«Que a guerra seja banida e os problemas sejam tratados com a lei e as negociações». Foi o pedido do Papa no Angelus de 3 de novembro, com a esperança de que o artigo 11 da Constituição italiana «possa ser aplicado em todo o mundo». Falando ao meio-dia da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu, como de costume, a recitação da oração mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, comentando o Evangelho dominical, centrado na circunstância sobre o mandamento do amor.
Queridos irmãos e irmãs
bom domingo!
O Evangelho da liturgia de hoje (Mc 12, 28-34) fala-nos de uma das tantas discussões que Jesus teve no templo de Jerusalém. Um dos escribas aproxima-se e interroga-o: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» (v. 28). Jesus responde juntando duas palavras fundamentais da lei mosaica: «Amarás o Senhor, teu Deus» e «amarás o teu próximo» (vv. 30-31).
Com a sua pergunta, o escriba procura “o primeiro” dos mandamentos, ou seja, um princípio que está na base de todos os mandamentos; os judeus tinham muitos preceitos e procuravam a base de todos, um que fosse o fundamental; tentavam chegar a um acordo sobre um fundamental, e haviam discussões entre eles, boas discussões porque procuravam a verdade. E esta questão é essencial também para nós, para a nossa vida e para o caminho da nossa fé. Na verdade, também nós, por vezes, nos sentimos dispersos em tantas coisas e nos perguntamos: mas, afinal, qual é a coisa mais importante de todas? Onde posso encontrar o centro da minha vida, da minha fé? Jesus dá-nos a resposta, unindo estes dois mandamentos, que são os principais: «Amarás o Senhor teu Deus» e «amarás o teu próximo». E isto é um pouco o coração da nossa fé.
Todos nós — sabemo-lo — precisamos de regressar ao coração da vida e da fé, porque o coração é «a fonte e a raiz de todas as outras forças, convicções» (Enc. Dilexit nos, 9). E Jesus diz-nos que a fonte de tudo é o amor, que nunca devemos separar Deus do homem. Ao discípulo de cada tempo, o Senhor diz: no teu caminho, o que conta não são as práticas exteriores, como os holocaustos e os sacrifícios (v. 33), mas a disposição do coração com que tu te abres a Deus e aos irmãos no amor. Irmãos e irmãs, nós podemos fazer tantas coisas, de facto, mas fazê-las só para nós mesmos e sem amor, e isso não é bom; fazê-las com o coração distraído ou com o coração fechado, não pode ser assim. Todas as coisas devem ser feitas com amor.
O Senhor virá e perguntar-nos-á, antes de mais, sobre o amor: “Como amaste?”. É crucial, portanto, fixar no nosso coração o mandamento mais importante. Qual é? Ama o Senhor, teu Deus e ama o teu próximo como a ti mesmo. E todos os dias fazer o nosso exame de consciência e perguntarmo-nos: o amor a Deus e ao próximo é o centro da minha vida? A minha oração a Deus impele-me a ir ter com os meus irmãos e a amá-los com gratuidade? Reconheço a presença do Senhor no rosto dos outros?
A Virgem Maria, que trazia a lei de Deus impressa no seu coração imaculado, nos ajude a amar o Senhor e os irmãos.
Depois do Angelus, o bispo de Roma saudou os presentes, incluindo o grupo “Emergency” Roma Sul, empenhado em recordar o artigo 11 da Constituição italiana, e lançou um novo apelo à paz na Ucrânia, Palestina, Israel, Myanmar e Sudão do Sul. Por fim, exortou a rezar por Valência e pelas outras comunidades espanholas atingidas pela tempestade Dana , invocando ajuda para a população.
Saúdo todos vós romanos
e peregrinos
de Itália
e de outros países!
Saúdo as Irmãs Carmelitas Missionárias do Espírito Santo, que celebram os vinte cinco anos da sua Fraternidade secular; saúdo os fiéis de Veneza, Pontassieve, Barberino del Mugello, Empoli e Palermo, e de Santa Maria alle Fornaci em Roma; como também os adolescentes de Catanzaro com os seus educadores paroquiais.
Saúdo os dadores de sangue de Coccaglio (Brescia); e o grupo de Emergency Roma Sul, empenhado em recordar o Artigo 11 da Constituição Italiana, que diz: «A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais». Recordar este artigo! Em frente!
Que este princípio seja atuado em todo o mundo: a guerra seja banida e sejam afrontadas as questões com o direito e as negociações. Silenciem-se as armas e dê-se espaço ao diálogo. Rezamos pela martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, Myanmar, Sudão do Sul.
E continuemos a rezar por Valência e pelas outras comunidades de Espanha, que tanto sofrem nestes dias. O que faço eu pelo povo de Valência? Rezo? Ofereço alguma coisa? Pensai nesta questão.
E desejo a todos um bom domingo. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à próxima.