· Cidade do Vaticano ·

No Angelus o Papa renovou o apelo à paz na Ucrânia, na Palestina, em Israel

Os governantes não alimentem o confronto mas procurem a negociação para resolver os conflitos

 Os governantes não alimentem o confronto mas procurem  a negociação para resolver os conflitos  ...
27 junho 2024

«É necessária a negociação» para «uma solução pacífica dos conflitos», evitando «qualquer ação ou palavra que alimente o confronto», pediu o Papa no final do Angelus de 23 de junho, implorando a paz para a Ucrânia, a Palestina e Israel. Ao meio-dia, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu a recitação da prece mariana com os fiéis reunidos na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, comentando o evangelho dominical (Mc 4, 35-41), centrado no conhecido episódio da tempestade no lago de Tiberíades, acalmada por Jesus.

Queridos irmãos e irmãs
bom domingo!

O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus no barco com os discípulos, no lago de Tiberíades. De repente, chega uma forte tempestade e o barco corre o risco de se afundar. Jesus, que estava a dormir, acorda, ameaça o vento e tudo volta à calma (cf. Mc 4, 35-41).

Mas, na realidade, não acorda, acordam-no! Com tanto medo, são os discípulos que acordam Jesus. Na noite anterior, tinha sido o próprio Jesus a dizer aos discípulos que entrassem no barco e atravessassem o lago. Eles são experientes, são pescadores, e aquele é o seu ambiente de vida; mas uma tempestade podia pô-los em apuros. Parece que Jesus quer pô-los à prova. No entanto, não os deixa sozinhos, fica com eles no barco, em silêncio, até a dormir. E quando a tempestade se desencadeia, com a sua presença tranquiliza-os, encoraja-os, incita-os a ter mais fé e acompanha-os para além do perigo. Mas podemos fazer esta pergunta: porque se comporta assim Jesus?

Para reforçar a fé dos discípulos e para os tornar mais corajosos. De facto, eles saem desta experiência mais conscientes do poder de Jesus e da sua presença no meio deles e, por isso, mais fortes e mais dispostos a enfrentar os obstáculos e as dificuldades, incluindo o medo de se aventurarem a anunciar o Evangelho. Tendo superado esta prova com Ele, serão capazes de enfrentar muitas outras, até à cruz e ao martírio, para levar o Evangelho a todas as nações.

E Jesus faz o mesmo connosco, em particular na Eucaristia: reúne-nos à sua volta, dá-nos a sua Palavra, alimenta-nos com o seu Corpo e Sangue, e depois convida-nos a fazer-nos ao largo, para transmitir o que ouvimos e partilhar com todos o que recebemos, na vida de todos os dias, mesmo quando é difícil. Jesus não nos poupa das dificuldades, mas, sem nunca nos abandonar, ajuda-nos a enfrentá-las. Ele torna-nos corajosos. Assim, também nós, superando-as com a sua ajuda, aprendemos cada vez mais a estreitar-nos a Ele, a confiar no seu poder, que vai muito além das nossas capacidades, a superar incertezas e hesitações, fechamentos e preconceitos, com coragem e grandeza de coração, para dizer a todos que o Reino dos Céus está presente, está aqui, e que com Jesus ao nosso lado podemos fazê-lo crescer juntos para além de todas as barreiras.

Perguntemo-nos, então: nos momentos de provação, sei recordar as vezes que na minha vida experimentei a presença e a ajuda do Senhor? Pensemos: quando chega alguma tempestade, deixo-me dominar pelo tumulto ou estreito-me a Ele — há tantas tempestades interiores — para encontrar a calma e a paz, na oração, no silêncio, na escuta da Palavra, na adoração e na partilha fraterna da fé?

A Virgem Maria, que aceitou a vontade de Deus com humildade e coragem, nos conceda, nos momentos difíceis, a serenidade do abandono n’Ele.

No final da oração mariana, o Papa saudou os grupos de fiéis presentes, incluindo os participantes no evento “Escolhamos a vida”. Depois, lançou um apelo a favor da paz nos países em conflito e recordou o falecimento do seu confessor, o franciscano Manuel Blanco.

Amados irmãos e irmãs!

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos de Itália e de vários países.

Saúdo em particular os fiéis de Sant Boi de Llobregat (Barcelona) e os de Bari. Saúdo os participantes no evento “Escolhamos a vida”, o coro “Edelweiss” da Secção Alpina de Bassano del Grappa e os ciclistas de Bollate que vieram de bicicleta.

Continuemos a rezar pela paz, sobretudo na Ucrânia, na Palestina e em Israel. Olho para a bandeira de Israel. Hoje vi-a ao voltar da Igreja dos Santos Quarenta Mártires, é um apelo à paz! Rezemos pela paz! Palestina, Gaza, Norte do Congo... Rezemos pela paz! E paz na Ucrânia, que sofre tanto, que haja paz! Que o Espírito Santo ilumine as mentes dos governantes, lhes incuta sabedoria e sentido de responsabilidade, para que evitem qualquer ação ou palavra que alimente o confronto e, em vez disso, procurem decididamente uma solução pacífica para os conflitos. A negociação é necessária.

Anteontem faleceu o Padre Manuel Blanco, um franciscano que viveu quarenta e quatro anos na Igreja Santos Quarenta Mártires e São Pasquale Baylon, em Roma. Era superior, confessor, homem de conselho. Ao recordá-lo, gostaria de lembrar tantos irmãos franciscanos, confessores, pregadores, que honraram e honram a Igreja de Roma. Obrigado a todos eles!

E desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!