· Cidade do Vaticano ·

O Papa na paróquia de São José “al Trionfale” encontrou-se com os presbíteros de Roma com mais de 40 anos de ordenação

Sacerdotes idosos e jovens vão em frente juntos

 Sacerdotes idosos e jovens  vão em frente juntos  POR-020
16 maio 2024

O primeiro gesto, quando ainda nem sequer tinha saído do carro, foi um beijo na cabeça da pequenina Rebecca, de 18 meses, filha de uma das catequistas da paróquia. Depois de ter deixado o inconfundível Fiat 500 l branco, o Papa foi recebido por aplausos e coros de “Francisco, Francisco!” das centenas de pessoas reunidas no adro (ou até debruçadas das janelas e varandas) da paróquia de São José “al Trionfale”, na região ocidental de Roma. Nesta basílica, fundada no início do século xx por impulso do padre Luigi Guanella, com o apoio do Papa Pio x e desde então confiada aos guanellianos, não distante da basílica de São Pedro, na tarde de 14 de maio Francisco encontrou-se com cerca de 70 sacerdotes idosos com 40 anos de ministério sobre os ombros. Um novo ciclo inaugurado pelo bispo de Roma na sua diocese, depois do périplo de setembro a maio (a última visita foi a 3 de maio em Santa Cruz em Jerusalém) nos cinco setores para encontrar párocos, vice-párocos, capelães e prefeitos. A próxima visita será a 29 de maio, para o encontro com os sacerdotes com dez anos de ordenação.

O Papa chegou à paróquia de São José um minuto antes das 16 horas, depois de ter partido cerca de dez minutos antes da Casa Santa Marta. Saudou primeiro o bispo vice-regente da diocese de Roma, D. Baldo Reina, D. Michele Di Tolve, delegado para o cuidado do diaconado, do clero e da vida religiosa, e o pároco Tommaso Gigliola; depois, um grupo de jornalistas atrás das barreiras de proteção com o habitual pedido: «Rezai por mim, a favor, eh! Não contra!». «Por que o pede sempre?», pergunta uma cronista. «Porque preciso!», respondeu o Papa, que também quis abençoar a barriga da colega da Rai News, Valentina Dello Russo, grávida do segundo filho: «Quando nascerá? Em frente, coragem!».

Quando entrou na paróquia, o Papa foi saudado por três religiosas que lhe deram um beijo na face: «Obrigado, Santo Padre... que emoção!». No salão paroquial, à espera de Francisco, havia um grupo de sacerdotes idosos: três filas de cabeças brancas, alguns com bengalas e muletas, que se levantaram para o aplaudir. Entre eles, o padre Antonio Ciamei, 94 anos, 70 anos de ministério sacerdotal. «Oremos a Nossa Senhora e depois falemos!», disse o Papa. Após a oração, o canto da invocação ao Espírito, uma breve apresentação de D. Di Tolve sobre a realidade da paróquia e um diálogo a portas fechadas, cadenciado — como nos outros encontros romanos — por perguntas e respostas.

No início, o Papa agradeceu aos presentes a hospitalidade, exortando-os a ser «testemunhas da memória», a unir-se à coragem juvenil e à força para ir em frente juntos. Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, no decurso da conversa entre os sacerdotes e o Papa foram abordados temas pastorais, o compromisso na diocese e nas paróquias da capital. O Papa realçou o valor do trabalho do pároco e do sacerdote na rua, a importância de usar a docilidade para guiar o rebanho: «Quando as pessoas veem a docilidade do pastor, aproximam-se». Portanto, um diálogo paternal para debater os temas da hospitalidade, do sacramento da confissão, da escuta e do perdão, bem como do trabalho nos santuários.

Na conversa sobressaíram também algumas das dificuldades sentidas pelos sacerdotes mais idosos nesta fase da vida: a solidão depois de anos no meio do povo, o cansaço de enfrentar as mudanças, às vezes a amargura, a superar com a oração, a memória do amor do Senhor e o sentido de filiação com Nossa Senhora. Em várias ocasiões, o Papa Francisco frisou o valor da relação entre sacerdotes idosos e jovens: «Que debatam, é a vida, e vão em frente juntos», disse, «os avós devem permanecer em família».

O encontro durou quase duas horas e terminou com as palavras de agradecimento do Papa, exortando os sacerdotes a não se cansar, a rezar e a acompanhar as igrejas. No final, o beija-mão de cada um dos presentes, entre fotografias, ofertas de terços, presentes e cartas.

«O encontro correu realmente muito bem», comentou D. Reina. «Foi um abraço paterno aos pastores que generosamente deram a vida pelas nossas paróquias, pela nossa diocese. Foi um momento verdadeiramente emocionante. Contaram as suas histórias, falaram ao Papa do presente, com as dificuldades e algumas experiências bonitas ou dolorosas. Um verdadeiro pai que falou aos filhos adultos». «O Papa — acrescentou o vice-gerente — insistiu sobre o valor da memória. Penso que é uma lição sobre a qual devemos meditar neste momento da nossa Igreja: recuperar a nossa história, valorizar tudo o que deixamos atrás e sobretudo, incentivar estes sacerdotes idosos que não são um peso nem pessoas a esquecer, mas representam as raízes de uma árvore frondosa que é a diocese de Roma».

Entretanto, pouco depois que o Papa deu início ao diálogo confidencial com os sacerdotes, 110 crianças do primeiro ao quinto ano saíram das escolas primárias próximas da paróquia, em fila, com os uniformes do Instituto e um boné amarelo. O Papa quis saudar brevemente as crianças que recentemente receberam a primeira Comunhão; mas a ocasião era deveras especial e, por isso, mais 70 alunos uniram-se ao grupo do catecismo, que prepararam um pacote de desenhos e cartas para oferecer ao Papa, bem como algumas faixas penduradas no campo desportivo.

No total, eram cerca de 200 alunos, que esperavam ansiosamente o Papa Francisco, com as religiosas que procuravam mantê-los à distância, encorajando-os a cantar. Ao microfone, o pároco anunciou a chegada do Papa, que entrou por uma porta lateral — depois de ter cumprimentado alguns colaboradores da paróquia, entre os quais uma jovem grávida — e disse: «Boa tarde!». Seguiu-se um breve diálogo típico dos encontros de Francisco com as crianças: «Estais contentes? «Sim». «E estudais o catecismo?». «Sim», mas também alguns «Não».

Sorrindo, o Papa, antes de conceder a bênção, pediu às crianças que rezem juntas. Depois de uma Ave-Maria, seguiu-se a passagem pelo corredor central com as crianças que se aglomeravam para lhe apertar a mão ou para lhe entregar desenhos, cartas ou fazer um vídeo com os seus smartphones. As meninas gritavam: «Consegui!», os companheiros davam a volta aos bancos para se encontrar de novo diante do Papa e para o cumprimentar.

No final, o Papa quis estar entre os recém-nascidos. Duas mães aproximaram os filhos e o Papa acariciou-os; uma criança foi empurrada pelo pai por detrás das barreiras de proteção e, lançando-se ao colo do Pontífice, desatou a chorar no meio das gargalhadas dos presentes. Entretanto, em toda a parte, as pessoas acenavam e gritavam: «Santo Padre, por aqui!», «Santo Padre, a bênção!». Ele, divertido, respondia com acenos. Depois, antes de entrar no Fiat, parou diante de um jovem gravemente doente numa cadeira de rodas. Poucos instantes, que quase se opunham ao ambiente alegre, com Jorge Mario Bergoglio em silêncio, com a mão na cabeça do jovem, recolhido como se contemplasse o seu sofrimento. Depois de entrar no carro, o Papa regressou a Santa Marta às 18h30. Um percurso de menos de dez minutos, acompanhado pelos cidadãos romanos que, das ruas e dos semáforos, procuravam fotografar o carro branco que passava. (salvatore cernuzio)