Durante o próximo Ano Santo de 2025 «as catacumbas cristãs serão naturalmente um dos destinos mais significativos. O tema do Jubileu, “Peregrinos de esperança”, encontra uma sua declinação singular e evocativa precisamente nos itinerários das catacumbas», realçou o Papa Francisco no discurso aos participantes na reunião plenária da Pontifícia comissão de arqueologia sacra, recebidos em audiência na manhã de 17 de maio, na Sala do Consistório.
Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Dou cordiais boas-vindas a todos vós que participais na Plenária da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, bem como a todos os funcionários e colaboradores. Saúdo fraternalmente e com gratidão o Cardeal Ravasi, que sabiamente dirigiu a Pontifícia Comissão de 2007 a 2022. E saúdo o atual Presidente, Mons. Pasquale Iacobone, precedentemente experiente Secretário. Aprecio o empenho na participação das novas gerações de estudantes e estudiosos da arqueologia cristã, a fim de manter uma elevada qualidade de proteção, investigação, restauro e valorização das catacumbas cristãs da Itália.
Neste sentido, a criação dos Dias das Catacumbas, com a participação de famílias e jovens em laboratórios didáticos; a apresentação das várias catacumbas tanto em programas de televisão como nas redes sociais; a atribuição de bolsas de estudo; os canteiros anuais de investigação arqueológica, em colaboração com várias universidades; todas estas iniciativas contribuem para promover o conhecimento das catacumbas e a sua frequência qualificada.
A Plenária chamou a atenção, em primeiro lugar, para os vários projetos em curso em várias regiões italianas, que levam a contínuas e interessantes descobertas, documentadas tanto por publicações como por intervenções em numerosos congressos científicos.
Mas foi sobretudo o tema do próximo Jubileu que ocupou a vossa reflexão. Neste grande acontecimento, as catacumbas cristãs serão naturalmente um dos destinos mais significativos.
O tema do Jubileu, “Peregrinos de esperança”, encontra, na realidade, uma sua declinação singular e evocativa precisamente nos itinerários das catacumbas. Aí encontramos numerosos sinais da peregrinação cristã das origens: penso, por exemplo, nos importantíssimos grafitos da chamada triclia das catacumbas de São Sebastião, a Memoria Apostolorum, onde se veneravam juntas as relíquias dos Apóstolos Pedro e Paulo. Descobrimos então, nestes percursos, os mais antigos símbolos e representações cristãs, que dão testemunho da esperança cristã. Nas catacumbas, tudo fala de esperança, tudo: de vida além da morte, de libertação dos perigos e da própria morte por obra de Deus, que em Cristo, bom Pastor, nos chama a participar na bem-aventurança do Paraíso, evocada com figuras de plantas luxuriantes, flores, prados verdejantes, pavões e pombas, ovelhas em pastoreio... Tudo fala de esperança e de vida!
As catacumbas, sendo “cemitérios”, ou seja, “dormitórios”, testemunham por si só a expetativa, a esperança do cristão, que acredita na ressurreição de Cristo e na ressurreição da carne.
A peregrinação às catacumbas configura-se, portanto, como itinerário no qual se experimenta o sentido da expetativa e da esperança cristã; recorda-nos que todos somos peregrinos, a caminho da meta do encontro com Deus, que em Cristo ressuscitado nos chama a partilhar a sua bem-aventurança e paz. As primeiras gerações cristãs comunicam e exprimem esta fé através das palavras augustas e das orações citadas continuamente nos epitáfios gravados nos túmulos dos seus entes queridos: “Vivas in pace — Vivas in Deo, Vivas in Christo”!
A esperança cristã é testemunhada sobretudo pelos Mártires, cujas memórias constelam os itinerários das catacumbas. É por isso que vos felicito vivamente pela proposta de destacar, em vista do Jubileu, os túmulos dos Mártires, propondo-os aos peregrinos como etapas significativas ao longo dos percursos de visita. Parar diante deles coloca-nos face a face com o exemplo corajoso destes cristãos, sempre atual, e convida-nos a rezar por tantos irmãos e irmãs que hoje sofrem perseguições por causa da fé em Cristo.
Portanto, parece propícia a decisão de ampliar o número de catacumbas acessíveis aos peregrinos, a fim de permitir que um maior número as visite e assim se fortaleça na fé e na esperança.
Caros irmãos e irmãs, em nome da Santa Sé e de toda a Igreja, vós sois guardiães do legado de fé e de arte das catacumbas cristãs da Itália, como reitera a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (cf. art. 245). Obrigado pelo vosso serviço e exorto-vos a continuá-lo sempre com competência e paixão. É um serviço à memória e ao futuro; um serviço às raízes e à evangelização. Pois a mensagem das catacumbas fala a todos, aos peregrinos e também aos visitantes distantes de uma experiência de fé.
Invoco sobre todos vós o amparo e o apoio de Maria, Mãe de Deus e Rainha dos mártires. Abençoo-vos de coração, assim como o vosso trabalho e os vossos entes queridos. E peço-vos, por favor, que rezeis por mim. Obrigado!