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Do Brasil a vários continentes

Mães que rezam pelos filhos

 Mães que rezam pelos filhos  POR-015
11 abril 2024

«Tudo começou há treze anos, a partir de uma tragédia: a morte do filho de um vizinho, que tinha nove anos. A minha filha Vanessa ficou particularmente perturbada e pediu-me que rezasse para que o Senhor amparasse os filhos de todos. A minha nora uniu-se a nós. Sentimo-nos bem e assim decidimos repetir a experiência na paróquia de São Camilo de Lellis, que costumávamos frequentar. Fizemo-lo uma vez, voltando a repeti-la. Em pouco tempo, éramos cinco mães, depois vinte e, pouco a pouco, outras ainda se uniram a nós», disse Ângela Abdo, professora universitária e consultora de empresas no setor dos recursos humanos.

Atualmente, são pelo menos 62.000 as mães que rezam pelos seus filhos. De Vitória, cidade onde nasceu em 30 de março de 2011, o movimento — que escolheu padroeiras Nossa Senhora de La Salette e Santa Mónica, obtendo o reconhecimento da arquidiocese — propagou-se pelo Brasil inteiro, onde hoje existem mais de dois mil grupos de várias dimensões. Outros trinta estão disseminados na Alemanha, Estados Unidos, Japão, Hong Kong, Dubai, Argentina e Cuba. «Nunca fizemos um plano de expansão. Sempre aconteceu por acaso, através de encontros especiais ou porque um grupo de mães se mudou para outros lugares, replicando a iniciativa».

Todas as semanas, as participantes reúnem-se numa casa ou numa igreja, recitam o Rosário em conjunto e organizam um momento de adoração. Depois, os encontros terminam com uma formação. Às vezes, as mães rezam por uma intenção específica, quando um dos filhos de uma das mulheres do grupo passa por um momento particularmente difícil. A partilha dos sofrimentos cria, por si só, uma forte ligação entre as mulheres. Uma espécie de maternidade coletiva que consolida a sororidade.

«Todas as mães crentes rezam pelos seus filhos», diz Ângela Abdo, «mas o ato de rezarmos juntas dá-nos uma força inédita. Porque, como diz Jesus, Ele está ao lado de quantos se reúnem em seu nome. E porque nos apoiamos uns aos outros nos momentos de provação. A solidariedade faz parte essencial do movimento. Cuidamos uns dos outros; quando os carregarmos juntos, os fardos tornam-se mais leves. Para mim, mas também para muitas outras mães, esta experiência abriu novos horizontes».

«Fomos testemunhas de muitas histórias de cura, espiritual e física, pois como costumamos repetir, quando as mães se ajoelham, os filhos levantam-se. Mas, acima de tudo, crescemos como mulheres, mães e crentes. A oração não nos dá o que gostaríamos de receber, mas a graça do discernimento para compreender o que Deus quer de nós».

*Jornalista de «Avvenire»

Lucia Capuzzi *