OSínodo é sobretudo um tempo de oração. A primeira escuta de que precisamos é a escuta do Senhor, da sua Palavra confiada às Sagradas Escrituras, do seu Espírito que fala ao coração dos crentes.
É esta escuta “original” que nos torna, depois, capazes de nos escutarmos autenticamente uns aos outros, reconhecendo no que o outro diz a voz do Espírito, tornando-nos capazes de ousar aquela convergência que é o coração de cada processo sinodal.
A este propósito, desejo recordar o que o Papa Francisco disse a 9 de outubro de 2021, abrindo para toda a Igreja o Caminho sinodal que agora, com esta segunda sessão da Assembleia do Sínodo dos bispos, chega a um momento culminante: «O protagonista do Sínodo é o Espírito Santo. Se não houver Espírito, não haverá Sínodo. [...] Que este Sínodo seja um tempo habitado pelo Espírito! [...] O Espírito Santo é aquele que nos guia para onde Deus quer, não para onde as nossas ideias e gostos pessoais nos levariam».
Precisamente para escutar o Espírito, para honrar o primado da Palavra de Deus sobre as nossas palavras, a segunda sessão — exatamente como a primeira — será precedida por dois dias de retiro espiritual, que realizaremos no Vaticano. Esperamos repetir a mesma experiência intensa do ano passado, que foi unanimemente apreciada pelos participantes no Sínodo. Na segunda-feira 30 de setembro e na terça-feira 1 de outubro, o padre dominicano Timothy Radcliffe e a madre beneditina Ignazia Angelini guiar-nos-ão mais uma vez com as suas meditações e continuarão a animar a oração durante os dias do Sínodo com o padre beneditino camaldulense Matteo Ferrari, responsável pelas liturgias, e com os monges de Camaldoli. Estamos convencidos de que, com a ajuda deles, a assembleia se disporá novamente à escuta, ao diálogo e ao consenso que acabei de mencionar.
Uma novidade em relação a 2023 é a Vigília penitencial que concluirá os dois dias de retiro. Esta Vigília terá lugar na noite de terça-feira, 1 de outubro, na basílica de São Pedro e será presidida pelo Santo Padre Francisco. O evento, organizado conjuntamente pela secretaria geral do Sínodo e pela diocese de Roma, em colaboração com a União dos superiores-gerais (Usg) e a União internacional das superioras-gerais (Uisg), será aberto à participação de todos, especialmente dos jovens, que sempre nos recordam como o anúncio do Evangelho deve ser acompanhado por um testemunho credível, que eles desejam em primeiro lugar oferecer ao mundo juntamente connosco.
A própria oração do Adsumus, a antiga oração que nos acompanha desde o início do Caminho sinodal de 2021-2024, oferece-nos o sentido desta oração sinodal, reconhecendo os nossos pecados, vigiando...
Na véspera de um acontecimento eclesial tão solene como o Sínodo, serão chamados pelo nome alguns dos pecados que causam mais dor e vergonha (pecado contra a paz; pecado contra a criação, contra os povos indígenas, contra os migrantes; pecado dos abusos; pecado contra as mulheres, a família, a juventude; pecado de doutrina usada como pedra de arremesso; pecado contra a pobreza; pecado contra a sinodalidade / falta de escuta, comunhão e participação de todos), invocando a misericórdia de Deus. Em particular, na basílica do Vaticano, poderemos ouvir três testemunhos de pessoas que sofreram por causa de alguns destes pecados. Seguir-se-á uma confissão para vários tipos de pecado. Não se tratará de denunciar o pecado dos outros, mas de se reconhecer parte daqueles que, por ação ou pelo menos por omissão, se tornam a causa do sofrimento padecido por inocentes e indefesos. No final desta confissão dos pecados, o Santo Padre dirigirá, em nome de todos os cristãos, um pedido de perdão a Deus e às irmãs e irmãos de toda a humanidade.
Além disso, com o Sínodo já em curso, na noite de sexta-feira, 11 de outubro, repetiremos novamente a experiência de uma oração ecuménica com o Santo Padre, os delegados fraternos presentes na Sala sinodal (cujo número foi significativamente aumentado de 12 para 16) e vários outros representantes de Igrejas e Comunidades eclesiais presentes em Roma.
Mais uma vez, esta oração foi preparada por um grupo constituído pela secretaria geral do Sínodo e pelo Dicastério para a promoção da unidade dos cristãos, com os irmãos da Comunidade de Taizé, que além disso estão à disposição de quem quiser organizar orações análogas a nível local, em ligação com o evento que será celebrado no Vaticano, na praça dos Protomártires, o lugar onde, segundo uma tradição imemorial, ocorreu o martírio do apóstolo Pedro.
A data de 11 de outubro foi escolhida para recordar o mesmo dia de há 62 anos, quando foi solenemente aberto o Concílio Vaticano ii , que inaugurou para a Igreja católica um novo tempo ecuménico, do qual este Sínodo é expressão e testemunho, no desejo concreto de ajudar toda a Igreja a progredir no caminho da plena unidade.
A fim de nos prepararmos para a fase final da assembleia, na segunda-feira, 21 de outubro, viveremos mais uma vez um dia de retiro espiritual. Será uma espécie de pit-stop, para implorar do Senhor os seus dons em vista do discernimento sobre o esboço do Documento final. Como se pode ver, alternar-se-ão momentos de oração pessoal, diálogo e comunhão entre nós, de comunhão fraterna na escuta e no amor recíproco, de comunhão na oração.
Precisamente para realçar o seu valor, quero recordar os momentos que viveremos ao redor da mesa eucarística. Também este ano, além da missa de abertura e de encerramento, concelebraremos juntos a Eucaristia pelo menos uma vez por semana.
A Eucaristia — que é sacramento e fonte da unidade eclesial — será o fundamento do que viveremos nestes dias, acompanhados por toda a Igreja.
Com gratidão e emoção, recordo quantos, no mundo inteiro, nos asseguram a oferta dos seus sofrimentos e a recordação a Deus na oração.
Graças à Rede de oração do Papa, sabemos que a nossa prece será apoiada pela oração de milhares de fiéis.
Convido em particular as comunidades religiosas, de modo especial as de vida contemplativa, e todos os fiéis a unir-se em oração coral, a fim de que os membros da assembleia sejam dóceis à voz do Espírito Santo.
Como seria bom se, pelo menos aos domingos, em todas as paróquias do mundo inteiro, se rezasse em coro para invocar o Senhor sobre os trabalhos do Sínodo, dizendo: «Dai-nos, Senhor, corações ardentes e pés a caminho!».
Mario Grech