· Cidade do Vaticano ·

Chamados a despertar o espanto e as interrogações

05 fevereiro 2025

Andrea Monda

Tal como a alegria, também a esperança é um bem que impele inevitavelmente à partilha; de facto, poder-se-ia dizer que ela existe na medida em que é partilhada. Sobre este ponto, o Papa afirma claramente: «A esperança é sempre um projeto comunitário». Este é um dos pontos-chave da Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025, cujo título, “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações”, faz referência explícita ao trecho da Primeira Carta de Pedro (3, 15-16) que o Papa define como «uma síntese admirável em que a esperança está ligada ao testemunho e à comunicação cristãs: “Adorai o Senhor Cristo nos vossos corações, sempre prontos a responder a quem vos perguntar sobre a razão da esperança que habita em vós. Mas isto deve ser feito com doçura e respeito”».

Francisco detém-se nesta famosa passagem do Novo Testamento e salienta em particular a disponibilidade para dizer a razão da esperança «a quem vos perguntar», como que para frisar o facto de que o testemunho de vida dos cristãos é já em si uma “comunicação”, uma mensagem que suscita interrogações. «Os cristãos — diz o Papa — não são antes de mais aqueles que “falam” de Deus, mas aqueles que fazem ressoar a beleza do seu amor, um modo novo de viver tudo. É o amor vivido que provoca a pergunta e exige a resposta: por que vives assim? Por que és assim?».

Em meados dos anos 60, o teólogo batista americano Harvey Cox, no seu ensaio The Christian as Rebel, observava que «os cristãos não podem ser explicados pelos termos do mundo, pois não vivem simplesmente em função da sua classe ou raça, dos seus interesses nacionais ou sexuais. Eles apresentam ao mundo um enigma, algo inexplicável sobre o qual as pessoas devem finalmente perguntar».

Há assim uma inversão do padrão segundo o qual o comunicador é, antes de mais, “alguém que fala”: o “falar” de Deus do cristão não é simplesmente uma mensagem, um discurso, não é a entrega de um produto informativo, mas tem o poder, o peso e a beleza do testemunho. Falar de Deus é sobretudo uma escuta ou, melhor ainda, um encontro com o outro. Não é por acaso que, logo a seguir, na mensagem, o Papa se refere a outra passagem do Novo Testamento, a dos discípulos de Emaús: «Na expressão de São Pedro encontramos, por fim, uma terceira mensagem: a resposta a esta pergunta deve ser dada “com doçura e respeito”. A comunicação dos cristãos — mas diria também a comunicação em geral — deve ser impregnada de doçura, de proximidade: o estilo dos companheiros de caminho, seguindo o maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré, que ao longo do percurso dialogou com os dois discípulos de Emaús, fazendo arder os seus corações pelo modo como interpretava os acontecimentos à luz das Escrituras. Sonho, pois, com uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem de tantos irmãos e irmãs nossos, para lhes reavivar a esperança em tempos tão conturbados».

Que o Jubileu seja, portanto, uma oportunidade de verdadeira “conversão”, de inversão e de viragem de rumo, para um estilo de comunicação que saiba suscitar espanto e interrogações e, deste modo, oferecer uma esperança credível a um mundo sedento precisamente disso.