· Cidade do Vaticano ·

Recitados textos sagrados pela saúde do Papa

O laço entre a Mongólia e o Pontífice

 O laço entre a Mongólia  e o Pontífice  POR-004
08 abril 2025

Giorgio Marengo

Cardeal prefeito apostólico de Ulaanbaatar

A ligação do Papa Francisco com a Mongólia é particularmente profunda. Desde que visitou a terra do Eterno Céu Azul, em setembro de 2023, o Santo Padre adquiriu também para este povo — tradicionalmente mais próximo de outras figuras de líderes religiosos — a notoriedade que o distingue a nível mundial. Mas não só. Com sua forma de se apresentar, com as suas palavras, com os seus gestos simples e genuínos, ele conquistou literalmente um lugar no coração da população mongol. A começar pelas autoridades civis, que quase dois anos após a sua viagem apostólica continuam a celebrar a sua grata recordação, cheias de admiração.

Recentemente, porém, com a situação da saúde do Papa Francisco, estamos a assistir a algo verdadeiramente único, digno de ser contado. Já em 20 de fevereiro, por ocasião da apresentação das credenciais do núncio apostólico, o arcebispo Giovanni Gaspari, o presidente U. Khurelsukh tinha manifestado a sua preocupação com a saúde do Santo Padre, pedindo expressamente ao representante papal que lhe transmitisse as suas saudações pessoais e os seus votos de rápido restabelecimento. No dia seguinte, foi a vez do venerável Javzandorj, abade-primaz do budismo mongol, que teve a alegria de ser recebido pessoalmente pelo Santo Padre no Vaticano, a 13 de janeiro. Durante a visita de cortesia, quis assegurar a Monsenhor Gaspari o estado do Papa Francisco e entregou-lhe uma carta assinada e fechada, na qual exprimia ao Santo Padre a proximidade e o afeto dos monges budistas do centro a que preside.

No dia 7 de março uma notícia ainda mais comovedora. Um assistente do abade telefonou para informar que tinha acabado de terminar uma recitação de textos sagrados a favor do Papa Francisco, presidida pessoalmente pelo próprio abade a pedido explícito do presidente U. Khurelsukh. De facto, na véspera, um dos conselheiros do presidente informara-o de que o chefe de Estado tinha pedido ao abade que realizasse a recitação de textos sagrados como desejo de restabelecimento do Papa Francisco. Estes ritos, realizados na primeira quinzena da primeira lua da primavera, são considerados particularmente eficazes, e foi por isso que o Presidente teve o cuidado de pedir pessoalmente ao abade que os realizasse em benefício do Papa.

É assim que a estima e as boas intenções podem ir tão longe. Em tempos não fáceis como os atuais, o diálogo e a amizade constroem pontes de humanidade e espiritualidade, que assentam nos profundos sentimentos religiosos transversais às várias instituições. Um sincero agradecimento ao Presidente da Mongólia, U. Khurelsukh, e ao Khamba Nomun Khan Javzandorj pelo grande exemplo que estão a oferecer ao mundo inteiro, demonstrando a nobreza de espírito do povo mongol.