· Cidade do Vaticano ·

No Angelus da solenidade de Todos os Santos Francisco renovou o apelo à paz

A guerra ignóbil triunfo da mentira

 A guerra  ignóbil triunfo da mentira  POR-045
07 novembro 2024

«A guerra é sempre uma derrota, sempre! E é ignóbil, porque é o triunfo da mentira, da falsidade: procura-se o máximo interesse para si e o máximo dano para o adversário, espezinhando vidas humanas, o meio ambiente, as infraestruturas, tudo; e tudo disfarçado com mentiras. E os inocentes sofrem»! Foi a nova denúncia do Papa Francisco que, no Angelus de 1 de novembro, solenidade de Todos os Santos, dirigiu o seu pensamento sobretudo «às 153 mulheres e crianças que foram massacradas nos últimos dias em Gaza». Ao meio-dia, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu a recitação da prece mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, com uma meditação sobre a santidade.

Amados irmãos e irmãs
bom dia e feliz festa!

Hoje, Solenidade de Todos os Santos, no Evangelho (cf. Mt 5, 1-12), Jesus proclama o bilhete de identidade do cristão. E qual é o bilhete de identidade do cristão? As bem-aventuranças. É o nosso bilhete de identidade e também o caminho da santidade (cf. Exortação ap. Gaudete et exsultate, 63). Jesus indica-nos um caminho, o caminho do amor, que Ele próprio percorreu primeiro fazendo-Se homem, e que para nós é simultaneamente dom de Deus e resposta nossa. Dom e resposta.

É dom de Deus, porque, como diz São Paulo, é Ele que santifica (cf. 1 Cor 6, 11). Por isso, é antes de mais ao Senhor que pedimos que nos santifique, que torne o nosso coração semelhante ao seu (cf. Carta enc. Dilexit nos, 168). Com a sua graça, Ele cura-nos e liberta-nos de tudo o que nos impede de amar como Ele nos ama (cf. Jo 13, 34), para que em nós, como dizia o Beato Carlo Acutis, haja sempre «menos de mim para deixar espaço a Deus».

E isto leva-nos ao segundo ponto: a nossa resposta. O Pai do céu, de facto, oferece-nos a sua santidade, mas não no-la impõe. Ele semeia-a em nós, faz-nos saboreá-la e ver a sua beleza, mas depois espera a nossa resposta. Deixa-nos a liberdade de seguir as suas boas inspirações, deixar-nos envolver pelos seus projetos, fazer nossos os seus sentimentos (cf. Dilexit nos, 179), pondo-nos, como Ele nos ensinou, ao serviço dos outros, com uma caridade cada vez mais universal, aberta e dirigida a todos, ao mundo inteiro.

Vemos tudo isto na vida dos santos, também no nosso tempo. Pensemos, por exemplo, em São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz pediu para tomar o lugar de um pai de família condenado à morte; ou em Santa Teresa de Calcutá, que passou a sua existência ao serviço dos mais pobres entre os pobres; ou no bispo São Óscar Romero, assassinado no altar por ter defendido os direitos dos últimos contra os abusos dos prepotentes. E assim podemos fazer a lista de tantos santos, tantos: os que veneramos nos altares e outros, a quem gosto de chamar os santos da “porta ao lado”, os de todos os dias, escondidos, que diariamente levam por diante a sua vida cristã. Irmãos e irmãs, quanta santidade escondida existe na Igreja! Reconhecemos tantos irmãos e irmãs plasmados pelas bem-aventuranças: pobres, mansos, misericordiosos, famintos e sedentos de justiça, pacificadores. São pessoas “cheias de Deus”, incapazes de ficar indiferentes às necessidades do próximo; são testemunhas de caminhos luminosos, que também são possíveis para nós.

Perguntemo-nos agora: peço a Deus, na oração, o dom de uma vida santa? Deixo-me guiar pelos bons impulsos que o seu Espírito suscita em mim? E comprometo-me pessoalmente a praticar as bem-aventuranças do Evangelho, nos ambientes em que vivo?

Maria, Rainha de todos os Santos, nos ajude a fazer da nossa vida um caminho de santidade.

Depois do Angelus, o bispo de Roma expressou a sua solidariedade para com as famílias vítimas de um grave atentado terrorista no Chade. O país africano foi também atingido por inundações e o Papa recordou-o, tal como fez em relação à comunidade valenciana, atingida pela tempestade Dana. Depois, saudou os presentes, entre os quais os participantes na “Corrida dos Santos”, organizada pela Fundação Missões Dom Bosco. Em seguida, lançou um renovado apelo à paz para a martirizada Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Myanmar, Sudão e todos os povos que sofrem devido aos conflitos.

Queridos irmãos e irmãs!

Expresso a minha proximidade ao povo do Chade, em particular às famílias das vítimas do grave atentado terrorista de há poucos dias, bem como às pessoas atingidas pelas inundações. E, a propósito destas catástrofes ambientais, rezemos pelas populações da Península Ibérica, especialmente pela comunidade valenciana, atingida pela tempestade “ dana ”: pelos defuntos e pelos seus entes queridos, e por todas as famílias danificadas. Que o Senhor ampare quantos sofrem e quantos prestam socorro. A nossa solidariedade para com o povo de Valência.

Saúdo com afeto todos vós, peregrinos dos vários países, famílias, grupos paroquiais, associações e grupos escolares. Em particular os fiéis de Rignac (França).

E saúdo os participantes na “Corrida dos Santos”, organizada pela Fundação Missões Dom Bosco. Queridos amigos, também este ano nos recordais que a vida cristã é uma corrida, mas não como corre o mundo, não! É a corrida de um coração que ama! E obrigado pelo vosso apoio à construção de um centro desportivo na Ucrânia.

Rezemos pela martirizada Ucrânia, rezemos pela Palestina, Israel, Líbano, Myanmar, Sudão e por todos os povos que sofrem com as guerras. Irmãos e irmãs, a guerra é sempre uma derrota, sempre! E é ignóbil, porque é o triunfo da mentira, da falsidade: procura-se o maior interesse para si e o maior dano para o adversário, espezinhando vidas humanas, o ambiente, as infraestruturas, tudo; e tudo disfarçado com mentiras. E os inocentes sofrem! Penso nas 153 mulheres e crianças massacradas em Gaza nos últimos dias.

Amanhã será a comemoração anual de todos os fiéis defuntos. Quem pode, nestes dias, vai rezar junto do túmulo dos seus entes queridos. Também eu irei amanhã de manhã celebrar a missa no cemitério Laurentino de Roma. Não nos esqueçamos: a Eucaristia é a maior e mais eficaz oração pelas almas dos defuntos.

Desejo a todos uma boa festa na companhia dos Santos. Saúdo-vos a todos, saúdo os jovens da Imaculada que são bondosos! E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Boa festa! Bom almoço e até à próxima.