· Cidade do Vaticano ·

Apresentado o encontro do Papa com avós, idosos e netos

A carícia e o sorriso

 A carícia e o sorriso  POR-017
25 abril 2024

Idealmente, os idosos são como o último andar de um edifício em que se reúnem quatro gerações ao mesmo tempo e de que ninguém, até à pandemia de Covid-19, se tinha apercebido. O arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia academia para a vida, utilizou esta metáfora ao apresentar a 22 de abril, na Sala de Imprensa da Santa Sé “A carícia e o sorriso”, o encontro do Papa Francisco com avós, idosos e netos previsto para a Sala Paulo vi no próximo sábado, 27 de abril.

A iniciativa, promovida pela Fundação “Grande Idade”, inscreve-se nas atuais circunstâncias históricas em que — não só na Itália, mas também em muitos países — quatro gerações convivem pela primeira vez. Eis a metáfora do “quarto andar”: um “andar” que, nos últimos anos, tem sido ocupado por inúmeros inquilinos. Infelizmente, sublinhou o prelado, todos compreenderam isto com amargura durante a pandemia, porque o andar dos idosos foi o mais dizimado. Na Itália, explicou o arcebispo presidente, este “quarto andar” é constituído por 14 milhões de pessoas, com as quais não há qualquer preocupação, nem económica, nem de saúde e muito menos cultural. Hoje, aliás, há até medo de usar a palavra “velho”. O encontro com o Papa pode, então, significar uma mudança de rumo na cultura e na sociedade, mas também na economia e na religião.

D. Paglia recordou que na Itália, com a lei 33/2023 sobre a reforma e a não-autossuficiência, há um compromisso para reorganizar radical e completamente a assistência aos idosos. Mas ainda antes de falar de recursos financeiros, segundo o prelado, é preciso uma visão, aquela que o encontro do próximo sábado pode oferecer: reconhecer que a velhice é uma grande idade, não é um peso, mas um recurso; não é um descarte, mas está ligada a todas as outras idades da vida.

Voltando à metáfora do edifício de quatro andares, o arcebispo observou que, se não houver escadas ou elevadores, há um problema óbvio de incomunicabilidade entre as gerações. E isto tem consequências dramáticas, nomeadamente o inverno demográfico. O presidente da Pontifícia academia salientou que entre avós e netos existe uma sintonia especial, uma cumplicidade, porque há uma significativa dimensão afetiva. E confessou ter ficado impressionado que, segundo cálculos, o tempo que os avós passam com os netos vale tanto quanto uma “proposta financeira”. Se os primeiros não existissem, haveria, portanto, um problema não só afetivo e intergeracional, mas também económico, tendo em conta que, na Itália, o que os idosos oferecem diretamente às suas famílias valeria cerca de 38 mil milhões. Isto mostra como é injusto, portanto, falar deles em termos de “lacuna”, porque eles sustentam o país. Neste sentido, concluiu, o evento com o Papa pode favorecer um verdadeiro vento de primavera capaz de mudar o rumo também da emergência demográfica.