· Cidade do Vaticano ·

Regina caeli — Preocupação do Papa com o agravamento da situação na região

Pôr fim a todas as ações
que alimentam a espiral de violência no Médio Oriente

 Pôr fim a todas as ações  que alimentam a espiral de violência no Médio Oriente  POR-016
18 abril 2024

Pôr fim à perigosa «espiral de violência» no Médio Oriente, pediu o Papa em voz alta, no final do Regina Caeli de 14 de abril, na praça de São Pedro. Ao meio-dia, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, recitou a oração mariana com os fiéis presentes e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social. O Pontífice começou por comentar, como de costume, o Evangelho dominical, centrado no episódio do encontro entre o Ressuscitado e os discípulos de Emaús. Eis a sua meditação.

Amados irmãos e irmãs
bom dia, bom domingo!

Hoje o Evangelho reconduz-nos à noite de Páscoa. Os apóstolos estão reunidos no cenáculo, quando os dois discípulos regressam de Emaús e contam o seu encontro com Jesus. E enquanto eles exprimem a alegria da sua experiência, o Ressuscitado aparece a toda a comunidade. Jesus chega precisamente no momento em que eles estão a contar a história do seu encontro com Ele. Isto faz-me pensar que é bom partilhar, que é importante partilhar a fé. Esta história faz-nos pensar na importância de partilhar a fé em Jesus ressuscitado.

Todos os dias somos bombardeados por mil mensagens. Muitas são superficiais e inúteis, outras revelam uma curiosidade indiscreta ou, pior ainda, são fruto de bisbilhotices e maldades. São notícias que não servem para nada, de facto, magoam. Mas também há notícias boas, positivas e construtivas, e todos sabemos como é bom ouvir coisas boas, e como nos sentimos melhor quando isto acontece. E também é bom partilhar as realidades que, no bem ou no mal, tocaram a nossa vida, para que possamos ajudar os outros.

No entanto, há uma coisa de que muitas vezes temos dificuldade de falar. Temos dificuldade de falar do quê? Da coisa mais bela que temos para contar: o nosso encontro com Jesus. Cada um de nós encontrou o Senhor e tem dificuldade de falar sobre isto. Cada um de nós poderia dizer muito sobre isto: ver como o Senhor nos tocou, e partilhá-lo: não querendo ser um mestre para os outros, mas partilhando os momentos únicos em que percebemos o Senhor vivo e próximo, que acendeu a alegria nos nossos corações ou enxugou as nossas lágrimas, que transmitiu confiança e consolação, força e entusiasmo, ou perdão, ternura. Estes encontros, que cada um de nós teve com Jesus, devem ser partilhados e transmitidos. É importante fazê-lo na família, na comunidade, com os amigos. Assim como é bom falar das boas inspirações que nos guiaram na vida, dos bons pensamentos e sentimentos que tanto nos ajudam a ir em frente, também dos esforços e trabalhos que fazemos para compreender e progredir na vida de fé, talvez até para nos arrependermos e voltar atrás. Se o fizermos, Jesus, tal como fez com os discípulos de Emaús na noite de Páscoa, surpreender-nos-á e tornará os nossos encontros e os nossos ambientes ainda mais belos.

Procuremos, pois, recordar agora um momento forte da nossa vida, um encontro decisivo com Jesus. Cada um de nós já o teve, todos tivemos um encontro com o Senhor. Façamos um pouco de silêncio e pensemos: quando foi que encontrei o Senhor? Quando foi que o Senhor se tornou próximo de mim? Pensemos em silêncio. E esse encontro com o Senhor, partilhei-o para glorificar o Senhor? E também, ouvi os outros quando me falaram desse encontro com Jesus?

Que Nossa Senhora nos ajude a partilhar a nossa fé para que as nossas comunidades sejam cada vez mais lugares de encontro com o Senhor.

No final do Regina Caeli, o Papa lançou o apelo a favor da paz no Médio Oriente e falou sobre o centésimo Dia Nacional da Universidade Católica do Sagrado Coração. Depois saudou os vários grupos presentes, entre os quais as crianças que vieram recordar que nos dias 25 e 26 de maio a Igreja celebrará o primeiro Dia mundial a elas dedicado, convidando-as a rezar pelos seus coetâneos «que sofrem com as guerras — são tantas! — na Ucrânia, na Palestina, em Israel, noutras partes do mundo, em Myanmar».

Queridos irmãos e irmãs!

Acompanho com a oração e com preocupação, e até com tristeza, as notícias que me chegaram nas últimas horas sobre o agravamento da situação em Israel por causa da intervenção do Irão. Faço um apelo sincero para que se ponha termo a qualquer ação que possa alimentar uma espiral de violência com o risco de arrastar o Médio Oriente para um conflito bélico ainda maior.

Ninguém deve ameaçar a existência de outrem. Em vez disso, todas as nações se declarem da parte da paz e ajudem os israelitas e os palestinianos a viver em dois Estados, lado a lado, em segurança. É o seu desejo profundo e legítimo, e é o seu direito! Dois Estados vizinhos.

Que haja em breve um cessar-fogo em Gaza e que as vias de negociação sejam percorridas com determinação. Ajudemos essa população, mergulhada numa catástrofe humanitária, sejam imediatamente libertemos os reféns raptados há meses! Tanto sofrimento! Rezemos pela paz. Não à guerra, não aos ataques, não à violência! Sim ao diálogo e sim à paz!

Hoje, em Itália, celebramos o 100º Dia Nacional da Universidade Católica do Sagrado Coração, com o tema «A questão do futuro. Os jovens entre o desencanto e o desejo». Encorajo esta grande Universidade a continuar o seu importante serviço formativo, na fidelidade à sua missão e atenta às necessidades juvenis e sociais de hoje.

Dou as boas-vindas a todos vós, romanos e peregrinos, vindos de Itália e de muitos países. Saúdo em particular os fiéis de Los Angeles, Houston, Nutley e Riverside, nos Estados Unidos da América; bem como os polacos, especialmente — tantas bandeiras polacas! — os de Bodzanów e os jovens voluntários da Equipa de Ajuda à Igreja do Oriente. Saúdo e encorajo os responsáveis das Comunidades de Santo Egídio nalguns países da América Latina.

Saúdo os voluntários da acli empenhados nos patronatos de toda a Itália; os grupos de Trani, Arzachena, Montelibretti; os jovens da profissão de fé da paróquia dos Santos Silvestro e Martino de Milão; os crismandos de Pannarano; e o grupo juvenil “Arte e Fé” das Irmãs Doroteias.

Saúdo com afeto as crianças de várias partes do mundo, que vieram recordar-nos que nos dias 25 e 26 de maio a Igreja celebrará o primeiro Dia Mundial da Criança. Obrigado! Convido todos a acompanhar com a oração o caminho rumo a este acontecimento — o primeiro Dia da Criança — e agradeço a todos aqueles que estão a trabalhar para o preparar. E a vós, crianças, digo: espero por vós! Todos vós! Precisamos da vossa alegria e do vosso desejo de um mundo melhor, um mundo em paz. Rezemos, irmãos e irmãs, pelas crianças que sofrem com as guerras — são tantas! — na Ucrânia, na Palestina, em Israel, noutras partes do mundo, em Myanmar. Rezemos por elas e pela paz.

Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Saúdo os jovens da Imaculada. Bom almoço e até à vista!