![Displaced people from the province of Cabo Delgado walk through the streets of Namapa, Erati ... Displaced people from the province of Cabo Delgado walk through the streets of Namapa, Erati ...](/content/dam/or/images/pt/2024/03/010/varobj23531835obj2035841.jpg/_jcr_content/renditions/cq5dam.thumbnail.cropped.500.281.jpeg)
Agrava-se a crise humanitária em Cabo Delgado, no nordeste de Moçambique, depois que uma recente onda de violências por parte de grupos armados não estatais obrigou mais 100.000 pessoas — incluindo 61.000 crianças — a fugir em busca de segurança. Trata-se da maior deslocação nos últimos 18 meses, denunciou numa nota a organização humanitária Save the Children.
Particularmente atingidos pelas violências são os distritos de Macomia, Chiure, Mecufi, Metuge, Mocímboa da Praia, Quissanga, Muidumbe e Ibo, onde foram destruídas inteiras áreas residenciais, bem como estruturas religiosas e comunitárias, escolas e centros de saúde. A destruição na província de Cabo Delgado (rica em gás, na fronteira com a Tanzânia), agravou a já desastrosa situação humanitária em Moçambique, também a braços com os efeitos dramáticos das mudanças climáticas.
As violências e os repetidos conflitos entre as forças militares governamentais e os grupos armados jihadistas, que têm um impacto devastador em termos de vidas humanas, duram há sete anos e não se vê o seu fim. «São constantes as denúncias de decapitações e raptos, com muitas crianças entre as vítimas», referiu Save the Children. Os grupos armados ativos em Cabo Delgado dependem em geral de um grupo de inspiração jihadista chamado Ahlu al-Sunnah Wal-Jamaah (Aswj), localmente conhecido como al-Shabaab, homónimo da organização somali, à qual contudo não está ligado. O grupo afiliou-se ao autodenominado Estado islâmico ( ei ) em 2019. Até agora, os combates já deslocaram 540.000 pessoas, mais de metade das quais são menores, de acordo com as últimas estimativas oferecidas pela Organização internacional para as migrações ( oim ). Os menores também são raptados e teme-se que os jihadistas os tenham destinado a campos de treino para depois ser usados como crianças-soldado.