· Cidade do Vaticano ·

Favorecer as negociações

Pope Francis stands at the window of the apostolic palace overlooking St. Peter's square during the ...
11 abril 2024

No Regina caeli de 7 de abril, domingo da divina Misericórdia, o Papa Francisco lançou um novo e veemente apelo a fim de que se facilitem as negociações «para uma paz justa e duradoura, especialmente para a martirizada Ucrânia e para a Palestina e Israel». Da janela do Palácio apostólico do Vaticano, para a recitação da prece mariana com os quinze mil fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação, o Pontífice introduziu-a comentando o Evangelho do dia. A seguir, a meditação do Santo Padre.

Queridos irmãos e irmãs
bom domingo!

Hoje, segundo domingo de Páscoa, intitulado por São João Paulo ii à Divina Misericórdia, o Evangelho (cf. Jo 20, 19-31) diz-nos que, acreditando em Jesus, Filho de Deus, podemos ter a vida eterna em seu nome (v. 31). “Ter a vida”: o que significa isto?

Todos nós queremos ter a vida, mas há várias maneiras de o fazer. Por exemplo, há quem reduza a existência a uma corrida frenética para gozar e possuir muitas coisas: comer e beber, divertir-se, acumular dinheiro e coisas, experimentar emoções fortes e novas, etc. É um caminho que, à primeira vista, parece agradável, mas que não sacia o coração. Não é assim que se “tem a vida”, porque seguir os caminhos do prazer e do poder não conduz à felicidade. Muitos aspetos da existência permanecem sem resposta, como o amor, as experiências inevitáveis da dor, a limitação e a morte. E depois fica por realizar o sonho que nos une a todos: a esperança de viver para sempre, de ser amados sem fim. O Evangelho de hoje diz que esta plenitude de vida, a que cada um de nós é chamado, se realiza em Jesus: é Ele que nos dá a plenitude da vida. Mas como aceder a ela, como experimentá-la?

Vejamos o que aconteceu com os discípulos no Evangelho. Eles estão a viver o momento de vida mais trágico: depois dos dias da Paixão, estão fechados no Cenáculo, assustados e desanimados. O Ressuscitado aparece-lhes e mostra-lhes primeiro as suas chagas (cf. v. 20): eram sinais de sofrimento e de dor, podiam suscitar sentimentos de culpa, mas com Jesus tornam-se canais de misericórdia e de perdão. Assim os discípulos veem e tocam com as mãos que com Jesus a vida vence, sempre, a morte e o pecado são derrotados. E recebem o dom do seu Espírito, que lhes dá uma vida nova, de filhos amados, imbuídos de alegria, de amor e de esperança. Pergunto-vos uma coisa: tendes esperança? Que cada um se pergunte: como está a minha esperança?

Eis como “ter a vida” todos os dias: basta fixar o olhar em Jesus crucificado e ressuscitado, encontrá-Lo nos Sacramentos e na oração, reconhecê-Lo presente, acreditar n’Ele, deixar-se tocar pela sua graça e guiar pelo seu exemplo, experimentar a alegria de amar como Ele. Cada encontro com Jesus, um encontro vivo com Ele, permite-nos ter mais vida. Procurar Jesus, deixarmo-nos encontrar — porque Ele nos procura! — abrir o nosso coração ao encontro com Jesus.

Mas perguntemo-nos: acredito no poder da ressurreição de Jesus, acredito que Jesus ressuscitou? Acredito na sua vitória sobre o pecado, o medo e a morte? Deixo-me atrair pela relação com o Senhor, com Jesus? E deixo-me impelir por ele a amar os irmãos e irmãs e a ter esperança todos os dias? Que cada um reflita sobre isto.

Maria nos ajude a ter uma fé cada vez maior em Jesus ressuscitado para “ter a vida” e difundir a alegria da Páscoa.

No final do Regina Caeli, o Papa recordou as vítimas de um acidente rodoviário na África do Sul, o Dia internacional do desporto para o desenvolvimento e a paz, renovou o apelo à reconciliação para a martirizada Ucrânia e para a Terra Santa e saudou os grupos presentes na praça, em particular os estudantes de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, os grupos de oração que cultivam a espiritualidade da divina Misericórdia e os participantes numa Conferência internacional para a abolição da barriga de aluguer.

Amados irmãos e irmãs!

Desejo recordar as pessoas que morreram no acidente do autocarro que saiu da estrada na África do Sul há alguns dias. Rezemos por elas e pelos seus familiares.

Ontem foi o Dia Internacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz. Todos nós sabemos como a prática de um desporto pode educar para uma socialidade aberta, solidária e sem preconceitos. Mas para isso precisamos de dirigentes e treinadores que não tenham apenas como objetivo a vitória ou o lucro. Promovamos um desporto que favoreça a amizade social e a fraternidade!

Não deixemos de rezar pela paz, uma paz justa e duradoura, especialmente para a martirizada Ucrânia e para a Palestina e Israel. Que o Espírito do Senhor Ressuscitado ilumine e sustente todos aqueles que trabalham para diminuir as tensões e encorajar os gestos que tornam possíveis as negociações. Que o Senhor dê aos responsáveis a capacidade de se deter um pouco para dialogar, para negociar.

Dirijo a minha saudação a todos vós, romanos e peregrinos de Itália e de muitos países. Saúdo em particular os alunos da Escola Católica Mar Qardakh de Erbil, capital do Curdistão iraquiano; e os jovens de Castellón, em Espanha. Saúdo com afeto os grupos de oração que cultivam a espiritualidade da Divina Misericórdia, reunidos hoje no Santuário de Santo Espírito em Sassia.

Saúdo o clube de bowling “La Perosina”; o grupo acli de Chieti; os participantes na Conferência Internacional para a abolição da barriga de aluguer; os fiéis de Modugno e Alcamo; os alunos da Escola “San Giuseppe” de Bassano del Grappa e os crismandos de Sant’Arcangelo di Romagna. Saúdo os numerosos polacos: vejo as bandeiras!

Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!