Memória, profecia mística
«O imenso dom da vocação à vida consagrada, nos seus mais diversos carismas, enriquece a comunhão eclesial e contribui grandemente para a missão da Igreja», escreveu o Papa Francisco na mensagem aos participantes do Congresso da vida religiosa consagrada, promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil ( crb ), por ocasião do 70º aniversário. Abertos em Fortaleza, na quinta-feira, 30 de maio, os trabalhos terminaram no domingo, 2 de junho.
Queridos religiosos
e religiosas do Brasil!
Com o coração repleto de gratidão ao Senhor, dirijo-me a todos os participantes do Congresso da vida religiosa consagrada, promovido pela Conferência dos religiosos do Brasil, na comemoração dos seus 70 anos de fundação, com o tema “ crb 70 anos: Memória agradecida, Mística, Profecia e Esperança”. Quero assegurar-lhes minha proximidade e minhas orações pelo bom andamento do encontro e para que produza abundantes frutos na vida de cada comunidade religiosa e da Igreja no Brasil.
Sou grato pelo imenso dom da vocação à vida consagrada que, nos seus mais diversos carismas, enriquece a comunhão eclesial e colabora grandemente com a missão da Igreja em todo o mundo. De fato, em muitos lugares do planeta o primeiro anúncio do Evangelho tem a face dos consagrados e consagradas que assumem com grande empenho, e com a dedicação da própria vida, o mandato do Senhor: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura» (Mc 16, 15).
Sabemos, entretanto, que o dom da vocação deve ser custodiado e cultivado a cada dia, para que produza bons frutos na vida de cada religioso e de cada religiosa. Por isso, muito me alegrou saber que o lema escolhido para esse Congresso foi a recomendação de Jesus aos apóstolos, durante a última ceia: «Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9). Com efeito, para viver bem o chamado divino é necessário permanecer em Seu amor, através do diálogo constante com Jesus na oração diária e da fidelidade aos votos que expressam de maneira belíssima nossa consagração, como recordei há alguns anos: «A vida consagrada, se permanecer firme no amor do Senhor, vê a beleza. Vê que a pobreza não é um esforço titânico, mas uma liberdade superior, que nos presenteia como verdadeiras riquezas Deus e os outros. Vê que a castidade não é uma esterilidade austera, mas o caminho para amar sem se apoderar. Vê que a obediência não é disciplina, mas a vitória, no estilo de Jesus, sobre a nossa anarquia» (Homilia, 1 de fevereiro de 2020).
Como já expresso no tema do Congresso, faço votos que esse encontro seja momento de recordar com gratidão o passado — 70 anos de história! — de viver o presente sustentados pela mística dos carismas específicos de cada família religiosa e comprometidos de maneira profética com o anúncio do Evangelho, e de olhar para o futuro com esperança.
Confio estes desejos e preces à intercessão de Virgem Santíssima de Aparecida, Mãe dos consagrados e das consagradas do Brasil, a quem concedo de coração a minha bênção, pedindo ainda que não deixem de rezar por mim.
Roma, São João de Latrão 14 de abril de 2024.
Francisco