Publicamos a seguir o diálogo do Santo Padre com as crianças durante o encontro no Estádio olímpico de Roma, na tarde de 25 de maio, por ocasião do primeiro Dia mundial da criança.
Olá Papa Francisco, chamo-me Jeronimo e sou colombiano, mas é verdade que a paz é sempre possível?
Obrigado pela tua pergunta, és muito bom, muito bom, obrigado!
A pergunta desta criança, como te chamas? [A criança responde: Jeronimo].
O Jeronimo chama-se... fez uma pergunta: “É verdade que a paz é sempre possível?”. O que achas? A paz é sempre possível ou não? [Resposta: sim] Não ouço... [Resposta: sim!] A paz é sempre possível, mas como se faz a paz? Vamos pensar, por exemplo, na escola: tenho um problema com outra criança... [uma criança diz: “Peço desculpa...] Mas olha... diz tu, vem, vem... O que devo fazer quando tenho um problema com outra criança? Diz aqui... [a criança responde: perdoar e pedir desculpa]. Pedir desculpa e perdoar... e pedindo... Vem, vem, vem... diz, diz aqui, bem alto! O que devemos fazer? Diz, diz... [A criança responde: fazer a paz]. Fazer a paz... No nosso bairro, quando brincamos com as crianças da escola, às vezes surge algo, uma discussão, sim ou não? [Respondem: sim] Sim... E é importante continuar a discussão? [Respondem: não]. Não ouço... [Respondem: não]. O que devemos fazer? [Respondem: devemos fazer a paz]. E como fazemos a paz? [Resposta: perdoando e pedindo desculpa]. Ele diz: perdoando e pedindo desculpa, mas vou mostrar-vos um gesto de paz. Olha bem, olha bem, dá-me a tua mão... este é um gesto de paz. E agora gostaria que todos fizessem este gesto com o menino ou a menina que está ao seu lado. Um gesto de paz, todos juntos! Todos juntos! Este é o gesto da paz! A paz é sempre possível! Obrigado!
Amado Papa Francisco, chamo-me Lia Marise e sou do Burundi. O que acha que nós, crianças, podemos fazer para tornar o mundo um lugar melhor?
A pergunta é o que posso fazer para que o mundo seja melhor. Responde às perguntas que eu vou fazer. Presta atenção. O que posso fazer para tornar o mundo um lugar melhor? Discutir? [As crianças respondem]: “Não!” Não ouço. Discutir? [As crianças respondem]: “Não!”. Falar bem? [As crianças respondem]: “Sim!”. Brincar juntos? [As crianças respondem]: “Sim!”. Ajudar os outros? [As crianças respondem]: “Sim!”. Se fizermos tudo isto, o mundo será melhor. Em frente e coragem. Muito bem, menina. Que o Senhor te abençoe!
Olá Papa Francisco, eu sou o Riccardo, uma criança cigana de Scampia. Queria perguntar-lhe como é possível amar todos, todos?
Muito bem. De onde és? [Riccardo responde:] “Scampia”. Toma um caramelo. Eh, a pergunta é um pouco difícil, não é verdade? Como se pode amar todos. Amar todos. Não é fácil. Devemos começar devagar: amar os mais próximos; os que nos são mais próximos. E assim por diante. Mas se eu não amar o meu companheiro de escola, se eu não amar o menino ou a menina que está ao meu lado, não posso continuar. Devemos começar a amar aos poucos. Entendes? [Riccardo responde]: “Sim”. Aos poucos. De onde és? [Riccardo responde]: “De Scampia”. De Scampia. Muito bem. Obrigado. Até à vista!
Olá, Papa Francisco. É verdade que somos todos irmãos e irmãs?
É verdade, é verdade... uma pergunta muito profunda. Perguntas: “É verdade que somos todos irmãos e irmãs?”. É verdade ou não é verdade? [Resposta: Sim, é verdade]. É verdade... Se somos irmãos e irmãs, somos amigos? [Respondem: Sim] Não ouço... [Respondem: Sim]. Somos inimigos? [Respondem: Não]. Muito bem! Obrigado, obrigado!
Boa tarde, Papa Francisco, chamo-me Luis Gabriel, sou da Nicarágua e gostaria de lhe fazer a seguinte pergunta: por que certas pessoas não têm casa nem trabalho?
Obrigado. Toma um caramelo, dois, três.
É uma pergunta muito real. Não é uma pergunta fácil de responder. Por que certas pessoas não têm casa nem trabalho? Pergunto-vos: é um bem que certas pessoas que não têm casa nem emprego? [As crianças respondem]: “Não!”. Não ouço. É justo? [As crianças respondem]: “Não!”. Isto é uma injustiça e infelizmente há muitas pessoas que não têm trabalho, não têm casa, vivem em tendas. Muitas vezes não têm comida. Hoje estamos felizes, mas este nosso amigo, Luis Gabriel, faz a pergunta: “Porquê? Porquê?”. Este é o fruto da maldade, do egoísmo. E este é o fruto da guerra. Se uma pessoa procura passar por cima da cabeça dos outros, essa pessoa é boa ou má? Ele é bom ou mau? [As crianças respondem: “Mau!” Não ouço. Mau, como dizeis. E há tanta maldade e egoísmo... Tanta gente, tantos países gastam dinheiro para comprar armas a fim de destruir e há pessoas que não têm nada para comer. Meninos e meninas, pensai nisto! Há crianças que não têm comida, há pessoas que não têm trabalho e isso é culpa da humanidade. Peço-vos um favor: que todos os dias, quando rezardes, orai pelas crianças que sofrem esta injustiça. Hoje Luis Gabriel tocou-nos o coração. Permaneçamos todos em silêncio, um pouco mais de silêncio. Não ouço o silêncio, mais silêncio, mais silêncio. E agora, neste silêncio, todos pensem nos meninos e meninas que não têm comida. Em silêncio, todos pensem. E rezemos ao Senhor para que nos ajude a resolver esta injustiça de que todos temos alguma culpa. Obrigado, menino, obrigado. Toma um caramelo. Muito bem!
Olá, Papa Francisco, chamo-me Federico e sou italiano. No mundo deveríamos ser todos iguais, mas há crianças que sofrem em comparação connosco, por que isto acontece? E, sobretudo, o que podemos fazer para as ajudar?
Obrigado Federico, obrigado. Esta é um pouco a continuação da pergunta anterior. Há crianças que não têm o necessário... devíamos ser todos iguais, mas não somos. Por que isto acontece? Isto acontece por causa do egoísmo, da injustiça... foi por isso que fizeste a pergunta... Isto acontece porque as pessoas são egoístas, são injustas. Obrigado Federico e compete a todos nós procurar ser mais justos e trabalhar para que não haja tantas injustiças no mundo. Somos todos iguais, mas infelizmente isso nem sempre acontece. Obrigado Federico, que o Senhor te abençoe! Toma um caramelo.
Caro Papa, sou [...], venho da Indonésia e queria perguntar-lhe: se pudesse fazer um milagre, qual escolheria?
Muito bem! És boa, eh! Se eu pudesse fazer um milagre, que milagre faria? É fácil: que todas as crianças tenham o suficiente para viver, para comer, para brincar, para ir à escola. Este é o milagre que eu gostaria de fazer.
[Obrigado!].
Muito obrigado. Que todas as crianças sejam felizes. Vamos rezar ao Senhor para que Ele faça este milagre. Obrigado.
Olá, Papa Francisco, sou a Iolanda, queria perguntar-lhe se é correto que tantos idosos sejam deixados sozinhos e ninguém os visite...
O que achas? É correto ou não? O que achas? [Responde: é errado] é errado, muito bem! Obrigado! Toma um caramelo... sabeis que há tantos idosos que deram a vida, constituíram família, educaram os filhos, educaram os netos e agora vivem sozinhos, abandonados numa casa de repouso. Pergunto a todos vós: é justo ou não é justo? [Respondem: Não é justo]. Não ouço... Sim ou não? [Respondem: não]. Não é correto, por isso devemos visitar os avós, ir vê-los, se estiverem em casa, ir vê-los, e se estiverem noutro lugar, ir visitá-los... mas faço uma pergunta: devemos abandonar os nossos avós? [Respondem: não]. Não ouço... [Respondem: não]. Os avós deram-nos a vida, transmitiram-nos a história. Os avós são muito bons! Pergunta: Devemos respeitar os nossos avós? [Respondem: sim]. Devemos visitar os avós? [Respondem: sim]. Devemos ouvir os avós? [Respondem: sim]. Agora, todos juntos, um “Viva os avós”... [O Papa, com as crianças, diz: “Viva os avós”]. Mais alto... [O Papa, com as crianças, diz: “Viva os avós”].
Olá, Papa Francisco, chamo-me Malic e sou das Seychelles. Como se sentiu quando a sua seleção ganhou o campeonato mundial de futebol?
Feliz! Feliz! Mas certa vez ganhou com a tua mão, e isto não é bom. Quando a minha seleção vence, sinto-me feliz. Para mim? Das Seychelles? (Malic oferece-lhe um presente). Thank you very much. Thank you. God bless you!
Querido Papa Francisco, chamo-me Lucy e sou da Austrália. Sentes-te feliz quando passas tempo com as crianças? Porquê?
Thank you very much! You are from Australia! Perguntas-me se me sinto feliz quando passo tempo com as crianças e porquê? Sinto-me feliz, sim. E sinto-me feliz porque sois alegres, porque tendes a alegria da esperança no futuro. É verdade que sois alegres? Não ouço! É verdade ou não? [As crianças respondem]: “Sim”. Em frente com coragem, continuai a ser alegres.
Olá, chamo-me Ido Ryu e queria fazer-lhe uma pergunta, mas depois do filme.
[Começa a curta-metragem “La casa di tutti” de Manetti Bros].
Como se abrem as portas do coração dos adultos?
Muito bem, eh! Toma um caramelo. A pergunta é inteligente. No filme, mostra-nos como se comoveu com a pobreza das pessoas pobres que dormem na rua. O seu coração abriu-se. E surge uma pergunta: mas há tanta gente com o coração fechado, com o coração insensível, com o coração que se parece com um muro. Como se abre o coração dos adultos? Não é fácil. Mas vós, crianças, deveis ter a ilusão, como ela, de fazer coisas que levem os adultos a pensar. Ela viu um homem pobre, que não tinha casa, que estava debaixo da chuva, e despojando-se foi ao encontro do próximo. É preciso dar estes exemplos para que os grandes vejam isso. É preciso bater à porta dos adultos: pai, mãe, por que há crianças que não têm nada para comer? pai, mãe, por que há pessoas que dormem na rua? Pai, mãe, por que há pessoas que não têm trabalho? É preciso fazer estas perguntas e, na realidade, é preciso fazê-las a Deus! Deus, por que isto? Que o Senhor nos ajude. Vós, crianças, podeis fazer uma verdadeira revolução com estas perguntas e inquietações. Em frente e coragem!
Agora voltemos para casa alegres com este encontro, com este dia. Agradeço a todos vós, meninas, meninos, que viestes. Obrigado aos organizadores que trabalharam tanto, aos colaboradores. Agora, todos juntos, vamos receber a bênção em silêncio. Todos juntos. Em silêncio!
[Bênção].
Boa tarde! Boa tarde a todos!