· Cidade do Vaticano ·

Aos Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo

Apóstolos de simpatia e verdade

 Apóstolos  de simpatia e verdade  POR-004
25 janeiro 2024

Ser «apóstolos de simpatia e verdade», exortou o Papa Francisco no discurso aos Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo, recebidos em audiência na manhã de 11 de janeiro, na sala do Consistório.

Estimados irmãos
bom dia e bem-vindos!

Dou as boas-vindas a vós, que sois uma numerosa representação do Instituto Secular dos Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo, fundado pelo padre Agostino Gemelli em 1953, há pouco mais de 70 anos. Entre vós está hoje um confrade africano, porque nos últimos tempos os novos membros são sobretudo presbíteros da Guiné, Burundi, Ruanda e de outros países africanos. E no Burundi instituístes um Centro de formação intitulado a D. Courtney, Núncio Apostólico assassinado naquele país. Além disso, contais com alguns associados na Alemanha e na Polónia.

Agradeço-vos porque este encontro me oferece a oportunidade de ressaltar o valor da secularidade na vida e no ministério dos presbíteros. Com efeito, secularidade não é sinónimo de laicidade. A secularidade constitui uma dimensão da Igreja, chamada a servir e a dar testemunho do Reino de Deus neste mundo. E a consagração radicaliza esta dimensão, que claramente não é a única, mas é complementar da escatológica. A Igreja, cada batizado, está no mundo, vive para o mundo, mas não é do mundo.

Por conseguinte, se a secularidade é uma dimensão da Igreja, tanto os leigos como os clérigos são chamados a vivê-la e a manifestá-la, embora de modo diferente. Cada um realiza-a segundo a própria condição, na linha do mistério da Encarnação. Ao longo destas décadas vós, sacerdotes, percorrestes o vosso caminho, experimentando esta vossa identidade “no terreno”, enriquecidos também pelo confronto com as irmãs Missionárias e os irmãos Missionários da Realeza de Cristo.

Sois sacerdotes diocesanos e desejais participar plenamente no presbitério, em comunhão com o Bispo e com os confrades. O Instituto ajuda-vos nisto. Fá-lo em conformidade com o carisma franciscano, que é da menoridade: forma-vos assim para o serviço humilde, disponível e fraterno. E fá-lo segundo o modelo da Realeza de Cristo, que consiste em servir, em doar-se com generosidade, em pagar pessoalmente, na solidariedade para com os pobres e os deserdados. Realeza e menoridade: em Cristo são uma coisa só, e São Francisco dá testemunho disto.

Gosto de uma expressão da vossa oração ao Sagrado Coração de Jesus, onde se lê: «Fazei com que sejamos solidários e amigos do povo, apóstolos de simpatia e verdade, a fim de que o Evangelho se torne coração do mundo». “Apóstolos de simpatia e verdade”. Uma bonita expressão, que repetis todos os dias para confirmar o vosso voto de apostolado, persuadidos de que, unidos a Cristo no Espírito Santo, sois apóstolos sobretudo com a vossa humanidade, com aquelas virtudes humanas descritas pelo Concílio Vaticano ii : sinceridade, respeito pela justiça, fidelidade à palavra dada, gentileza, discrição, firmeza de espírito, ponderação, retidão (cf. Decr. Optatam totius, 11).

Diletos irmãos, a fidelidade a esta vossa vocação vos preserve de duas tendências, hoje muito difundidas, até entre os sacerdotes: a autorreferencialidade e a mundanidade. Nenhum de nós está totalmente imune a elas. É preciso reconhecer isto e reagir com a graça do Senhor. Que do Céu vos amparem e acompanhem Nossa Senhora e São Francisco de Assis. Abençoo todos vós de coração. E peço-vos que oreis por mim. Obrigado!