· Cidade do Vaticano ·

No Angelus o Papa manifestou preocupação e tristeza pela grave crise que atinge a ilha

Todos contribuam para a paz e a reconciliação no Haiti

Pope Francis addresses the crowd from the window of the apostolic palace overlooking St.Peter's ...
14 março 2024

A proximidade ao Haiti, atingido por uma «grave crise», sobretudo por causa dos «episódios de violência ocorridos nos últimos dias», e a esperança de paz para a República Democrática do Congo, a Ucrânia e a Terra Santa: assim se exprimiu o Papa no final do Angelus recitado a 10 de março, com os quinze mil fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social. Ao meio-dia, da janela do Palácio apostólico, o Sumo Pontífice introduziu a oração mariana, comentando o Evangelho do quarto domingo da Quaresma.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Neste quarto domingo da Quaresma, o Evangelho apresenta-nos a figura de Nicodemos (cf. Jo 3, 14-21), fariseu, «um dos chefes dos judeus» (Jo 3, 1). Ele viu os sinais que Jesus realizava, reconheceu nele um mestre enviado por Deus e foi ao seu encontro de noite, para não ser visto. O Senhor acolheu-o, dialogou com ele e revelou-lhe que não tinha vindo para condenar, mas para salvar o mundo (cf. v. 17). Detenhamo-nos a refletir sobre isto: Jesus não veio para condenar, mas para salvar. É belo!

Muitas vezes, no Evangelho, vemos Cristo revelar as intenções das pessoas que encontra, por vezes desmascarando as suas atitudes falsas, como no caso dos fariseus (cf. Mt 23, 27-32), ou fazendo-as refletir sobre a desordem da sua vida, como no caso da Samaritana (cf. Jo 4, 5-42). Perante Jesus não há segredos: Ele lê no coração, no coração de cada um de nós. E esta capacidade pode ser perturbadora porque, se for mal utilizada, prejudica as pessoas, expondo-as a julgamentos sem misericórdia. Pois ninguém é perfeito, todos somos pecadores, todos erramos, e se o Senhor usasse o conhecimento das nossas fraquezas para nos condenar, ninguém poderia salvar-se.

Mas não é assim. Pois ele não o utiliza para nos apontar o dedo, mas para abraçar a nossa vida, para nos libertar dos pecados e para nos salvar. Jesus não está interessado em julgar-nos nem em submeter-nos a sentenças; Ele não quer que nenhum de nós se perca. O olhar do Senhor sobre cada um de nós não é um farol ofuscante que nos deslumbra e nos coloca em dificuldade, mas o brilho suave de uma lâmpada amiga, que nos ajuda a ver o que há de bom em nós e a aperceber-nos do que há de mau, para nos convertermos e curarmos com o apoio da sua graça.

Jesus não veio para condenar, mas para salvar o mundo. Pensemos em nós, que tantas vezes condenamos os outros; tantas vezes gostamos de coscuvilhar, de procurar mexericos contra os outros. Peçamos ao Senhor que nos conceda a todos este olhar de misericórdia, de olhar para os outros como Ele olha para todos nós.

Que Maria nos ajude a desejar o bem uns dos outros.

Depois do Angelus, Francisco assegurou a proximidade a todas as mulheres, no dia seguinte ao Dia internacional a elas dedicado, e lançou apelos para o Haiti, a República Democrática do Congo, a Ucrânia e a Terra Santa. Dirigiu também bons votos aos muçulmanos para o início do Ramadão e saudou os grupos presentes.

Queridos irmãos e irmãs!

Há dois dias celebrámos o Dia internacional da mulher. Gostaria de vos dirigir um pensamento e exprimir a minha proximidade a todas as mulheres, especialmente àquelas cuja dignidade não é respeitada. Há ainda muito trabalho a ser feito por cada um de nós para que a igual dignidade das mulheres seja concretamente reconhecida. São as instituições, sociais e políticas, que têm o dever fundamental de proteger e promover a dignidade de cada ser humano, oferecendo às mulheres, portadoras de vida, as condições necessárias para poderem aceitar o dom da vida e assegurar aos seus filhos uma existência digna.

Acompanho com preocupação e tristeza a grave crise que atinge o Haiti e os episódios de violência ocorridos nos últimos dias. Estou próximo da Igreja e do querido povo haitiano, que sofre há anos. Convido-vos a rezar, por intercessão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, pelo fim de qualquer tipo de violência e para que todos ofereçam o seu contributo para fazer crescer a paz e a reconciliação no país, com o renovado apoio da comunidade internacional.

Esta tarde, os irmãos e irmãs muçulmanos iniciam o Ramadão: exprimo a minha proximidade a todos eles.

Saúdo todos vós que viestes de Roma, de Itália e de muitas partes do mundo. Saúdo, em particular, os estudantes do Colégio Irabia-Izaga de Pamplona, os peregrinos de Madrid, Múrcia, Málaga e os de St. Mary’s Plainfield — New Jersey.

Saúdo as crianças da Primeira Comunhão e da Crisma da paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe e de São Filipe Mártir em Roma; os fiéis de Reggio Calabria, Quartu Sant’Elena e Castellamonte.

Acolho com afeto a comunidade católica da República Democrática do Congo em Roma. Rezemos pela paz nesse país, assim como na martirizada Ucrânia e na Terra Santa. Que cessem o mais depressa possível as hostilidades que causam imenso sofrimento entre a população civil.

Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!