Os jovens são chamados a enfrentar os desafios «juntos» e a transformar cada crise «numa oportunidade de crescimento», disse o Papa no discurso dirigido à delegação do Merrimack College Institute of Higher Education, proveniente de Massachusetts ( eua ), recebida em audiência a 10 de maio, na Sala Clementina.
Queridos irmãos e irmãs
bom dia e bem-vindos!
Saúdo o Presidente e todos vós: estou contente por me encontrar convosco.
Há quase oitenta anos que o Merrimack College trabalha para a formação dos jovens, inspirado no princípio agostiniano de «cultivar o conhecimento para alcançar a sabedoria”, como diz também o lema que escolhestes: “per scientiam ad sapientiam” (cf. Santo Agostinho, De Trinitate, 13, 19.24). À luz da vossa história, gostaria, portanto, de refletir brevemente convosco sobre esta missão e, em particular, sobre dois aspetos inter-relacionados: educar os jovens para enfrentar os desafios, a fim de crescer em solidariedade.
Primeiro: educar para enfrentar os desafios. A este respeito, far-nos-á bem recordar as circunstâncias em que iniciastes a vossa obra educativa, fundada pelos Padres Agostinianos em 1947 a favor dos soldados que regressavam da Segunda Guerra Mundial. É claro que, para estes jovens, veteranos de experiências traumáticas, testemunhas dos horrores da guerra, não bastava oferecer-lhes percursos de estudos: era necessário dar-lhes sentido, esperança e confiança no futuro, enriquecendo as suas mentes, sim, mas também reavivando os seus corações e devolvendo luz à sua vida; por outras palavras, era necessário oferecer-lhes, através do estudo e da comunidade escolar, um caminho de renascimento integral. Gosto de dizer: da mente para o coração e do coração para as mãos. Estas são as três linguagens: a linguagem da mente, a linguagem do coração e a linguagem das mãos. Pensar o que se sente e o que se faz; sentir o que se pensa e o que se faz; fazer o que se sente e o que se pensa.
Refiro isto porque também os nossos jovens vivem hoje no meio de muitas “criticidades”: a nível económico-financeiro, laboral, político, ambiental e de valores, demográfico e migratório (cf. Congr. para a Educação Católica, Educar para o humanismo solidário, 2017, 3). E é importante que também eles, no presente como no passado, sejam ensinados a enfrentar juntos os desafios, sem se deixarem esmagar por eles, mas reagindo para que cada crise, até no sofrimento, se transforme em oportunidade de crescimento.
E aqui passamos ao segundo aspeto: crescer em solidariedade. O Papa Bento xvi escreveu que «não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor» (Carta Encíclica Spe salvi, 26). Trata-se, portanto, de formar as novas gerações para viverem as dificuldades como oportunidades, não tanto para se lançarem num futuro cheio de dinheiro e sucesso, mas de amor: para construírem juntos um humanismo solidário (cf. Mensagem para o lançamento do pacto educativo, 12 de setembro de 2019). Trata-se de ensiná-los a identificar e orientar os recursos disponíveis, com uma planificação criativa, para modelos de vida pessoal e social marcados pela justiça e pela misericórdia, que tornem «aceitável e digna a existência de todos e de cada um» (Congr. para a Educação Católica, Educar para o humanismo solidário, 2017, 6).
Por exemplo, é verdade que a globalização em curso tem aspetos negativos, como o isolamento, a marginalização e a cultura do descarte; ao mesmo tempo, porém, tem também aspetos positivos, como a possibilidade de amplificar e magnificar a solidariedade e promover a equidade, através de meios e potencialidades desconhecidos para quantos nos precederam, como vimos nos últimos tempos, nas catástrofes climáticas e nas guerras. E é importante, no trabalho educativo, orientar os alunos para esta capacidade de discernimento e de escolha, dilatando ideal e praticamente o perímetro das salas de aula, para chegar onde «a educação pode gerar solidariedade, partilha, comunhão» (cf. ibid., 10).
Queridos amigos, esta é a vossa responsabilidade, e é grande; assim como é precioso o trabalho que realizais. Por isso, agradeço-vos e abençoo-vos de coração, confiando-vos à intercessão da Virgem Maria e de Santo Agostinho. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!