mais velho, Mario, e Elio, que trabalha como ela na padaria de sior Bepi, ambos pouco mais velhos do que Emma.

Numa progressão que encadeia as páginas, Emma, capítulo após capítulo, descobre o mundo da Resistência, que também vive escondido no dia a dia que ela frequenta, ao mesmo tempo que ela própria pouco a pouco muda, cresce, descobre novos sentimentos, alarga os limites do seu pequeno mundo. É um livro aventuroso que mistura invenção e factos reais. Se Emma é um produto da imaginação, não o são, por exemplo, os estratagemas que os partisans usavam para comunicar (por exemplo, um caderno escondido em algum monumento) ou a criatividade com que se tentava abordar a população (os panfletos escondidos lançados dos palcos do Teatro Goldoni é um episódio que aconteceu realmente). E talvez seja este um dos méritos do livro: recordar-nos que até com catorze anos se pode ser herói. Aliás, que é precisamente nessa idade que somos feitos para nos tornarmos protagonistas, audazes e imaginativos, da História.

ELISA CALESSI