Pelas famílias em crise

«Todos sonhamos com uma família linda, perfeita. Mas as famílias perfeitas não existem». Começa assim a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de março, dedicado às famílias em crise. No vídeo, produzido há algumas semanas pela Rede Mundial de Oração do Papa antes da hospitalização do Santo Padre, e publicado em www.thepopevideo.org no dia 4 de março, Francisco pede-nos que rezemos «para que as famílias divididas encontrem no perdão a cura das suas feridas, redescobrindo, até nas suas diferenças, as riquezas de cada um».

Portas a bater, gritos em casa à frente dos filhos, discussões violentas entre pais e filhos, conflitos entre irmãos e irmãs: o vídeo que ilustra as palavras do Santo Padre mostra cenas da vida diária que quase todos nós conhecemos direta ou indiretamente. De facto, todas as famílias têm as suas tristezas, as suas alegrias e os seus momentos de crise: «todas as famílias têm as suas dificuldades, mas também as suas grandes alegrias», diz o Papa. «Na família», acrescenta o Pontífice, «cada pessoa é valiosa porque é diferente das outras, cada pessoa é única. Mas as diferenças também podem causar conflitos e feridas dolorosas». Por isso, é preciso saber respeitar e valorizar cada pessoa, com a convicção de que todos têm algo a contribuir para a união familiar. Francisco garante-nos, no entanto, que quando os conflitos produzem feridas profundas, «o melhor remédio para curar a dor de uma família ferida é o perdão». Devemos dar aos outros «uma nova oportunidade», tal como Deus faz connosco, cuja paciência «é infinita: Ele perdoa-nos, levanta-nos, faz-nos começar de novo. O perdão renova sempre a família, permite olhar para o futuro com esperança». E o vídeo do Papa termina com o desejo de que «mesmo quando não é possível o “final feliz” que gostaríamos, a graça de Deus dá-nos força para perdoar e traz paz, porque liberta da tristeza e, sobretudo, do ressentimento».

O jesuíta Cristóbal Fones, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, que organiza as videomensagens do Pontífice com intenções temáticas mensais, comenta as palavras de Francisco que insistem precisamente na necessidade de que as famílias aceitem as diferenças dentro do núcleo, as valorizem e se abram ao perdão mútuo e ao acompanhamento em caso de crise. É também recordada a exortação apostólica Amoris laetitia, que salienta que as crises conjugais são superadas «de forma satisfatória», sabendo recorrer à graça da reconciliação: «Saber perdoar e sentir-se perdoado é uma experiência fundamental na vida familiar». Ao superar uma crise, aprende-se «a ser feliz de uma maneira nova, a partir das possibilidades abertas por uma nova etapa», conclui o sacerdote chileno.