· Cidade do Vaticano ·

Angelus no final da celebração eucarística

O desafio de conjugar acolhimento e identidade

 O desafio de conjugar  acolhimento e identidade  POR-028
11 julho 2024

Na conclusão da celebração eucarística, o Papa Francisco presidiu à recitação mariana do Angelus, introduzindo-o com as seguintes palavras.

Queria agradecer ao Arcebispo, por muitas coisas, mas sobretudo por uma: por não ter “falado” dos doentes... Nomeou-os! Conhece-os pelo nome! E isto é um exemplo, porque a caridade é concreta, o amor é concreto. Agradeço muito ao Arcebispo porque ele tem este hábito. Cada pessoa, sadia ou doente, grande ou pequena, cada pessoa tem dignidade. A dignidade mostra-se pelo nome e ele sabe o nome. É muito bonito. Agora espero que ele continue com este conhecimento, porque uma vez encontrei um pároco de montanha — era pároco de três aldeias — e perguntei-lhe: “Mas diz-me, és capaz de conhecer as pessoas pelo nome?”, e ele respondeu: “Também sei o nome dos cães das famílias!”. Agora espero que ele vá em frente e saiba os nomes dos cães.

Amados irmãos e irmãs!

Antes da bênção final, gostaria de saudar todos vós reunidos nesta praça tão sugestiva. Agradeço ao bispo pelas suas palavras e sobretudo pela preparação da visita, e com ele todos aqueles que colaboraram de muitas maneiras, especialmente pela liturgia — são bons liturgistas; aplausos ao maestro e a todos — e pelos numerosos serviços; assim como às muitas pessoas que participaram na oração. Asseguro a minha proximidade aos doentes — cumprimentei muitos deles —, aos presos, que quiseram estar presentes, aos migrantes — Trieste é uma porta aberta para os migrantes — e a todos aqueles que têm mais dificuldade.

Trieste é uma daquelas cidades que têm uma vocação para reunir povos diferentes: em primeiro lugar porque é um porto, e um porto importante, e depois porque está na encruzilhada entre Itália, Europa Central e Balcãs. Nestas situações, o desafio para a comunidade eclesial e civil é saber conjugar abertura e estabilidade, acolhimento e identidade. Por isso, eu diria: tendes os “documentos em ordem”. Obrigado! Tendes os “os documentos em ordem” para enfrentar este desafio! Como cristãos, temos o Evangelho, que dá sentido e esperança à nossa vida; e como cidadãos, tendes a Constituição, uma “bússola” fiável para o caminho da democracia.

Por isso, em frente! Força! Sem medo, abertos e firmes nos valores humanos e cristãos, acolhedores mas sem comprometer a dignidade humana. Com isto não se brinca.

A partir desta cidade, renovemos o nosso compromisso de rezar e trabalhar pela paz: pela martirizada Ucrânia, pela Palestina e Israel, pelo Sudão, Myanmar e todos os povos que sofrem com a guerra. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria, venerada no Monte Grisa como Mãe e Rainha.