Encontro do Papa
O já famoso Fiat 500 l branco apareceu às 16 horas em ponto na avenida que leva a Santa Cruz em Jerusalém. Na histórica basílica romana do bairro Esquilino, o Papa Francisco encontrou-se na tarde de 3 de maio com cerca de 100 párocos, vice-párocos, reitores de igrejas do centro histórico e vários capelães de hospitais do setor central da diocese de Roma, que reúne cinco prefeituras, num total de 38 paróquias. Um pequeno grupo de fiéis, reunidos desde as 15 horas, saudou a passagem do Papa. Francisco respondeu, acenando com a mão por detrás do vidro antes de entrar pelo portão que leva às salas adjacentes à basílica, onde o diálogo teve lugar a portas fechadas.
Perguntas e respostas sobre temas ligados à atividade pastoral
O diálogo durou cerca de duas horas, precedido por uma breve saudação do vice-regente, D. Baldo Reina, e pela recitação de um salmo, e depois cadenciado por cerca de vinte perguntas e respostas sobre todos os temas que, de uma forma ou de outra, dizem respeito à atividade pastoral, centrada no cuidado e na proximidade às crianças e especialmente aos idosos, que são a sabedoria e não devem ser descartados, mas valorizados, e também no trabalho com as camadas mais frágeis da sociedade, incluindo os migrantes e os desabrigados que gravitam numa área tão difícil como a estação Termini. Inevitavelmente, mencionaram-se o próximo Jubileu e o acolhimento dos peregrinos que chegarão do mundo inteiro, concentrando-se sobretudo no centro histórico.
A “maravilhosa complicação” das igrejas do centro
Sacerdotes “pastores” foi com quem se encontrou o Papa, recebido em Santa Cruz em Jerusalém pelo jovem pároco Alessandro Pugiotto e por monsenhor Francesco Pesce, pároco de Santa Maria “ai Monti” e eleito coordenador do setor, após a nomeação, em 6 de abril, do bispo auxiliar, o jesuíta Daniele Libanori, até agora responsável pelo Centro, como assessor do Papa para a Vida consagrada.
E é o próprio monsenhor Pesce que frisa alguns aspetos do diálogo com o Papa, no qual, explica, os sacerdotes «procuraram falar ao Santo Padre, usando as palavras da Amoris laetitia, sobre a “maravilhosa complicação” dessa porção da Igreja de Roma, onde o mundo inteiro está representado e que será a porta de entrada para o Jubileu». «A emoção desse encontro transformou-se imediatamente em gratidão e oração pelo Papa», acrescenta o presbítero. «Foi um grande momento de comunhão, um trecho de caminho percorrido lado a lado que nos dá novo impulso para o nosso serviço, não só aos católicos do centro histórico, mas ao mundo inteiro, que encontramos aqui todos os dias no rosto dos turistas e peregrinos». Não há muitos residentes no centro da capital, «mas a maioria dos romanos vem aqui para trabalhar», frisa o coordenador pastoral. «Embora não haja muitos jovens nas nossas paróquias, à noite todos os jovens de Roma estão no centro histórico».
Olhando para o futuro e para o Jubileu
O bispo Reina fala de um «encontro muito cordial» no qual «o Papa expressou toda a sua paternidade para com os sacerdotes, mas também a sua peculiaridade pastoral. Foi um pastor que contou a sua experiência, deu conselhos muito úteis para a situação pastoral no centro histórico. Todos os sacerdotes ficaram muito felizes», confirma também o pároco Alessandro, explicando que, com o Papa, «pudemos falar sobre o potencial das igrejas do centro histórico, não sobre os problemas, com um olhar para o futuro, para o Jubileu, para o acolhimento dos peregrinos e dos romanos que vêm trabalhar aqui... O potencial das igrejas do centro, que não estão mortas, mas vivas». «Foi realmente um bom encontro, comenta o sacerdote, durante o qual o Papa nos ajudou muito a ver o que há de positivo, de belo».
Saudação aos fiéis
No final do encontro, Jorge Mario Bergoglio cumprimentou um por um os sacerdotes presentes. Fotos, apertos de mão, entrega de terços e de alguns pequenos presentes. Entretanto, mais de cinquenta fiéis reunidos na praça em frente à basílica somaram-se aos outros já presentes, alertados pela notícia que se difundiu ou pela presença de câmaras. Quando o portão se abriu, gritaram «Viva o Papa!» ou «Francisco, Francisco!». O Pontífice parou e falou por alguns momentos com os jornalistas presentes: uma rápida saudação e a partilha da dor pelas guerras que são sempre «uma derrota». Em seguida, ainda de carro, passou entre as pessoas. A um menino que se aproximou dele, assinou o gesso no braço. Todos com os smartphones na mão para imortalizar o momento, exceto uma senhora idosa que exclamou: «Deixai-me passar: só o quero abraçar, não devo filmá-lo». O Papa Francisco procurou cumprimentar o maior número possível de pessoas, chegando ao final da longa fila de fiéis, onde uma mulher de pé gritava: «Paz, paz!». O Fiat branco seguiu rumo à Casa Santa Marta, passando ao longo do Tibre e por outras ruas cheias de trânsito.
Último encontro nos setores da diocese
Este encontro foi o último da série de visitas que o Papa fez aos setores da diocese da qual é bispo, tendo ido de novembro a abril aos bairros de Primavalle, Villa Verde, Acilia e Casal Monastero para se encontrar com os párocos das várias prefeituras e para um intercâmbio livre e aberto com eles, a fim de conhecer pessoalmente as realidades que animam a sua diocese. Isto, como o próprio Papa disse em várias ocasiões, «faz sempre muito bem» ao bispo.
Salvatore Cernuzio