· Cidade do Vaticano ·

Ao Conselho metodista mundial

Os cristãos sejam testemunhas de esperança

 Os cristãos sejam testemunhas de esperança  POR-051
19 dezembro 2024

Todos os cristãos têm «a mesma responsabilidade de oferecer sinais de esperança que deem testemunho da presença de Deus no mundo», disse o Papa Francisco na manhã de 16 de dezembro, recebendo em audiência, na Biblioteca particular do Palácio apostólico do Vaticano, uma delegação do Conselho metodista mundial, que associa cerca de 80 Igrejas do mundo inteiro, com 80 milhões de fiéis. Os metodistas nascem no âmbito do anglicanismo, inspirando-se nos ensinamentos do pregador do século xviii , John Wesley. A Comissão internacional metodista-católica reuniu-se pela primeira vez em 1967 e a última de 22 a 27 de setembro de 2024, na Coreia do Sul, centrando-se sobre a eclesiologia missionária, a unidade na diversidade e as experiências locais de missão e unidade. Em 2025, para celebrar os 1.700 anos do Credo niceno, a Comissão tenciona publicar um documento de síntese sobre a fé cristã compartilhada por católicos e metodistas. A próxima reunião plenária do organismo terá lugar em San Salvador, de 19 a 25 de outubro de 2025.

Amada Irmã
estimados Irmãos
bem-vindos!

É para mim uma alegria saudar o Bispo Debra Wallace-Padgett e o Reverendo Reynaldo Ferreira Leão-Neto. Apresento-vos as melhores felicitações no início do vosso serviço como Presidente e Secretário-geral do Conselho Metodista Mundial.

Por muito tempo, entre metodistas e católicos, não nos conhecíamos uns aos outros, e havia até desconfiança. Hoje, porém, podemos dar graças a Deus porque, desde há quase sessenta anos, progredimos juntos no conhecimento, na compreensão e, sobretudo, no amor recíproco. Isto ajuda-nos a aprofundar a comunhão entre nós.

Abrir-nos, abrir-nos uns aos outros aproximou-nos, levando-nos a descobrir que a pacificação é uma tarefa do coração: é uma tarefa do coração, mais do que da mente. Quando o Coração do Senhor Jesus toca o nosso coração, Ele transforma-nos. Só assim as nossas comunidades serão capazes de unir as suas diferentes inteligências e vontades, deixando-se guiar pelo Espírito como irmãos. É um caminho que leva tempo, mas devemos continuar a percorrê-lo, sempre orientados para o Coração de Cristo, pois é a partir desse Coração que aprendemos a relacionar-nos bem uns com os outros e a servir o Reino de Deus (cf. Carta encíclica Dilexit nos, 28).

No próximo ano, os cristãos do mundo inteiro celebrarão os 1.700 anos do primeiro Concílio ecuménico, Niceia. Este aniversário recorda-nos que professamos a mesma fé e, portanto, temos a mesma responsabilidade de oferecer sinais de esperança que deem testemunho da presença de Deus no mundo. Trata-se de «um convite a todas as Igrejas e Comunidades eclesiais a continuar o caminho rumo à unidade visível, sem se cansar de procurar os meios adequados para corresponder plenamente à oração de Jesus: “Que todos sejam um só”» (Spes non confundit, 17). Vem-me à mente algo que dizia o grande Zizioulas, aquele Bispo ortodoxo, que ele já sabia a data da unidade: seria no dia a seguir ao juízo final! Entretanto, devemos caminhar juntos, como irmãos, rezar juntos, fazer caridade juntos e progredir juntos no diálogo. Este Zizioulas era formidável!

Agradeço aos pastores e teólogos que trabalharam na Comissão Mista Internacional para o Diálogo entre o Conselho Metodista Mundial e a Igreja católica, e encorajo os atuais membros a dar continuidade ao mesmo empreendimento.

A vós, querida Irmã e prezados Irmãos, obrigado de coração por esta visita. Permaneçamos unidos na oração. Feliz Natal!