· Cidade do Vaticano ·

No Angelus apelo do Papa à paz também para a Ucrânia, a Terra Santa, o Sudão e Myanmar

Fim das violências na República Democrática do Congo

Faithfuls gather at St. Peter's Square as they attend the Angelus prayer led by Pope Francis (R up) ...
20 junho 2024

Na República Democrática do Congo «seja feito tudo o que for possível para fazer cessar a violência e salvaguardar a vida dos civis», pediu o Papa no final do Angelus de 16 de junho, consternado com as notícias de «conflitos e massacres no leste» do país africano. Ao meio-dia, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, antes de recitar a oração mariana com os fiéis reunidos na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social, o Pontífice comentou o Evangelho de domingo, que nesta ocasião abordou o tema do Reino de Deus através da imagem da semente (Mc 4, 26-34).

Queridos irmãos e irmãs
bom domingo!

O Evangelho da liturgia de hoje fala-nos do Reino de Deus através da imagem da semente (cf. Mc 4, 26-34). Jesus usa várias vezes esta comparação (cf. Mt 13, 1-23; Mc 4, 1-20; Lc 8, 4-15), e hoje fá-lo convidando-nos a refletir em particular sobre uma atitude importante ligada à imagem da semente, que é a expetativa confiante.

De facto, na sementeira, por melhor e mais abundante que seja a semente que o agricultor espalha, e por melhor que prepare a terra, as plantas não brotam imediatamente: é preciso tempo e paciência! Por isso, é necessário que, depois da sementeira, ele saiba esperar com confiança, para permitir que as sementes germinem no momento propício e que os rebentos brotem da terra e cresçam, suficientemente fortes para garantir, no fim, uma colheita abundante (cf. vv. 28-29). Debaixo da terra, o milagre já está a acontecer (cf. v. 27), há um desenvolvimento enorme, mas invisível, é preciso paciência e, entretanto, é necessário continuar a cuidar dos torrões, regando-os e mantendo-os limpos, não obstante à superfície parece que nada acontece.

O Reino de Deus também é assim. O Senhor deposita em nós as sementes da sua Palavra e da sua graça, sementes boas e abundantes, e depois, sem nunca deixar de nos acompanhar, espera pacientemente. O Senhor continua a cuidar de nós, com a confiança de um Pai, mas dá-nos tempo — o Senhor é paciente — para que as sementes se abram, cresçam e se desenvolvam até darem frutos de boas obras. E isto porque Ele quer que nada se perca no seu campo, que tudo chegue à plena maturidade; quer que todos nós possamos crescer como espigas cheias de grãos.

E não só. Ao fazê-lo, o Senhor dá-nos um exemplo: ensina-nos também a semear o Evangelho com confiança onde estamos, e depois a esperar que a semente lançada cresça e dê fruto em nós e nos outros, sem desanimar e sem deixar de nos apoiarmos e ajudarmos uns aos outros, mesmo quando, apesar dos nossos esforços, parece que não vemos resultados imediatos. De facto, muitas vezes, até entre nós, para além das aparências, o milagre já está em curso e, a seu tempo, dará frutos abundantes!

Podemos então perguntar-nos: deixo semear a Palavra em mim? Por minha vez, semeio com confiança a Palavra de Deus nos ambientes em que vivo? Sou paciente na espera, ou desanimo porque não vejo resultados imediatos? E sou capaz de confiar tudo serenamente ao Senhor, dando o meu melhor para anunciar o Evangelho?

A Virgem Maria, que acolheu e fez crescer dentro de si a semente da Palavra, nos ajude a ser semeadores generosos e confiantes do Evangelho.

Depois do Angelus, o Papa recordou a beatificação, ocorrida na véspera em Cracóvia, do sacerdote mártir Michael Rapacz, e lançou um apelo à paz para a República Democrática do Congo, realçando que entre as vítimas, muitos são «cristãos mortos “in odium fidei”». Chamou-lhes verdadeiros «mártires», antes de exortar a rezar também pela «Ucrânia, Terra Santa, Sudão, Myanmar e onde quer que haja pessoas que sofrem devido à guerra». Depois, saudando os vários grupos presentes, dirigiu-se em particular às mulheres da comunidade católica congolesa de Roma — «estas mães cantam bem», disse, convidando-as a «cantar de novo» — e aos doadores de sangue «que acabam de celebrar o seu dia nacional».

Queridos irmãos e irmãs!

Ontem, em Cracóvia, foi beatificado Michael Rapacz, sacerdote e mártir, pastor segundo o coração de Cristo, testemunha fiel e generosa do Evangelho, que experimentou a perseguição nazi e soviética e respondeu com o dom da vida. Aplaudamos o novo Beato!

Continuam a chegar notícias dolorosas de confrontos e massacres na parte oriental da República Democrática do Congo. Apelo às autoridades nacionais e à comunidade internacional para que façam todo o possível para pôr termo à violência e salvaguardar a vida dos civis. Entre as vítimas, muitos são cristãos mortos in odium fidei. São mártires. O seu sacrifício é uma semente que germina e dá fruto, e nos ensina a testemunhar o Evangelho com coragem e coerência.

Não deixemos de rezar pela paz na Ucrânia, na Terra Santa, no Sudão, em Myanmar e em todos os lugares onde as pessoas sofrem com a guerra.

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos! Saúdo de modo particular os fiéis do Líbano, do Egipto e de Espanha; os estudantes da “London Oratory School”; os da diocese de Opole, na Polónia, e os de Budapeste-Albertfalva; os participantes no Fórum Europeu dos Leigos, sobre o tema “Fé, arte e sinodalidade”; e o grupo de mães da comunidade católica congolesa de Roma. Estas mães cantam bem! Gostaria muito de vos ouvir cantar de novo.

Saúdo os fiéis de Carini, Catania, Siracusa e Messina; as crianças da Comunhão e do Crisma de Mestrino, os Crismandos de Castelsardo (Sassari), Bolgare (Bergamo) e Camin (Pádua); e, por fim, um pensamento de gratidão aos doadores de sangue, que acabam de celebrar o seu Dia nacional.

Saúdo-vos a todos e desejo-vos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!