· Cidade do Vaticano ·

O serviço multifacetado de uma religiosa das Irmãs Marianas de Schönstatt no Equador

Cuidados dentários às pessoas e mensagem de Deus nas redes sociais

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20 junho 2024

Dentista, produtora de redes sociais, religiosa: esta é a descrição do trabalho da irmã M. Paula Blum, religiosa do instituto secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt no Equador. A jovem de 34 anos frequenta o último ano da universidade para se tornar dentista — e a sua paixão é espalhar a “Boa Nova” através do Instagram.

«Éuma dádiva, poder fazer o que eu gosto de fazer. Sou uma irmã de Maria — deixei a odontologia para me tornar uma irmã de Maria, mas depois voltei. E agora ocupo-me de redes sociais, que é o meu hobby».

É assim que a irmã M. Paula Blum, equatoriana, resume a sua vida: irmã de Maria de Schoenstatt e futura dentista.

Numa entrevista a Vatican News, a irmã M. Paula explica como se encontrou a viver a sua missão nestes dois campos muito diferentes.

«Quando tinha 11 anos decidi ser dentista», recorda. E antes de entrar no instituto secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, frequentou cursos de dentista durante três anos. Conheceu as irmãs de Schoenstatt através do trabalho que o Movimento com o mesmo nome desenvolve junto da juventude e das famílias. A irmã Paula sentiu-se atraída por este modo de vida e pensou que poderia prestar serviço na pastoral do Movimento de Schoenstatt.

«Quando entrei para a comunidade, não sabia que era um instituto secular», diz: por isso, ainda não sabe que as irmãs também podem exercer profissões seculares.

Os institutos seculares são, de facto, comunidades de pessoas consagradas que podem viver sozinhas no mundo e trabalhar em áreas seculares. A sua missão é santificar a Palavra «a partir de dentro» através da sua presença na sociedade secular.

A irmã M. Paula ainda se lembra de quando a superiora lhe perguntou se ela «queria continuar a estudar medicina dentária». Paula respondeu-lhe que sim, que tinha pensado nisso e que «se fosse possível, que gostaria». Por outro lado, perguntou-se se não poderia também estudar uma disciplina relacionada com as redes sociais.

E depois, a decisão: «Pensei que podia ocupar-me das redes sociais mesmo sem um específico título de estudo: podia trabalhar nelas, até ensinar... enquanto que ser dentista, sem um diploma, não o posso fazer».

Os dentes são um tesouro

«Sei que, normalmente, as pessoas têm medo de ir ao dentista e acham estranho que gostemos de trabalhar na boca das pessoas: sim, é isso que as pessoas normalmente pensam de nós», explica a irmã Paula. Em contrapartida, ela considera a boca e os dentes das pessoas como «um tesouro».

«Sei que ainda tenho de estudar muito para poder cuidar dos dentes que nos permitem falar, comer e também ter boas relações: de facto, as pessoas que não têm um sorriso bonito têm com frequência baixa autoestima, algumas por vezes nem sequer falam...», explica.

A irmã Paula vê este trabalho como um meio de ajudar as pessoas a sentirem o próprio valor e dignidade. Sempre foi seu desejo ajudar todos, «e sei que como dentista posso ajudar muitas pessoas a recuperar um estilo de vida saudável, posso ajudá-las a comer bem e o que quiserem, e a melhorar a sua autoestima», acrescenta.

O seu sonho é «ter um consultório dentário» próprio: «trabalhar num hospital, com outros colegas, mas também ajudar as pessoas que não podem pagar a um dentista».

E depois há a outra paixão da irmã Paula: as redes sociais.

Deus deve estar
onde estão
as pessoas

A irmã M. Paula confessa: «Quando me perguntei se queria ser consagrada, não quis perguntar à religiosa mais nova, mas pesquisei no Google a comunidade das Irmãs de Maria. Foi aí que me apercebi que, por vezes, as pessoas procuram respostas na Internet».

Ela explica por que razão se sentiu chamada a utilizar as redes sociais para estar próxima das pessoas:

«O facto de ser uma millennial, de ter crescido com as redes sociais, no meu tempo com o Hi5 e o Facebook, fez-me perceber que as pessoas passam muito tempo nas redes sociais — porque eu também o fazia. Eu sempre quis estar onde as pessoas estavam. Deus deve estar onde as pessoas estão, onde procuram respostas».

Assim, a irmã M. Paula começou a desenvolver um canal de Instagram que a comunidade do Equador tinha aberto em 2020, motivando as suas irmãs a colaborar criando conteúdos inspiradores para a comunidade online: assim nasceu a conta @hermanasdemariaec.

Dividir o seu tempo entre a vida comunitária, os estudos universitários e as redes sociais tem sido um grande desafio, admite a irmã M. Paula. «O tempo é o meu maior desafio: sinto que tenho um dom, que posso fazer o que me apetece. Mas depois, gerir o tempo que se tem quando se gosta de tudo o que se faz é realmente um desafio».

No final, resta-lhe meio dia por semana para as redes sociais, confessa; e há períodos em que não é suficiente. «Em certas alturas, quando o estudo exige muito, dou por mim a editar vídeos a caminho de casa», conta a irmã M. Paula. «Depois, quando chego a casa, estou um pouco tonta, mas acabei o vídeo! Sim, devo dizer que é um desafio».

Religiosas nas redes sociais

A irmã M. Paula partilha as suas ideias sobre o contributo especial que as religiosas podem dar ao mundo das redes sociais.

Uma questão em particular a motivou: «Pensei: mas se a Bem-Aventurada Virgem Maria estivesse aqui, hoje, e tivesse as redes sociais à sua disposição, como é que ela comunicaria a mensagem do seu Filho a este mundo, neste século?».

«Penso que este é o contributo que podemos dar como mulheres consagradas: levar a mensagem de Deus de uma forma feminina, como faria Maria, com esta linguagem, com estes valores».

E dado que «há realmente muitas fake news, e há também muitas imagens falsas da mulher», a irmã M. Paula acrescenta: «Acho que também temos essa missão de dar ao mundo a verdadeira imagem da mulher».

#sistersproject

Francine-Marie Cooper