· Cidade do Vaticano ·

O Papa aos promotores e artistas do Concerto com os pobres

Deus não cria descarte
mas beleza

 Deus não cria descarte mas beleza  POR-050
12 dezembro 2024

«Numa composição, os momentos de silêncio, os intervalos, as dissonâncias são tão importantes quanto as próprias notas. Deus não cria descarte! Cada um é chamado a manifestar-se, a desempenhar o seu papel em conjunto com todos os outros», reiterou o Papa Francisco encontrando-se na manhã de 7 de dezembro com os promotores e artistas do Concerto com os pobres, que teve lugar à tarde na Sala Paulo vi . Durante a audiência pontifícia, realizada na Sala do Consistório, o bispo de Roma pronunciou o seguinte discurso.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

É um prazer encontrar-me convosco, também este ano, por ocasião do Concerto com os Pobres, que terá lugar hoje à tarde na Sala Paulo vi : um belo momento para partilhar com tantos irmãos e irmãs a beleza da música que une os corações e eleva o espírito. [ouve o choro de uma criança]. Até as crianças fazem música quando choram!

Saúdo Monsenhor Marco Frisina, que mais uma vez conseguiu reunir artistas internacionais, com o Coro da Diocese de Roma — que este ano celebra quarenta anos de atividade — e a Orquestra Nova Opera, que também organiza este evento. Obrigado!

Agradeço a todos os artistas, de modo especial ao Maestro Hans Zimmer pela sua especial participação, bem como à violoncelista Tina Guo, ao compositor Dario Vero e à atriz Serena Autieri. Agradeço também a todos os Parceiros que contribuíram para a realização deste evento.

Um concerto é uma bela parábola, uma parábola de harmonia, até da harmonia sinodal que a Igreja se esforça por viver mais plenamente. Com efeito, cada partitura musical une diferentes instrumentos e vozes, cada um com a sua parte, o seu timbre, a sua sonoridade. Na orquestra, cada qual toca a sua partitura, mas deve harmonizar-se com os outros, gerando assim a beleza da música!

E numa composição, os momentos de silêncio, os intervalos, as dissonâncias são tão importantes quanto as próprias notas. Deus não cria descarte! Cada um é chamado a manifestar-se, a desempenhar o seu papel em conjunto com todos os outros.

Para realizar esta parábola da harmonia, é necessário desejar estar presente. Não é garantido. Cada um de vós quis estar presente, participar neste acontecimento com pessoas necessitadas, que lutam todos os dias para sobreviver. E esta vossa escolha gera um sinal de esperança. É o que se propõe também o próximo Jubileu: gerar sinais de esperança, a partir da fonte de amor que é o Coração de Jesus.

Sem a colaboração de todos, não se pode realizar uma verdadeira sinfonia. Só de um concerto de pessoas diferentes nasce a harmonia que edifica e conforta todos. De modo semelhante a Igreja, chamada a ser no mundo sinal e instrumento de harmonia, comunhão e fraternidade, deve realizar no coração da humanidade um maravilhoso e consciente cântico de amor a Deus e aos irmãos.

Este Concerto com os Pobres, que hoje executareis, é um belo sinal da harmonia sinodal, sobretudo tem lugar em comunhão com os nossos irmãos e irmãs mais frágeis, convidados a fazer parte desta maravilhosa sinfonia de amor, que é o Evangelho. Hoje à tarde, estes nossos amigos poderão assistir ao concerto da melhor maneira possível, como protagonistas; pois a beleza é um dom de Deus para todos os seres humanos, unidos pela mesma dignidade e chamados à fraternidade.

Confio-vos à Sagrada Família de Nazaré, que conheceu a precariedade e o exílio sem nunca desanimar. O Senhor mantenha sempre acesa em vós a chama da esperança! Rezo por vós e pelo bom êxito deste projeto. E peço-vos, por favor, que rezeis por mim. Obrigado!