Não matarás

Não matarás é o quinto mandamento, que nos põe diante da possibilidade desumana de que um ser humano possa tirar a vida a um dos seus semelhantes. Os dez mandamentos pedem-nos para observar o amor a Deus e o amor ao próximo para percorrer o caminho da salvação. Para nós, cristãos, é assim, para toda a humanidade, não matarás deveria ser uma lei moral.

Morte é o contrário de vida. Matar é o contrário de viver. Dar a vida é o contrário de tirar a vida. Quem tem o poder de tirar a vida? Quem pode matar ou mandar matar o seu semelhante? Quem permite que essas mortes se multipliquem e, tendo o poder, não as impede? Acho que estas são perguntas óbvias, que muitos no mundo fazem e para as quais ninguém tem uma resposta. São as perguntas de consciências que sentem a falta de verdade e de justiça. A morte de um único ser humano dói, a morte de seres humanos inocentes e indefesos dói muito. A falta de piedade humana é incompreensível, a indiferença é desumana. Ódio é o contrário de amor, vingança é o oposto de perdão.

De onde nasce tanto ódio? O que leva um homem a fazer outro homem sofrer? Não se consegue impedir a violência, que não encontramos nem sequer no mundo animal, onde há mais solidariedade entre os semelhantes.

Continua a matança de civis indefesos na Terra Santa. A violência alastra-se e o número de mortos no Líbano, na Palestina, na Síria, os mortos em Gaza aumentam, mas já não são notícia. Milhares de pessoas deslocadas vivem em tendas e no desconforto, milhares de sobreviventes sofrem de fome, de sede, sofreram devido ao calor, ao frio que, após um ano, regressou. As ajudas ainda não chegaram, porque continuam a ser bloqueadas. Muitos não podem ser salvos, porque continuam a faltar medicamentos e hospitais. Tantos estão sepultados debaixo dos escombros, muitos ainda não tiveram uma sepultura digna. Semeiam-se morte e destruição, desaparecem vidas humanas, casas, estradas, lugares de apoio para o corpo e o espírito, destrói-se a maravilha da natureza oferecida por Deus à humanidade ingrata e irresponsável. Mata-se e destrói-se por interesse e poder. Mata-se também com o desprezo pelas necessidades essenciais do próximo, mata-se com a indiferença e a falta de ações decisivas para acabar com a guerra, tendo a possibilidade de o fazer. Não matarás significa também não apoiarás a guerra e trabalharás para a impedir. Agora basta. Não matarás!

Ibrahim Faltas