· Cidade do Vaticano ·

Em Gaza a história de uma menina que nasce enquanto a mãe morre devido aos bombardeamentos

Mulheres tecelãs de paz

 Mulheres tecelãs de paz  POR-004
25 janeiro 2024

«Quem fere uma mulher profana Deus»: foram estas as palavras proferidas pelo Papa Francisco durante a homilia da missa para o Dia mundial da paz, a 1 de janeiro.

Pensei nestas palavras ao ler um recente relatório da onu : desde 7 de outubro, em Gaza, foram mortas duas mulheres por hora e 70% dos mortos são mulheres e crianças.

No sábado (20 de janeiro, ndr), uma mulher grávida ficou gravemente ferida durante um bombardeamento; os médicos conseguiram fazer nascer a menina, mas a mãe morreu. Lembrei-me das palavras do Papa: «... profana Deus, porque nascido de mulher». Maria Santíssima foi o elo entre a terra e o céu: escutou e aceitou a vontade de Deus, aceitou as suas consequências, foi uma mãe atenta, discreta e sofredora. Que exemplo e que modelo para todas as mulheres, crentes e não crentes, mães e consagradas!

O Santo Padre chama-nos muitas vezes a respeitar o papel da mulher, tanto na Igreja como na sociedade civil. Estou convencido de que as mulheres, com a sua força interior e a sua dedicação ao próximo, são indispensáveis para construir a paz no mundo. Vejo nas mulheres a determinação de quem não conhecem o egoísmo, de quem se preocupa com todos os aspetos da vida em comum, de quem escolhe sabiamente o bem para melhorar a si mesmo e ao próximo. Devemos deixar-nos guiar pelo coração das mães e das mulheres que fitam a humanidade com olhar atento e silencioso, que oferecem o seu sofrimento pelo bem dos outros, que pressentem as necessidades e as previnem com total dedicação. Por graça de Deus, tive a minha mãe como exemplo de mulher de fé, que no silêncio e no sacrifício dedicou a sua vida aos filhos, à família e aos pobres.

As mulheres são capazes de ser tecelãs de paz, não se resignam ao mal, procuram curar e proteger, sabem gerir os recursos e as relações, não fazem faltar o verdadeiro amor, o amor que não morre de indiferença ou de esquecimento. Aquele amor que o Senhor não deixará faltar àquela menina de Gaza, nascida já órfã, mas com a força absorvida no ventre da mãe, que a acolheu e amou antes de a ver e de a poder estreitar nos seus braços. Não esqueçamos estas vítimas inocentes, os mortos e os sobreviventes, não esqueçamos o amor das mães e a força das mulheres. Respeitemos, protejamos e defendamos a dignidade das mulheres para tornar esta humanidade melhor e para derrotar o ódio e a violência.

*Vigário da Custódia da Terra Santa

ibrahim faltas *