E dirigiu saudações às Igrejas orientais que celebram a Páscoa
«Não à guerra, sim ao diálogo!»: foram os votos do Papa no final do Regina Caeli de 5 de maio, ao apelar mais uma vez à paz para «a martirizada Ucrânia e também para a Palestina e Israel». Falando ao meio-dia da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu a recitação da oração mariana com os fiéis presentes na praça de São Pedro comentando, como de costume, o Evangelho dominical. Eis as suas expressões, inspiradas no evangelista João (15, 15) que relata as palavras de Jesus aos Apóstolos: «Já não vos chamo servos, mas amigos».
Amados irmãos e irmãs
bom dia!
Hoje o Evangelho fala-nos de Jesus que diz aos Apóstolos: “Já não vos chamo servos, mas amigos” (cf. Jo 15, 15). O que significa isto?
Na Bíblia, os “servos” de Deus são pessoas especiais, a quem Ele confia missões importantes, como por exemplo Moisés (cf. Ex 14, 31), o rei David (cf. 2 Sm 7, 8), o profeta Elias (cf. 1 Rs 18, 36), até à Virgem Maria (cf. Lc 1, 38). São pessoas em cujas mãos Deus coloca os seus tesouros (cf. Mt 25, 21). Mas tudo isto não basta, segundo Jesus, para dizer quem somos para Ele, não é suficiente, é preciso mais, é preciso algo maior, que vai para além dos bens e dos próprios projetos: é preciso a amizade.
Já em crianças aprendemos como é bela esta experiência: aos amigos oferecemos os nossos brinquedos e os presentes mais bonitos; depois, à medida que crescemos, como adolescentes, confidenciamos-lhes os nossos primeiros segredos; como jovens oferecemos lealdade; como adultos partilhamos satisfações e preocupações; como idosos partilhamos as recordações, as considerações e os silêncios de dias longos. A Palavra de Deus, no Livro dos Provérbios, diz-nos que «o perfume e o incenso alegram o coração, e o conselho do amigo adoça a alma» (27, 9). Pensemos por um momento nos nossos amigos, nas nossas amigas, e agradeçamos ao Senhor! Um espaço para pensar neles...
A amizade não é o resultado de um cálculo, nem de uma obrigação: ela surge espontaneamente quando reconhecemos no outro algo de nós próprios. E, se for verdadeira, a amizade é tão forte que não esmorece nem sequer perante a traição. «Um amigo ama sempre» (Pr 17,17) — diz ainda o Livro dos Provérbios —, como nos mostra Jesus quando diz a Judas, que o trai com um beijo: «Amigo, é por isso que estás aqui!» (Mt 26, 50). Um verdadeiro amigo não te abandona, nem sequer quando cometes um erro: corrige-te, talvez te repreenda, mas perdoa-te e não te abandona.
E hoje Jesus, no Evangelho, diz-nos que para Ele nós somos precisamente isto, amigos: pessoas queridas, para além de qualquer mérito e expetativa, a quem estende a mão e oferece o seu amor, a sua Graça, a sua Palavra; com quem — connosco, amigos — partilha o que lhe é mais caro, tudo o que ouviu do Pai (cf. Jo 15, 15). Até ao ponto de se tornar frágil por nós, de se colocar nas nossas mãos sem defesas e sem pretensões, porque nos ama. O Senhor ama-nos, como amigo quer o nosso bem e quer que participemos do seu.
Perguntemo-nos então: que rosto tem o Senhor para mim? O rosto de um amigo ou de um desconhecido? Sinto-me amado por Ele como uma pessoa querida? E qual é o rosto de Jesus que eu testemunho aos outros, especialmente àqueles que erram e precisam de perdão?
Que Maria nos ajude a crescer na amizade com o seu Filho e a difundi-la à nossa volta.
Depois do Regina Caeli, o Papa dirigiu bons votos às Igrejas orientais que celebram a Páscoa, segundo o calendário juliano. Em seguida, recordou as inundações que devastaram o Estado brasileiro do Rio Grande do Sul e saudou os presentes, entre os quais os guardas suíços e os seus familiares, por ocasião da festa do histórico Corpo, e a Associação “Meter”, comprometida na luta contra os abusos de crianças. Concluindo, relançou o apelo à paz a favor das populações em guerra.
Amados irmãos e irmãs!
Com muito afeto, envio os meus melhores votos aos irmãos e irmãs das Igrejas Ortodoxas e de algumas Igrejas Católicas Orientais que hoje celebram a Santa Páscoa, segundo o calendário juliano. Que o Senhor ressuscitado encha de alegria e de paz todas as comunidades e conforte as que estão na provação. Para elas, Feliz Páscoa!
Asseguro as minhas orações pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os defuntos e conforte os seus familiares e quantos tiveram de abandonar as suas casas.
Saúdo os fiéis de Roma e de diversas partes de Itália e do mundo, em particular os peregrinos do Texas, da Arquidiocese de Chicago e de Berlim; os estudantes da Escola Saint-Jean de Passy de Paris e o grupo Human Life International. Saúdo os jovens de Certaldo e de Lainate; os fiéis de Ancona e de Rossano Cariati; os crismandos de Cassano D’Adda, da Unidade Pastoral de Tesino e da paróquia de S. Maria do Rosário de Roma. E saúdo e agradeço muito às bandas musicais de várias partes de Itália: obrigado a vós, que tocastes tão bem, e espero que continueis a tocar um pouco mais. Obrigado! Saúdo o grupo “Francigeni Monteviale”; assim como os cidadãos de Livorno e Collesalvetti, que há muito tempo esperam a recuperação dos territórios mais poluídos, rezemos por eles.
Dirijo uma saudação calorosa aos novos Guardas Suíços e às suas famílias, por ocasião da celebração deste histórico e meritório Corpo. Um aplauso aos Guardas Suíços!
Saúdo a Associação “Meter”, empenhada na luta contra todas as formas de abuso de menores. Obrigado, obrigado pelo vosso empenho! E, por favor, continuai o vosso importante trabalho com coragem.
E, por favor, continuemos a rezar pela martirizada Ucrânia — sofre tanto! — e também pela Palestina e por Israel, para que haja paz, para que o diálogo seja reforçado e dê bons frutos. Não à guerra, sim ao diálogo!
Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Saúdo os jovens da Imaculada, que são tão bons. Bom almoço e até à vista!