O primeiro gesto de Francisco ao entrar na sala da nunciatura apostólica em Díli, Timor-Leste, onde 41 jesuítas o esperavam a 10 de setembro, foi abraçar o padre João Felgueiras, confrade de 103 anos, um dos três mais idosos da Companhia de Jesus no mundo.
A este religioso português que vive em Timor-Leste desde a ocupação indonésia e que nunca abandonou o país e o seu povo, nem sequer nos momentos mais difíceis, o Papa quis prestar uma homenagem pública. Avisado da sua presença, dirigiu-se diretamente a ele: «Agradeceu-lhe e abraçou-o. O padre João ficou muito emocionado» conta aos meios de comunicação do Vaticano o irmão Nuno da Silva Gonçalves, diretor de “La Civiltà Cattolica” e membro da comitiva papal nesta viagem ao Sudeste asiático e Oceânia.
O encontro de 10 de setembro foi o segundo do Papa Francisco com os jesuítas, depois da conversa de cerca de uma hora a 4 de setembro, em Jacarta, com 200 confrades que trabalham na Indonésia. Por último, na quinta-feira dia 12, encontrou-se com os jesuítas em Singapura, última etapa da viagem.
Na manhã de 10 de setembro, na sede da representação papal na capital timorense, entre os 41 membros da Companhia fundada por Santo Inácio, também de outras regiões mas residentes e ativos em Timor-Leste, havia também 8 noviços. «Como sempre nestes encontros», explicou o padre Gonçalves, «havia um ar de família». Em frente ao Pontífice estava «um grupo muito internacional» com jesuítas do Vietname, Malásia, Filipinas. Portanto, «um grupo diverso empenhado em diferentes atividades, por exemplo, na educação de jovens ou num instituto de formação de professores. Trabalho que consideram importante, a par do trabalho de exercícios espirituais nas paróquias». O encontro durou cerca de 45 minutos, como sempre ritmada por perguntas, respostas, confidências, gracejos. Entre os temas abordados, «sempre ligados à vida da Companhia de Jesus», sublinha o diretor de “La Civiltà Cattolica”, estiveram «como o Papa vê o trabalho dos jesuítas em cada lugar e em cada país, temas comuns como o empenho pela justiça social, a Doutrina social da Igreja e a sua importância».
Em particular, explicou o padre Nuno, tal como noutros discursos aqui em Timor-Leste, Francisco, falando do Evangelho e da cultura, realçou «o valor da inculturação. Ou seja, do Evangelho que deve ser inculturado e da cultura que deve ser evangelizada». Um tema recorrente no palco timorense, também no centro do lema escolhido para a viagem: «Que a tua fé seja a tua cultura». (salvatore cernuzio)