«Que se reencontre aquele pouco de humanidade para criar as condições de uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura» na Ucrânia: este foi o apelo do Papa Francisco no Angelus de 25 de fevereiro, um dia depois do segundo aniversário do início da guerra em grande escala no país europeu. Falando ao meio-dia da janela do Palácio apostólico do Vaticano, o Pontífice introduziu a oração mariana — recitada com cerca de vinte mil fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação social — comentando o Evangelho do segundo domingo da Quaresma, centrado no episódio da Transfiguração de Jesus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste segundo domingo da Quaresma apresenta-nos o episódio da Transfiguração de Jesus (cf. Mc 9, 2-10).
Depois de ter anunciado a sua paixão aos discípulos, Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João, sobe a uma alta montanha e ali manifesta-se fisicamente em toda a sua luz. Assim, revela-lhes o significado do que tinham vivido juntos até àquele momento. A pregação do Reino, o perdão dos pecados, as curas e os sinais realizados eram, de facto, centelhas de uma luz maior: a luz de Jesus, a luz que é Jesus. E desta luz os discípulos nunca mais devem desviar o olhar, sobretudo nos momentos de provação, como os já próximos da Paixão.
Eis a mensagem: nunca mais desviar os olhos da luz de Jesus. Um pouco como faziam antigamente os agricultores que, ao lavrar os campos, fixavam o olhar num ponto preciso à sua frente e, mantendo os olhos fixos na meta, traçavam sulcos retos. É isto que nós, cristãos, somos chamados a fazer no caminho da vida: ter sempre diante dos olhos o rosto resplandecente de Jesus, nunca desviar os olhos de Jesus.
Irmãos e irmãs, abramo-nos à luz de Jesus! Ele é amor, Ele é vida sem fim. Ao longo dos caminhos da existência, por vezes tortuosos, procuremos o seu rosto, cheio de misericórdia, de fidelidade, de esperança. Ajudam-nos a fazê-lo a oração, a escuta da Palavra e os Sacramentos: a oração, a escuta da Palavra e os Sacramentos ajudam-nos a manter o olhar fixo em Jesus. E este é um bom objetivo para a Quaresma: cultivar olhares abertos, tornarmo-nos “buscadores de luz”, buscadores da luz de Jesus na oração e nas pessoas.
Perguntemo-nos então: no meu caminho, mantenho o olhar fixo em Cristo que me acompanha? E, para o fazer, dou lugar ao silêncio, à oração, à adoração? Por fim, procuro cada raio de luz de Jesus, que se reflete em mim e em cada irmão e irmã que encontro? E lembro-me de agradecer ao Senhor por isto?
Maria, resplandecente com a luz de Deus, nos ajude a manter o olhar fixo em Jesus e a olharmos uns aos outros com confiança e amor.
Após o Angelus, depois de ter recordado o aniversário da guerra na Ucrânia, evocou também outros países «devastados pela guerra», como Israel e a Palestina. Depois, falou sobre a violência na República Democrática do Congo e dos demasiados raptos na Nigéria. Antes de se despedir dos grupos presentes, manifestou a sua proximidade à população da Mongólia, atingida por um frio extremo, sinal da atual crise climática.
Amados irmãos e irmãs!
Ontem, 24 de fevereiro, recordámos com tristeza o segundo aniversário do início da guerra em grande escala na Ucrânia. Tantas vítimas, feridos, destruição, angústia, lágrimas, num período que se está a tornar terrivelmente longo e cujo fim ainda não se entrevê! É uma guerra que não está apenas a devastar aquela região da Europa, mas a desencadear uma onda global de medo e ódio. Ao mesmo tempo que renovo o meu profundo afeto pelo martirizado povo ucraniano e rezo por todos, especialmente pelas numerosas vítimas inocentes, suplico que se reencontre aquele pouco de humanidade que permita criar as condições para uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura. E, irmãos e irmãs, não nos esqueçamos de rezar pela Palestina, por Israel e pelos muitos povos devastados pela guerra, e de ajudar concretamente quantos sofrem! Pensemos no tanto sofrimento, pensemos nas crianças feridas, inocentes.
Acompanho com preocupação o aumento das violências na parte oriental da República Democrática do Congo. Uno-me ao apelo dos Bispos a rezar pela paz, esperando que se ponha fim aos combates e se procure um diálogo sincero e construtivo.
Os raptos cada vez mais frequentes na Nigéria são motivo de preocupação. Exprimo a minha proximidade na oração ao povo nigeriano, esperando que sejam feitos esforços para conter, na medida do possível, a propagação destes episódios.
Estou também próximo da população da Mongólia, atingida por uma vaga de frio intenso, que está a ter graves consequências humanitárias. Este fenómeno extremo é também um sinal das alterações climáticas e dos seus efeitos. A crise climática é um problema social global, que afeta profundamente a vida de muitos irmãos e irmãs, especialmente os mais vulneráveis: rezemos por escolhas sábias e corajosas que contribuam para o cuidado da criação.
Saúdo-vos, fiéis de Roma e de várias partes do mundo, de modo particular os peregrinos de Jaén (Espanha), os jovens greco-católicos romenos de Paris, as Comunidades neocatecumenais da Polónia, da Roménia e da Itália.
Saúdo o Pontifício Seminário Inter-Regional Campano de Posillipo, o Secretariado do Fórum Internacional da Ação Católica, os Escuteiros de Paliano e os Crismandos de Lastra Signa, Torre Maina e Gorzano.
Saúdo também a Federação Italiana de Doenças Raras, o Círculo Cultural “Reggio Ricama”, os membros do Movimento não violento e os voluntários da Associação n.o.e.t.a.a . E saúdo os jovens da Imaculada.
Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!