Na audiência aos doadores dos presépios e da árvore de Natal
«Com lágrimas nos olhos elevemos a nossa oração pela paz. Chega de guerras, chega de violência!»: eis o apelo lançado pelo Papa Francisco no dia da inauguração da árvore e do presépio na praça de São Pedro e, na Sala Paulo vi , da “Natividade de Belém 2024”. Recebendo na manhã de 7 de dezembro, na mesma sala projetada por Nervi, as delegações dos doadores dos símbolos de Natal, na sua saudação o Pontífice dirigiu um pensamento à «martirizada Palestina».
Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Estou muito feliz por me encontrar convosco no dia em que se inauguram a árvore e o presépio na Praça de São Pedro, e aqui, nesta Sala, se abre oficialmente a “Natividade de Belém 2024”.
Saúdo a delegação de Grado, de cujo território provém a representação do Presépio colocada no centro da Praça, e a de Ledro, de cujos bosques provém a imponente árvore de 29 metros de altura; bem como a representação da Embaixada do Estado da Palestina, a martirizada Palestina, que veio apresentar, em nome da cidade de Belém, esta “Natividade”, realizada pelos artesãos de Belém. Saúdo cordialmente as Autoridades civis e eclesiásticas presentes, em particular os Representantes Especiais do Presidente da Palestina, Senhor Mahmoud Abbas — que já veio aqui várias vezes — o Presidente do Conselho Regional de Friuli Venezia Giulia e o Presidente da Província de Trento, o Arcebispo de Gorizia, e os Presidentes das Câmaras municipais de Grado e de Ledro.
Impressiona a majestosa solenidade da árvore! Cortada de acordo com os princípios ecológicos da recomposição natural do bosque, ela apresenta os sinais de muitos anos, as numerosas estratificações do tronco maciço, as velhas que dão vida às jovens, as jovens que cobriram e protegeram as velhas, e todas sobem juntas para o alto. Pode ser uma bonita imagem da Igreja, povo e corpo, da qual a luz de Cristo se propaga no mundo, precisamente graças à sucessão de gerações de crentes que se estreitam à volta da única origem, Jesus: as antigas dão vida às jovens, as jovens abraçam e protegem as antigas, em missão no mundo, a caminho do Céu. É assim que progride o santo Povo fiel de Deus!
À sombra da grande árvore, o Presépio reproduz um “casarão” da Laguna de Grado, uma daquelas casas de pescadores que eram construídas com barro e juncos, onde os habitantes das “mote”, as pequenas ilhas da lagoa, partilhavam as alegrias e as tristezas da vida quotidiana, durante a labuta da pesca. Também este símbolo nos fala do Natal, em que Deus se faz homem para partilhar totalmente a nossa pobreza, vindo construir o seu Reino na terra não com meios poderosos, mas com os frágeis recursos da nossa humanidade, purificados e fortalecidos pela sua graça.
Relativamente ao Presépio, há outro sinal que gostaria de realçar: os casarões estão rodeados de água e para lá chegar é necessária a “batela”, a típica embarcação de fundo plano que permite deslocar-se em águas pouco profundas. E também para chegar a Jesus é necessário um barco: o barco é a Igreja. Não se chega até Ele “sozinhos” — nunca — só se chega até Ele juntos, em comunidade, nesta pequena-grande embarcação que Pedro continua a guiar, e a bordo da qual, estreitando-se um pouco, há sempre lugar para todos. Na Igreja há sempre lugar para todos! Alguém pode dizer: “Mas para os pecadores?”. Eles são os primeiros, os privilegiados, porque Jesus veio para os pecadores, para todos nós, não para os santos. Para todos! Não vos esqueçais disto. Todos, todos, todos dentro!
Concluindo, olhemos para os Presépios de Belém, construídos na Terra onde nasceu o Filho de Deus. São diferentes uns dos outros, mas todos trazem a mesma mensagem de paz e de amor que Jesus nos deixou. Diante deles, recordemos os nossos irmãos e irmãs que, ao contrário, precisamente ali e noutras partes do mundo, padecem o drama da guerra. Com lágrimas nos olhos, elevemos a nossa oração pela paz. Irmãos e irmãs, chega de guerras, chega de violência! Sabeis que um dos investimentos mais rentáveis é a fábrica de armas? Ganhar para matar! Mas porquê? Chega de guerras! Que haja paz no mundo inteiro e para todos os homens, amados por Deus (cf. Lc 2, 14)!
Amadas irmãs e irmãos, obrigado por terdes vindo e pelos vossos preciosos dons. E agradeço à Direção de Infraestruturas e Serviços do Governatorato, pelo esforço criativo e generoso com que organizou tudo isto. Abençoo-vos, abençoo as vossas famílias e todos os vossos concidadãos. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim, mas a favor, não contra!