· Cidade do Vaticano ·

Aos membros do Movimento de compromisso educativo da Ação católica

Permanecer juntos para não se perder nos labirintos da complexidade

 Permanecer juntos para não se perder  nos labirintos da complexidade  POR-045
07 novembro 2024

Um convite «a dilatar o coração, a não ter medo de propor ideais elevados» e «a não ficar isolado, mas a construir e fortalecer relações fecundas com os vários protagonistas do processo educativo», quer sejam famílias, catequistas, professores, quer treinadores desportivos, «sem descuidar a colaboração com as instituições públicas», disse o Papa Francisco aos membros do Movimento de compromisso educativo da Ação católica ( mieac ), por ocasião do xi Congresso nacional italiano. O Pontífice recebeu-os em audiência na manhã de 31 de outubro, na Sala do Consistório, dirigindo-lhes o seguinte discurso.

É com prazer que vos dou as boas-vindas por ocasião do xi Congresso nacional do Movimento de Compromisso Educativo da Ação Católica. Saúdo a Presidência, o Assistente e todos vós, e agradeço-vos a escolha, nunca óbvia, de ser e fazer associação na Igreja.

O serviço educativo que define o vosso Movimento traz consigo, hoje talvez ainda mais do que no passado, o desafio de trabalhar a nível humano e cristão. Educar — como bem sabeis e testemunhais — significa sobretudo redescobrir e valorizar a centralidade da pessoa num contexto relacional onde a dignidade da vida humana encontre realização e espaço adequado para crescer.

O Projeto formativo da Ação Católica Italiana desenvolve-se segundo uma visão orgânica e sistemática da missão educativa. A esta tarefa — desde a Assembleia constituinte de 1990, quando recebestes a herança do Movimento dos Professores Católicos — dedicastes-vos com criatividade, com atenção aos sinais dos tempos e deixando-vos iluminar sempre pelo Evangelho. Realizastes esta ação educativa, procurando permanecer firmemente enraizados nos territórios, com espírito de colaboração com as Igrejas locais e com as outras realidades do laicado católico.

Nesta mudança de época, no meio do evidente processo de secularização — vê-se claramente o espírito deste mundo — a atividade educativa encontra-se mergulhada num horizonte quase inédito. A educação cristã atravessa terrenos inexplorados, marcados por mudanças de tipo antropológico e cultural, para as quais ainda procuramos respostas, à luz da Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, recolhemos as experiências positivas que nos transmitem muitas famílias, escolas, comunidades paroquiais, associações e a própria pedagogia.

Hoje existem muitas urgências, mas uma delas é — para usar a vossa expressão — ser «educadores de coração generoso... nos labirintos da complexidade». E sabeis como se sai de um labirinto? Nunca sozinho, nunca! E, em segundo lugar, de cima. Sai-se de um labirinto de cima e nunca sozinho. Pensemos um pouco sobre isto!

Educadores de coração generoso, para o bem das crianças, dos jovens e dos adultos que vivem ao vosso lado. Sois chamados a dilatar o coração — não podeis ter um coração estreito: dilatai o coração — a não ter medo de propor ideais nobres, sem desanimar perante as dificuldades. As dificuldades existem, e são muitas. E para não perder o fio nestes «labirintos da complexidade», é importante não permanecer isolado, mas construir e fortalecer relações frutuosas com os vários protagonistas do processo educativo: famílias, professores, animadores sociais, dirigentes e treinadores desportivos, catequistas, sacerdotes, religiosas e religiosos, sem esquecer a colaboração com as instituições públicas. E envolver os jovens, pois os jovens são importantes: não devem ser passivos no processo educativo, devem ser ativos!

No Congresso que viveis nestes dias, renovastes o vosso compromisso de apresentar uma ideia e uma prática educativa que coloque efetivamente no centro a pessoa, o seu valor indispensável e a sua dignidade original, de modo que ela seja sempre e de qualquer maneira considerada o fim, nunca reduzida a um meio, por motivo algum. Uma educação — como diz o vosso projeto — «que ajude as pessoas a voltar a si mesmas, a cultivar a interioridade, a transcendência, a espiritualidade, como elementos imprescindíveis para o desenvolvimento integral da pessoa humana, em todas as suas dimensões: espiritual, existencial, afetiva, cultural, social e política». É exatamente esta a perspetiva certa para continuar o caminho do vosso Movimento. E ide em frente, não desanimeis!

Além disso, em vista do próximo Jubileu, tempo para semear a esperança — pois todos nós temos necessidade vital de esperança — gostaria de vos deixar uma última exortação: prestai atenção especial às crianças, aos adolescentes e aos jovens. Devemos olhar para eles com confiança e empatia, diria até com o olhar e o coração de Jesus. São o presente e o futuro do mundo e da Igreja. Temos a tarefa — totalmente educativa — de os acompanhar, apoiar, encorajar e, com o testemunho, de lhes indicar o bom caminho que os leva a ser “todos irmãos”.

“Quem ama educa” — não o esqueçamos — como titulava um livro promovido pela Ação Católica há alguns anos: é um critério, inteligente e repleto de esperança, a ter presente em todas as vossas atividades. Através dos processos educativos manifestemos o nosso amor pelo outro, por aqueles que nos são próximos ou que nos foram confiados; e, ao mesmo tempo, é essencial que a educação se fundamente, no seu método e nas suas finalidades, no amor. Sem amor não se pode educar. Educar sempre com amor!

Confio-vos à intercessão do Venerável Giuseppe Lazzati, mestre e testemunha credível, modelo de educador cristão em quem nos devemos inspirar.

Obrigado pela vossa visita! Abençoo-vos de coração. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!