Na tarde de 7 de setembro, depois de deixar a nunciatura apostólica, o Santo Padre foi de automóvel até à Caritas Technical Secondary School de Port Moresby para se encontrar com as crianças e os jovens assistidos por “Street Ministry”, organização não governamental que ajuda as crianças de rua, criada pela arquidiocese, e por “Callan Services”, rede de serviços dos Irmãos cristãos a favor das pessoas com deficiência. Após as palavras de boas-vindas do cardeal arcebispo John Ribat, o Papa Francisco respondeu às perguntas que lhe foram feitas por duas crianças vestidas com trajes tradicionais indígenas.
Parabéns a todos os que cantastes
e dançastes — fazei-lo muito bem!
Queridos irmãos e irmãs, boa tarde!
Saúdo Sua Eminência, a quem agradeço as palavras que me dirigiu; saúdo a Superiora da Comunidade, a senhora Diretora, todos os presentes, leigos e consagrados; e saúdo-vos especialmente a vós, crianças, que sois maravilhosas!
Estou muito feliz por vos encontrar e partilhar convosco este momento de festa. E agradeço aos vossos colegas, que me fizeram duas perguntas difíceis.
Um deles perguntou-me: «Porque é que não sou como os outros?». E, sinceramente, só me ocorre uma resposta a esta pergunta: «Porque nenhum de nós é como os outros, porque diante de Deus todos somos únicos!». Por isso, como foi dito, não só confirmo que “há esperança para todos”, mas acrescento: no mundo, cada um de nós tem um papel e uma missão cuja execução mais ninguém pode realizar, e isso, embora implique sacrifícios, proporciona ao mesmo tempo um mar de alegria, a cada um de forma diferente. A paz e a alegria são para todos.
Certamente, todos temos limitações, coisas que sabemos fazer melhor e outras que nos custam ou nem sequer conseguimos realizar, mas não é isso a determinar a nossa felicidade: é, sim, o amor que pomos em tudo o que fazemos, damos e recebemos. Dar amor, sempre, e acolher de braços abertos o amor que recebemos das pessoas que nos amam: é isto o mais bonito e o mais importante da vida, em qualquer condição e para todas as pessoas... até para o Papa, sabeis? A nossa alegria não depende de mais nada: a nossa alegria depende do amor!
E isto leva-nos à outra pergunta: «Como é que podemos tornar o nosso mundo mais lindo e feliz?». Seguramente, seguindo a mesma “receita”: aprendendo, dia após dia, a amar a Deus e aos outros com todo o nosso coração! E tentando assimilar tudo o que pudermos — mesmo na escola — para o realizar da melhor maneira possível, estudando e esforçando-nos ao máximo em todas as oportunidades que nos são dadas para crescer, melhorar e aperfeiçoar os nossos dons e capacidades.
Já alguma vez vistes como um gato se prepara para dar um grande salto? Primeiro, concentra-se e dirige toda a sua força e os seus músculos na direção certa. Talvez o faça tão rápido, que nem nos damos conta, mas ele fá-lo. Do mesmo modo, pede-se a cada um de nós para concentrar todas as nossas forças no objetivo que é o amor de Jesus e, n’Ele, amar a todos os irmãos e irmãs que encontramos no nosso caminho, e depois, com ímpeto, encher tudo e todos com o nosso afeto! Neste sentido, como dissestes, nenhum de nós é “um peso”: somos todos dons belíssimos de Deus, somos tesouro uns para os outros!
Obrigado, queridas crianças, muito obrigado por este encontro, e obrigado a todos vós que, aqui e juntos, trabalhais com amor. Mantende sempre acesa esta luz, que é um sinal de esperança não só para vós, mas para todos aqueles que encontrais, e também para o nosso mundo, por vezes tão egoísta e preocupado com coisas que não interessam. Conservai acesa a luz do amor! E, por favor, rezai também por mim!