· Cidade do Vaticano ·

Catequese — O Pontífice retomou as reflexões sobre “O Espírito e a Esposa”

A certeza de que a Deus
nada é impossível

 A certeza de que a Deus nada é impossível   POR-033
08 agosto 2024

«Nada é impossível a Deus. E se acreditarmos nisto, faremos milagres». É a «certeza reconfortante no coração» com que o Papa Francisco concluiu a catequese da audiência geral de quarta-feira, 7 de agosto, a primeira após a pausa de verão. Retomando com os fiéis presentes na Sala Paulo vi e com os que o seguiam através dos meios de comunicação social o ciclo de reflexões sobre “O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo guia o povo de Deus em direção a Jesus, nossa esperança”, o Pontífice abordou o tema «Encarnado pelo Espírito Santo pela Virgem Maria. Como conceber e dar à luz Jesus».

Estimados irmãos e irmãs,
bom dia!

Com a catequese de hoje entramos na segunda fase da história da salvação. Depois de ter contemplado o Espírito Santo na obra da Criação, contemplá-lo-emos durante algumas semanas na obra da Redenção, isto é, de Jesus Cristo. Passemos, então, ao Novo Testamento e vejamos o Espírito Santo no Novo Testamento.

O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo. No Evangelho de Lucas, lemos: «O Espírito Santo descerá sobre ti» — ou Maria — «o poder do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» (1, 35). O evangelista Mateus confirma este dado fundamental sobre Maria e o Espírito Santo, dizendo que Maria «ficou grávida por obra do Espírito Santo» (1, 18).

A Igreja acolheu este facto revelado e colocou-o muito cedo no coração do seu Símbolo de fé. No Concílio Ecuménico de Constantinopla de 381 — o mesmo que definiu a divindade do Espírito Santo — este artigo entrou na fórmula do “Credo”.

Portanto, trata-se de um dado de fé ecuménico, pois todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo da fé. A piedade católica, desde tempos imemoráveis, extrai dele uma das suas orações quotidianas, o Angelus.

Este artigo de fé é o fundamento que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja. Com efeito, Jesus — escreve São Leão Magno — «dado que Ele nasceu por obra do Espírito Santo de uma mãe virgem, assim torna a Igreja, sua Esposa imaculada, fecunda com o sopro vital do mesmo Espírito».1 Este paralelismo é retomado na Constituição Dogmática Lumen gentium, que diz: «Pela sua fé e obediência, Maria gerou na terra o mesmo Filho de Deus, sem contacto com homem, mas envolta pelo Espírito Santo. [...] Agora, contemplando a santidade milagrosa da Virgem, imitando a sua caridade e cumprindo fielmente a vontade do Pai através da Palavra fielmente recebida, a Igreja torna-se também mãe, pois, pela pregação e pelo batismo, gera os seus filhos, concebidos pelo Espírito Santo e nascidos de Deus, para uma vida nova e imortal» (nn. 63, 64).

Concluímos com uma reflexão prática para a nossa vida, sugerida pela insistência da Escritura nos verbos “conceber” e “dar à luz”. Na profecia de Isaías, ouvimos: «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho» (7, 14); e o Anjo diz a Maria: «Conceberás e darás à luz um filho» (Lc 1, 31). Maria primeiro concebeu, depois deu à luz Jesus: primeiro recebeu-o em si, no seu coração e na sua carne, depois deu-o à luz.

É o que acontece com a Igreja: primeiro acolhe a Palavra de Deus, deixa-a “falar ao seu coração” (cf. Os 2, 16) e “encher as suas entranhas” (cf. Ez 3, 3), segundo duas expressões bíblicas, e depois dá-a à luz com a vida e a pregação. Esta última é estéril sem a primeira.

Também a Igreja, face às tarefas que superam as suas forças, se coloca espontaneamente a mesma questão: “Como é possível isto?”. Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar? A resposta é também a mesma de outrora: «Recebereis a força do Espírito Santo [...]». Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar.

O que se diz da Igreja em geral aplica-se também a nós, a cada batizado. Cada um de nós encontra-se por vezes, na vida, em situações maiores do que as próprias forças e pergunta-se: “Como posso enfrentar esta situação?”. Nesses casos, é útil repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem: «A Deus nada é impossível» (Lc 1, 37).

Irmãos e irmãs, retomemos também nós o nosso caminho, cada vez com esta certeza reconfortante no coração: “Nada é impossível a Deus”. E se acreditarmos nisto, faremos milagres. Nada é impossível a Deus.

 

1 Discurso 12º sobre a Paixão, 3, 6: PL 54, 356.