· Cidade do Vaticano ·

No Angelus, o Papa invocou a paz também para a Ucrânia, Terra Santa e Myanmar

No Sudão, levar ajuda
à população e às numerosas pessoas deslocadas

 No Sudão, levar ajuda  à população e às numerosas pessoas deslocadas  POR-023
06 junho 2024

Um apelo à paz no Sudão, «onde a guerra que dura há mais de um ano ainda não encontrou uma solução», foi lançado pelo Papa no Angelus de 2 de junho, sem esquecer a Ucrânia, a Palestina, Israel e Mianmar. Ao meio-dia, da janela do Palácio Apostólico do Vaticano recitando a oração mariana com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro e com os que o seguiam através dos meios de comunicação social, o Pontífice começou por comentar, como habitualmente, o Evangelho dominical. Por ocasião da solenidade de Corpus Christi, celebrada em Itália e noutros países, deteve-se sobre a narração da Última Ceia.

Queridos irmãos e irmãs,
bom domingo!

Hoje, em Itália e noutros países, celebra-se a solenidade de Corpus Christi. O Evangelho da liturgia narra a Última Ceia (Mc 14, 12-26), durante a qual o Senhor realiza um gesto de entrega: de facto, no pão partido e no cálice oferecido aos discípulos, é Ele mesmo que se entrega por toda a humanidade e se oferece pela vida do mundo.

Naquele gesto de Jesus que parte o pão, há um aspeto importante que o Evangelho sublinha com as palavras “deu-lho” (v. 22). Fixemos no nosso coração estas palavras: deu-lho. A Eucaristia, de facto, recorda antes de mais a dimensão do dom. Jesus toma o pão não para o consumir sozinho, mas para o partir e o dar aos discípulos, revelando assim a sua identidade e a sua missão. Ele não reteve a vida para si mesmo, mas deu-a a nós; não considerou o seu ser como Deus um tesouro cioso, mas despojou-se da sua glória para partilhar a nossa humanidade e deixar-nos entrar na vida eterna (cf. Fl 2, 1-11). De toda a sua vida, Jesus fez um dom. Recordemos isto: de toda a sua vida, Jesus fez um dom.

Compreendamos, pois, que celebrar a Eucaristia e comer este Pão, como fazemos especialmente aos domingos, não é um ato de culto desligado da vida ou um mero momento de consolação pessoal; devemos sempre recordar que Jesus tomou o pão, partiu-o e deu-lho e, por isso, a comunhão com Ele torna-nos capazes de nos fazermos também nós pão partido para os outros, capazes de partilhar o que somos e o que temos. São Leão Magno dizia: «A nossa participação no corpo e no sangue de Cristo não tende a outra coisa senão a tornar-nos aquilo que comemos» (Sermão xii sobre a Paixão, 7).

É a isto, irmãos e irmãs, que somos chamados: a tornarmo-nos aquilo que comemos, a tornarmo-nos “eucarísticos”, isto é, pessoas que já não vivem para si mesmas (cf. Rm 14, 7), na lógica da posse e do consumo, mas que sabem fazer da sua vida um dom para os outros. Assim, graças à Eucaristia, tornamo-nos profetas e construtores de um mundo novo: quando superamos o egoísmo e nos abrimos ao amor, quando cultivamos laços de fraternidade, quando participamos nos sofrimentos dos irmãos e partilhamos o pão e os recursos com os necessitados, quando colocamos os nossos talentos à disposição de todos, então estamos a partir o pão da nossa vida como Jesus.

Irmãos e irmãs, perguntemo-nos então: guardo a minha vida só para mim ou dou-a como fez Jesus? Empenho-me pelos outros ou fecho-me no meu pequeno eu? E, nas situações quotidianas, sei partilhar ou procuro sempre o meu interesse?

A Virgem Maria, que acolheu Jesus, Pão descido do Céu, e se doou inteiramente com Ele, nos ajude também a tornarmo-nos um dom de amor, unidos a Jesus-Eucaristia.

Depois do Angelus, o Papa fez um apelo a favor da paz nos países onde existem conflitos — nomeadamente em África, na Europa do Leste, na Terra Santa e na Ásia — e saudou os vários grupos presentes.

Queridos irmãos e irmãs!

Convido-vos a rezar pelo Sudão, onde a guerra que dura há mais de um ano ainda não encontrou uma solução pacífica. Que as armas sejam silenciadas e, com o empenho das autoridades locais e da comunidade internacional, se possa ajudar a população e os numerosos deslocados; que os refugiados sudaneses encontrem acolhimento e proteção nos países vizinhos.

E não esqueçamos a martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, Mianmar... Apelo à sabedoria dos governantes para que cessem a escalada e façam todos os esforços de diálogo e de negociação.

Saúdo os peregrinos de Roma e de várias partes de Itália e do mundo, especialmente os da Croácia e de Madrid. Saúdo os fiéis de Bellizzi e Iglesias; o Centro Cultural “Luigi Padovese” de Cucciago; as postulantes das Filhas do Oratório; e o grupo “Pedalar por quem não pode”, que veio de bicicleta de Faenza a Roma. Saúdo os jovens da Imaculada.

Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!