45ª viagem apostólica do Papa Francisco — Indonésia
O abraço aos órfãos
O primeiro encontro do Papa Francisco na Indonésia foi com os órfãos, os idosos, os pobres e os refugiados, a encarnação da “cultura do descarte” que ele sempre denunciou. Depois de aterrar no aeroporto Soekarno-Hatta, na capital Jacarta, o Pontífice dirigiu-se à nunciatura apostólica, sua residência durante a etapa indonésia da viagem à Ásia e à Oceânia. Cruzando o limiar da representação pontifícia, a saudar o bispo de Roma encontravam-se quarenta pessoas, todas sentadas em círculo na sala, acompanhadas por aqueles que as assistem quotidianamente e procuram colmatar faltas e satisfazer necessidades: as religiosas dominicanas, o Jesuit Refugee Service (Jrs) e a Comunidade de Santo Egídio. Esta última, em particular, trouxe vinte hóspedes: «Um povo variado — explicaram aos meios de comunicação do Vaticano os representantes da comunidade presentes no encontro com o Papa — pobres que vivem nas ruas, que recolhem o lixo e que o reciclam. Não são desabrigados como os vemos na Europa, mas famílias inteiras que não têm casa e vivem no meio do lixo». Aqui são chamados «os homens das carroças», porque nestes veículos de madeira carregam o lixo recolhido nas lixeiras e, muitas vezes, o próprio carro é a única “casa” que têm. Alguns deles puderam apertar a mão de Francisco, que passou por todas as cadeiras, cumprimentando cada um e ouvindo brevemente as suas histórias.
Entre eles, também acompanhados por Santo Egídio e por Erlip Vitarsa, primeiro diácono permanente da arquidiocese de Jacarta, havia idosos dos institutos, refugiados da Somália e uma família de refugiados do Sri Lanka. Francisco abençoou-os, tal como fez com um refugiado de Myanmar, um dos muitos Rohingyas que sofrem as brutalidades tantas vezes estigmatizadas pelo Papa. Em sinal de proximidade e carinho, o Pontífice colocou a mão na cabeça de um menino, trazido à nunciatura pelo jrs . Abraços e mais abraços, Francisco distribuiu-os depois às muitas crianças presentes: tanto aos órfãos trazidos das aldeias e periferias urbanas, alimentados e educados pelas irmãs dominicanas, como às crianças das Escolas da Paz, que lhe entregaram o desenho do “mundo que eu gostaria”, a imagem do globo terrestre sustentado por dois braços feitos de muitas bandeiras, unidas e próximas em sinal de fraternidade.
Entre beijos, bênçãos e terços como presentes, o Papa passou boa parte deste encontro com os mais pequeninos, depois parou para falar privadamente com uma mulher do Afeganistão, envolta num chador, e brincou com um idoso numa cadeira de rodas: “Eu também!”. Concluindo, concedeu a bênção, dizendo-se feliz e comovido por ter iniciado com tal encontro a mais longa viagem do seu pontificado (salvatore cernuzio).