· Cidade do Vaticano ·

Reunião editorial especial de «L’Osservatore Romano» no “Estate Ragazzi in Vaticano 2024”

Pequenos aprendizes de jornalistas

 Pequenos  aprendizes de jornalistas  POR-029
18 julho 2024

Manchete: «Poluição». Subtítulo: «Devemos parar com isto!». Sumário: «O mundo começa a tornar-se uma lixeira».

Aos pequenos jornalistas do Estate Ragazzi in Vaticano 2024 não falta o dom da síntese. Convidados por Andrea Monda, diretor de «L’Osservatore Romano», para trabalhar nas maquetes “reais” do jornal do Papa, levaram muito a sério o seu papel de repórteres.

Afinal, o tema deste ano, «Cavaleiros errantes», já convida à curiosidade e à ousadia para explorar e narrar o mundo.

«Tema para um verão repleto de desafios desportivos e novas aventuras», lê-se no site da colónia na cidade, criada para os filhos dos funcionários do Governatorato e da Santa Sé, com cursos de treinamento que incluem danças em grupo, jogos em equipe, atividades desportivas, oficinas e espetáculos. Tudo isto enquanto cresce a expetativa de um possível encontro (como aconteceu no ano passado) com o Papa Francisco nos próximos dias.

«“Cavaleiros errantes” não é apenas o título de uma aventura de verão, mas resume o desafio que queremos propor ao Estate Ragazzi: pôr-se a caminho, sem um destino predefinido, exceto o de superar os desafios da vida quotidiana e alcançar os próprios sonhos ou grandes objetivos».

Através da história de Dom Quixote, explicam os organizadores, «cada dia será transformado num feito heroico em volta de temas como gentileza, generosidade, respeito e coragem».

Antes do workshop “Cronistas por um dia”, realizado no dia 11 de julho num dos ambientes adjacentes à Sala Paulo vi , as crianças foram divididas em grupos. Cada mesa recebeu uma página diferente: do serviço internacional à cultura, sem esquecer o serviço do Vaticano e a primeira página (que tinha a tarefa de reunir os relatórios dos outros grupos), uma edição especial sobre o meio ambiente Laudato si’ e até um número de «Osservatore di strada» dos jovens.

«Cada vez que passo pela Torre Maura», lê-se num dos artigos intitulado Amici per strada, «vejo-a com frequência e ela sempre me enche de ternura. Roberta é uma senhora que, como muitos, não teve a oportunidade de levar uma vida melhor. Em pouco tempo, conversando com ela, descobri que tem um grande coração». Ainda mais dramática é a História de uma mudança inesperada, escrita à mão com letras maiúsculas ao lado do artigo sobre a senhora desabrigada que foi “adotada” pelo bairro romano de Torre Maura.

«Era um professor de jardim de infância que gostava muito do seu trabalho. Anos mais, encontrei-o, mas inicialmente era irreconhecível, morava na rua. Disse-me que tinha sido injustamente acusado por uma colega de trabalho. Perdeu todos os bens e o respeito da sua família e, acima de tudo, por si mesmo».

Entre os pedidos de editoriais com tema livre, houve muito interesse pelo mundo do futebol e tantos comentários sobre a vitória da Inglaterra contra a Holanda, enquanto se aguardava a final com a Espanha, e uma ampla gama de temas sempre relacionados com o Campeonato europeu e com a derrota da seleção italiana, mas também uma detalhada e surpreendente questão de esclarecimento sobre os delicados cenários políticos internacionais que decorrem entre Azerbaijão, Arménia e Irão, feito por um repórter principiante que, no tempo disponível para o workshop, conseguiu compilar um número especial de duas páginas, completo com mapas desenhados à mão e protótipos de infográficos sobre os conflitos em curso no mundo.

Tantas notícias de guerra nos desenhos que as crianças incluíram na maquete oferecida por «L’Osservatore», chuvas de bombas que caem sobre prédios reduzidos a esqueletos sem portas nem janelas e vítimas de tiroteios retratadas como silhuetas inertes nas bordas da folha (nas legendas lê-se. “Ucrânia” ou “Gazza”, com uma ortografia incerta que nunca prevê um único “z”), mas também tantas imagens de sóis deslumbrantes e reconfortantes.

Muitas perguntas sobre o escândalo dos seus coetâneos serem forçados a pegar numa espingarda e lutar, bem como sobre a estupidez do mal que frequentemente veem nos meios de comunicação social.

Entre os vídeos mais horripilantes citados nos artigos há o clipe de uma pessoa que lança um gatinho doente de um penhasco.

«Os smartphones são bons para as crianças?», pergunta uma delas, com uma manchete que poderia muito bem ser confundida com as páginas de investigações feitas pelos “adultos”, em jornais que nestes meses cedem espaço ao género literário da pesquisa sociológica de verão.

Antes do almoço, os pequenos repórteres cantam La cumbia della fame, uma variante criativa do sucesso de Angelina Mango em Sanremo, reelaborada pelos educadores que, ao grito «Tutti pronti per un cuore gold?» (livremente tirado da canção de Mahmood), conduzem o coro das crianças. Tão pequeninos, e contudo já tão grandes!

Silvia Guidi