«Os direitos humanos fundamentais são violados todos os dias nas zonas de guerra», denunciou o Papa no final do Angelus de 11 de fevereiro, Dia mundial do doente. Falando ao meio-dia da janela do Palácio apostólico do Vaticano, como de costume, o Pontífice introduziu a recitação da oração mariana com os vinte mil fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o seguiam através dos meios de comunicação social, comentando o Evangelho dominical, centrado no episódio em que Jesus cura um doente de lepra (Mc 1, 40-45).
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje apresenta-nos a cura de um leproso (cf. Mc 1, 40-45). Ao doente, que o suplica, Jesus responde: «Eu quero, fica limpo!» (v. 41). Pronuncia uma frase muito simples, que põe logo em prática. De facto, «imediatamente a lepra o deixou e ficou limpo» (v. 42). É este o estilo de Jesus com aqueles que sofrem: poucas palavras e factos concretos.
Muitas vezes, no Evangelho, vemo-lo comportar-se assim com os que sofrem: surdos-mudos (cf. Mc 7, 31-37), paralíticos (cf. Mc 2, 1-12) e muitos outros necessitados (cf. Mc 5). Ele faz sempre assim: fala pouco e as palavras são imediatamente seguidas de ações: inclina-se, pega pela mão, cura. Não se prolonga em discursos ou interrogatórios, muito menos em pietismos e sentimentalismos. Pelo contrário, mostra a delicada modéstia de quem escuta com atenção e age com solicitude, de preferência sem dar nas vistas.
É uma forma maravilhosa de amar, e como é bom que a imaginemos e assimilemos! Pensemos também em quando encontramos pessoas que se comportam assim: sóbrias nas palavras, mas generosas nas ações; relutantes em exibir-se, mas prontas a tornar-se úteis; eficazes na ajuda porque estão dispostas a ouvir. Amigos e amigas aos quais se pode dizer: “Queres ouvir-me?”, “Queres ajudar-me?”, com a confiança de ouvir uma resposta, quase com as palavras de Jesus: “Sim, quero, estou aqui para ti, para te ajudar!”. Esta concretitude é ainda mais importante num mundo, como o nosso, em que parece ganhar terreno uma virtualidade evanescente das relações.
Escutemos, pelo contrário, como nos provoca a Palavra de Deus: «Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes serve isso?» (Tg 2, 15-16). É isto que diz o apóstolo Tiago. O amor precisa de concretitude, o amor precisa de presença, o amor precisa de um encontro, o amor precisa de tempo e de espaço dados: não pode ser reduzido a palavras bonitas, a imagens num ecrã, a selfies de um momento ou a mensagens apressadas. São instrumentos úteis, que podem ajudar, mas não são suficientes para o amor, não podem substituir a presença concreta.
Perguntemo-nos hoje: sou capaz de escutar as pessoas, estou disponível para os seus bons pedidos? Ou invento desculpas, procrastino, escondo-me atrás de palavras abstratas e inúteis? Concretamente, quando foi a última vez que fui visitar uma pessoa sozinha ou doente — cada um responda no seu coração — ou quando foi a última vez que mudei os meus planos para ir ao encontro das necessidades de quem me pediu ajuda?
Maria, solícita no cuidado, nos ajude a sermos prontos e concretos no amor.
Depois da prece mariana, o Papa recordou a canonização da «Mama Antula» e a celebração do Dia mundial do doente, por ocasião da memória da Bem-Aventurada Virgem Maria de Lourdes, lançando um apelo a favor do direito à assistência aos pobres e aos que vivem em regiões de guerra.
Foi canonizada hoje María Antonia de Paz y Figueroa, uma santa argentina. Aplaudamos a nova santa!
Hoje, em memória da Bem-Aventurada Virgem de Lourdes, celebramos o Dia Mundial do Doente, que este ano chama a atenção para a importância das relações na doença. A primeira coisa de que precisamos quando estamos doentes é a proximidade dos nossos entes queridos, dos profissionais de saúde e, no nosso coração, a proximidade de Deus. Todos nós somos chamados a estar próximos de quem sofre, a visitar os doentes, como Jesus nos ensina no Evangelho. É por isso que hoje desejo exprimir a minha proximidade e a de toda a Igreja a quantos estão doentes ou fragilizados. Não esqueçamos o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura.
Mas neste Dia, irmãos e irmãs, não podemos silenciar o facto de que há tantas pessoas hoje a quem é negado o direito aos cuidados médicos e, portanto, o direito à vida! Penso em quantos vivem na pobreza extrema; mas penso também nos territórios de guerra: neles, os direitos humanos fundamentais são violados todos os dias! É intolerável. Rezemos pela martirizada Ucrânia, pela Palestina e por Israel, rezemos por Myanmar e por todos os povos martirizados pela guerra.
Saúdo todos vós, romanos e peregrinos de vários países. Saúdo, em particular, os fiéis de Moral de Calatrava e de Burgos (Espanha), os de Brasília e de Portugal; o Coro e a Orquestra Juvenil de Mostar; a Escola de Vila Pouca de Aguiar (Portugal).
Saúdo os fiéis de Enego e Rogno, os voluntários do Santuário de Sant’Anna di Vinadio, o Coro de Eraclea e a Associação Santa Paola Frassinetti de San Calogero. Saúdo os jovens de Lodi, Petosino e Torri di Quartesolo; os crismandos de Malta, Lallio e Almenno San Salvatore; os alunos do Instituto Salesiano “Sant’Ambrogio” de Milão e do Coretto Bimbi de Piovene Rocchette; e também o grupo “Radio Mater”, por ocasião do seu 30º aniversário.
Desejo a todos bom domingo. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista.