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Caminho de esperança e compromisso pela paz e pela dignidade humana

 Caminho de esperança e compromisso  pela paz e pela dignidade humana  POR-008
22 fevereiro 2024

As intenções de oração do Papa Francisco para o ano de 2025 estão em continuidade com os seus ensinamentos e a sua constante preocupação com os desafios da humanidade e a missão da Igreja nos últimos anos, mas podemos considerá-las à luz do Ano Santo, que será celebrado com o tema: «Peregrinos de esperança». Estas intenções refletem o seu desejo de um mundo mais justo, mais compassivo e mais fiel ao Evangelho.

O ano começa com os migrantes e os refugiados, um desafio para a humanidade que o Papa Francisco nos recorda constantemente e que hoje é muitas vezes visto como uma ameaça. O Santo Padre tem realçado muitas vezes a importância do acolhimento, da proteção, da promoção e da integração dos migrantes e dos refugiados, nomeadamente no que diz respeito ao seu direito fundamental à educação. Em janeiro de 2025, o Papa insiste neste ponto: a importância da educação para garantir a construção de um mundo melhor. Isto reflete a sua visão de uma sociedade que constrói pontes, não muros, e que vê em cada pessoa deslocada não um fardo, mas um irmão ou irmã a acolher.

A utilização das novas tecnologias é outra área de interesse para o Papa Francisco, que advertiu contra a substituição das relações humanas por interações virtuais. O Papa encoraja uma utilização da tecnologia que promova a dignidade humana e ajude a responder às crises atuais, sobretudo facilitando a comunicação e a educação. Por este motivo, um mês é dedicado também à formação no discernimento, essencial para navegar num mundo complexo. O Papa Francisco tem falado muitas vezes da necessidade de discernir o nosso caminho pessoal e coletivo para «escolher os percursos da vida e rejeitar tudo o que nos afasta de Cristo e do Evangelho».

Neste Jubileu da Esperança, ele convida a rezar e agir para tornar a sociedade mais humana e apela à mobilização no respeitante às condições de trabalho, que levantam questões sobre a dignidade humana na economia moderna. O Papa tem criticado frequentemente as condições de trabalho injustas e exortado a um modelo económico que promova o desenvolvimento humano integral, permitindo que cada pessoa se realize e que as famílias possam viver com dignidade.

No ano de 2025, o Papa convida-nos também a refletir sobre as vocações sacerdotais e religiosas e pede à comunidade eclesial que acolha os desejos e as dúvidas dos jovens que sentem o chamamento para servir a missão de Cristo. As famílias em crise e a prevenção do suicídio são também profundas preocupações pastorais do Papa Francisco, que invoca a misericórdia, o apoio comunitário e a cura das feridas emocionais e espirituais. Ele expressa a sua proximidade aos que sofrem nestas situações difíceis e frisa a importância do acompanhamento psicológico e espiritual.

Perante as várias ameaças e medos que se insinuam nas nossas sociedades, diante da tentação de confrontos por razões étnicas, políticas, religiosas ou ideológicas, o Papa Francisco dedica vários meses à oração: pela convivência pacífica, pelos cristãos que vivem em contextos de conflito, pela colaboração entre diferentes tradições religiosas, o que reflete o seu incansável empenho no diálogo inter-religioso e na paz. Em outubro de 2025, celebraremos o 60º aniversário da Exortação apostólica Nostra aetate. O Papa Francisco espera que os crentes de diferentes tradições religiosas possam e devam trabalhar em conjunto para promover a paz, a justiça e a fraternidade humana. Por isso, não surpreende que, neste contexto, junho, o mês do Coração de Jesus, seja dedicado a pedir a graça de crescer na compaixão pelo mundo. O Jubileu do Coração de Jesus — que começou a 27 de dezembro de 2023, por ocasião do 350º aniversário das aparições a Santa Margarida Maria Alacoque em Paray-le-Monial e tem como tema «Dar amor por amor» — terminará em junho de 2025. E em setembro, inspirados por São Francisco, de quem celebraremos o 800º aniversário do Cântico das criaturas, somos convidados a reconciliar-nos com toda a Criação e com as suas criaturas «amadas por Deus e dignas de amor e respeito».

As intenções de oração do Papa são como uma bússola para a missão. Francisco convida-nos a enfrentar estes desafios da humanidade e a missão da Igreja, não só através da oração, mas também com gestos concretos. Estas intenções são muitos aspetos de um único e mesmo desafio: viver autenticamente o Evangelho no mundo de hoje. É uma missão confiada a todos os fiéis para construir uma Igreja que seja verdadeiramente sinal de compaixão e de esperança no mundo.

*Diretor internacional da Rede mundial
de oração do Papa

Frederic Fornos *