Adecisão do Governo australiano de proibir, por tempo indeterminado, a exploração mineira de urânio num sítio indígena situado nos limites do Parque Nacional de Kakadu, uma reserva natural rica em biodiversidade situada no norte do país e classificada como Património Mundial da UNESCO desde 1981, foi qualificada como “histórica”.
A área em questão, Jabiluka, no Território do Norte, engloba uma das maiores reservas mundiais de urânio de alta qualidade. O jazigo, descoberto na década de 1970, nunca foi utilizado. Após complexas disputas legais entre as comunidades nativas e as grandes empresas mineiras, foram encontrados na zona, em 2017, vestígios de povoações indígenas com dezenas de milhares de anos: os arqueólogos encontraram um tesouro enterrado de machados e ferramentas de pedra. Foi por esta razão que o primeiro-ministro Anthony Albanese, numa cerimónia em Sydney, quis sublinhar a “extraordinária e duradoura ligação” do povo aborígene com essa terra.
Agora, foi anunciado que os limites do Parque Nacional de Kakadu — uma área que inclui zonas húmidas, rios, declives de arenito e que alberga cerca de 2000 espécies de plantas e de animais selvagens — serão alargados para incluir e preservar o sítio de Jabiluka, de acordo com os desejos da população indígena Mirarr. Esta comunidade “ama e cuida da sua terra há mais de 60.000 anos”, acrescentou Albanese, recordando que a zona possui “algumas das mais antigas obras de arte rupestre do mundo”.
No âmbito dos planos de conservação dos sítios indígenas — depois de, em 2020, uma empresa mineira ter feito explodir um abrigo rochoso com 46 000 anos para explorar um jazigo de minério de ferro, desencadeando uma maré de protestos —, a medida relativa a Jabiluka segue-se a medidas recentes semelhantes relativas à proibição de atravessar as Horizontal Falls e à proibição de escalar o monólito vermelho de Uluru-Ayers Rock, ambos considerados “sagrados” pelos aborígenes, tal como a zona de Jabiluka. (giada aquilino)