· Cidade do Vaticano ·

Escutai a voz dos povos que pedem a paz

 Escutai a voz dos povos  que pedem a paz  POR-039
26 setembro 2024

«Infelizmente nas frentes de guerra a tensão é muito grande. Que a voz dos povos, que pedem a paz, seja ouvida». Foi este o novo apelo que o Papa Francisco lançou durante o Angelus dominical, pensando em particular na Ucrânia, na Palestina, Israel e Myanmar. Falando ao meio-dia de domingo, 22 de setembro, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu a recitação da oração mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, comentando como de costume o Evangelho proposto pela liturgia (Mc 9, 30-37), no qual «Jesus anuncia o que acontecerá no ponto culminante da sua vida». Eis a meditação do bispo de Roma.

Queridos irmãos e irmãs
bom domingo!

O Evangelho da liturgia de hoje (Mc 9, 30-37) fala-nos de Jesus que anuncia o que vai acontecer no culminar da sua vida: «O Filho do Homem», diz Jesus, «foi entregue nas mãos dos homens e eles matá-lo-ão, mas depois de três dias ressuscitará» (v. 31). Os discípulos, porém, enquanto seguem o Mestre, têm outra coisa na mente e também nos lábios. Quando Jesus lhes pergunta de que estão a falar, eles não respondem.

Prestemos atenção a este silêncio: os discípulos calam-se porque estavam a discutir sobre quem era o maior (cf. v. 34). Calam-se por vergonha. Que contraste com as palavras do Senhor! Enquanto Jesus lhes confiava o sentido da sua vida, eles falavam de poder. Agora, a vergonha fecha-lhes a boca, tal como o orgulho lhes tinha fechado o coração. Mas Jesus responde abertamente às palavras sussurradas ao longo do caminho: «Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último» (cf. v. 35). Queres ser grande? Faz-te pequeno, põe-te ao serviço de todos.

Com uma palavra tão simples quanto decisiva, Jesus renova a nossa maneira de viver. Ensina-nos que o verdadeiro poder não reside no domínio dos mais fortes, mas no cuidado dos mais fracos. O verdadeiro poder é cuidar dos mais fracos, isto torna-nos grandes!

É por isso que o Mestre chama uma criança, coloca-a no meio dos discípulos e abraça-a, dizendo: «Quem acolher uma destas criancinhas em meu nome, é a mim que acolhe» (v. 37). A criança não tem poder: a criança tem necessidade. Quando cuidamos do homem, reconhecemos que o homem tem sempre necessidade de vida.

Nós, todos nós, estamos vivos porque fomos acolhidos, mas o poder faz-nos esquecer esta verdade. Tu estás vivo porque foste acolhido! Então tornamo-nos dominadores, não servos, e os primeiros a sofrer são os últimos: os pequenos, os fracos, os pobres.

Irmãos e irmãs, quantas pessoas, quantas, sofrem e morrem por causa das lutas pelo poder! São vidas que o mundo rejeita, como rejeitou Jesus, aqueles que são excluídos e morrem... Quando foi entregue nas mãos dos homens, não encontrou um abraço, mas uma cruz. No entanto, o Evangelho continua a ser uma palavra viva e esperançosa: Aquele que foi rejeitado, ressuscitou, é o Senhor!

Agora, neste belo domingo, podemos perguntar-nos: consigo reconhecer o rosto de Jesus nos mais pequeninos? Cuido do meu próximo, servindo-o com generosidade? E agradeço àqueles que cuidam de mim?

Rezemos juntos a Maria, para sermos como ela livres de vanglória e prontos para o serviço.

Depois do Angelus, o Papa uniu-se ao luto da Igreja hondurenha pelo assassinato de Juan Antonio López, delegado da Palavra de Deus, coordenador da pastoral social da diocese de Trujillo e membro fundador da pastoral da ecologia integral. Em seguida, dirigindo-se aos presentes, saudou em particular os participantes numa marcha de sensibilização para as condições dos presos e uma delegação reunida para a Jornada dos doentes de ataxia. Por fim, relançou o seu veemente apelo à paz.

Queridos irmãos e irmãs!

Soube com tristeza que foi assassinado Juan Antonio López, delegado da Palavra de Deus, coordenador da pastoral social na diocese de Trujillo e membro fundador da pastoral da ecologia integral nas Honduras. Associo-me ao luto dessa Igreja e à condenação de todas as formas de violência. Estou próximo daqueles que veem os seus direitos elementares espezinhados e de quantos se comprometem pelo bem comum em resposta ao grito dos pobres e da terra.

Saúdo todos vós, fiéis de Roma e peregrinos de Itália e de muitos países. Em particular, saúdo os equatorianos residentes em Roma que celebram Nossa Senhora de Cisne! Saúdo o Coral “Teresa Enríquez de Torrijos” de Toledo, o grupo de famílias e crianças da Eslováquia e os fiéis do México.

Saúdo os participantes na marcha de sensibilização para as condições dos prisioneiros. Devemos trabalhar para que os presos tenham condições de dignidade. Qualquer um pode cometer erros. Ser detido é para retomar uma vida honesta. Saúdo a delegação que veio para o Dia dos doentes com Ataxia e a Associação “La Palma” de Castagnola di Massa.

Irmãos e irmãs, continuemos a rezar pela paz. Infelizmente, a tensão é muito elevada nas frentes de guerra. A voz dos povos, que pedem a paz, seja ouvida. Não esqueçamos a martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, Myanmar, tantos países que estão em guerra. Rezemos pela paz.

Desejo a todos bom domingo. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!