«Continuemos a rezar pelos povos martirizados pela guerra, na Ucrânia, na Palestina e em Israel, no Sudão», sem esquecer a Síria «que sofre tanto, há muito tempo», nem o Haiti «provado por tanta violência». Pediu o Papa no final do Angelus de domingo, 17 de março, dirigindo-se aos 20.000 fiéis presentes na Praça de São Pedro e aos que o seguiam através dos meios de comunicação social. Ao meio-dia, da janela do Palácio Apostólico do Vaticano, antes da oração mariana, o Pontífice comentou, como de costume, o Evangelho do v Domingo da Quaresma (Jo 12, 20-33). Eis a sua meditação.
Queridos irmãos e irmãs,
bom dia!
Hoje, quinto domingo da Quaresma, enquanto nos aproximamos da Semana Santa, Jesus diz-nos algo de importante no Evangelho (cf. Jo 12, 20-33): que na Cruz veremos a sua glória e a do Pai (cf. vv. 23.28).
Mas como é possível que a glória de Deus se manifeste precisamente ali, na Cruz? Poder-se-ia pensar que isto acontece na ressurreição, não na cruz, que é uma derrota, um fracasso! Pelo contrário, hoje Jesus, falando da sua paixão, diz: «Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado» (v. 23). O que nos quer dizer?
Quer dizer-nos que a glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade; a glória, para Deus, não tem nada de autorreferencial, não é uma exibição grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até ao ponto de dar a vida. Glorificar-se, para ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor. E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, precisamente ali, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos a vida e perdoando os seus crucificadores.
Irmãos e irmãs, da Cruz, “cátedra de Deus”, o Senhor ensina-nos que a verdadeira glória, aquela que nunca tem fim e que nos torna felizes, é feita de dom e perdão. Dom e perdão são a essência da glória de Deus. E são para nós o caminho da vida. Dom e perdão: critérios muito diferentes dos que vemos à nossa volta, e também em nós, quando pensamos na glória como algo a receber e não a dar; como algo a possuir e não a oferecer. Não, a glória mundana passa e não deixa alegria no coração; nem conduz ao bem de todos, mas à divisão, à discórdia, à inveja.
Assim, podemos perguntar-nos: qual é a glória que desejo para mim, para a minha vida, que sonho para o meu futuro? A de impressionar os outros com as minhas proezas, as minhas capacidades, as coisas que possuo? Ou o caminho do dom e do perdão, o caminho de Jesus Crucificado, o caminho de quem não se cansa de amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz resplandecer a beleza da vida? Que glória quero eu para mim? Pois recordemos que, quando doamos e perdoamos, a glória de Deus resplandece em nós. Precisamente nisto: quando doamos e perdoamos.
A Virgem Maria, que seguiu Jesus com fé na hora da Paixão, nos ajude a ser reflexos vivos do amor de Jesus.
No final do Angelus, o Papa alegrou-se pela libertação de alguns sequestrados no Haiti, pedindo a libertação também dos que ainda estão sequestrados, e depois apelou pela paz nos vários lugares do mundo marcados por conflitos. Por fim, saudou os presentes, dirigindo-se em particular aos participantes na Maratona de Roma, muitos dos quais integraram as «estafetas solidárias» promovidas pela Athletica Vaticana, tornando-se testemunhas de partilha.
Amados irmãos e irmãs!
Recebi com alívio a notícia de que um professor e quatro dos seis religiosos do Instituto Frères du Sacré-Cœur raptados no passado dia 23 de fevereiro foram libertados no Haiti. Apelo à libertação, o mais rapidamente possível, dos outros dois religiosos e de todos aqueles que ainda se encontram sequestrados naquele amado país, provado por tanta violência. Convido todos os atores políticos e sociais a abandonar qualquer interesse particular e empenhar-se num espírito de solidariedade na busca do bem comum, apoiando uma transição pacífica para um país que, com a ajuda da comunidade internacional, seja dotado de sólidas instituições capazes de restabelecer a ordem e a tranquilidade entre os seus cidadãos.
Continuemos a rezar pelas populações martirizadas pela guerra, na Ucrânia, na Palestina e em Israel, no Sudão. E não esqueçamos a Síria, um país que sofre há tanto tempo com a guerra.
Saúdo todos vós que viestes de Roma, de Itália e de muitas partes do mundo. Saúdo, em particular, os estudantes espanhóis da rede de residências universitárias “Camplus”, os grupos paroquiais de Madrid, Pescara, Chieti, Locorotondo e da paróquia de San Giovanni Leonardi em Roma. Saúdo a Cooperativa Sociale San Giuseppe de Como, as crianças de Perugia, os jovens de Bolonha a caminho da Profissão de Fé, os crismandos de Pavia, Iolo di Prato e Cavaion Veronese.
Acolho com alegria os participantes na Maratona de Roma, tradicional festa do desporto e da fraternidade. Também este ano, por iniciativa da Athletica Vaticana, muitos atletas estão a participar nas “estafetas da solidariedade”, tornando-se testemunhas de partilha.
E desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!